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MÊS ABR 2013 - DIAS 06 - 13 - 20 - 27 (Textos publicados na minha Coluna 'ESCREVER... É ARTE'.)

A NOSSA LEITURA (27/04/2013)

Outro dia comprometi-me a escrever sobre o hábito de ler, mas os dias se passaram e agora tento colocar em prática o que prometi. Claro que o tempo urge, mas tirei um espaço desse dia maravilhoso e cá estou a fazer. Demorei? Talvez, mas nunca é tarde para escrever sobre.

A pergunta que me foi enviada: como desenvolver no aluno o gosto pelo ato de ler (não apenas nos alunos, mas de modo geral) - e leitura dos livros tidos como clássicos de nossa literatura (brasileira e portuguesa), e indo um pouco mais longe, os clássicos universais. Pensei, questionei-me e vou escrever um pouco o que penso - aliás, o que está mostrando resultado.

Deixo claro que não finco minhas palavras a partir de teorias (de pesquisas); leio muitas coisas que me caem às mãos, aproveito o que me é útil, assim como você que está a ler este meu texto, aproveite o que você acha que é útil - o que não achar, ignore - é o melhor a se fazer.

Leitura, como sabemos, precisa-se de hábito - assim como em qualquer modalidade esportiva se quiser alcançar o pódio. Mas como desenvolver? Leve para a sala de aula livros dos mais variados tipos de nossa literatura (e até mesmo livros de escritores estrangeiros - traduzidos) e coloque alguns clássicos no meio. Poucos se interessarão por estes, mas à medida que você notar que um ou dois alunos estão lendo tais 'monumentos', procure falar algo sobre estes (comentário da obra). Ou, ainda, proponha a trazer comentários sobre o livro - monte um painel sobre os tais livros, justifique 'livremente' que são livros pedidos em Vestibular. Tais livros trazem ideias de vida em seus conteúdos e nos transportam a épocas que só a linguagem literária - através das mãos de construtores das palavras - poderia nos levar. São registros que o tempo não apaga.

Falar em Vestibular em Escola Pública é terrível, poucos acreditam que chegarão a galgar este espaço, pois pelo grau de poder financeiro que possuem - mas deixe claro que tudo é possível, basta querer, correr atrás, se esforçar.

Incentive-os a ler um pouco por dia, no mínimo dez minutos. Os atletas treinam todos os dias - e sempre com um único objetivo. Levando livros você constrói caminhos. Outro dia descobri um aluno que gosta de ler (mas não gosta de escola, de aula de Português - menos ainda) - mas sei que tenho que repensar a aula para ele - não só para ele, mas para outros que também estão na mesma situação que descobri a partir do fato acontecido naquele momento.

Ler os clássicos não é fácil, será que todos lemos? Sei de uma grande parcela que ainda não leu todos - e estou dentro. Outro dia ouvi que não leremos todos durante a nossa caminhada, e alguns não nos farão falta. E, como exigir de nossos pupilos? Sabemos de muitos assuntos, estudamos em livros apropriados para isso - mas também temos que ter a consciência do grau de dificuldade de cada um.

Gostaria de falar mais - de ter saídas, mas também estou a procura de novas saídas. Só realço que as ideias aqui citadas, claro que são poucas, são a partir de minhas experiências vividas. Ah! Antes que me esqueça: visitar a biblioteca da escola, ou municipal, cria-se também o gosto, o hábito. E se faz necessário deixá-los tocar com toda vontade, pois assim ficam mais perto.

Professor, ou caro leitor, lembre-se: não cobre 'nota' da leitura de nenhum livro - ler tem que ser por prazer! Peça, apenas, para que façam comentários - se possível, para os amigos do ambiente escolar. Pense nisto!

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 27/04/2013 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.        

CENAS DOS MEUS PENSAMENTOS (20/04/2013)

Ao amanhecer daquele domingo levantei-me cedo, arrumei algumas coisinhas que estavam pendentes em casa, pois aquela semana fora corrida. A manhã fazia-se bonita - prometia ser um dia todo ensolarado. As minhas narinas sentiam o doce cheiro das plantas cobertas pelo orvalho fresco que estavam sendo desfeitos pelos primeiros raios de sol.

Dirigi-me à feira. Não uma simples feira, mas a feira livre de minha cidade, com seus encantamentos e desencantos, suas idas e vindas de transeuntes apressados, acompanhado do burburinho costumeiro e, vez ou outra um feirante dando um anúncio em voz mais alta. No final da feira livre, ou, por outra perspectiva, no início, lá estava ela: uma mulher num longo vestido azul, de fala mansa, prometia a toda gente a sorte grande.

E que sorte grande seria esta? Ou, será que cada um acreditava na sorte grande que gostaria de acreditar? Alguns se aproximavam, outros a olhavam com desdém e passavam de largo. As mãos dos que paravam a ouvi-la, saíam trêmulas - desacreditados, ou não? Ela, lá no fundo do seu íntimo, não tinha convicção da sorte que oferecia: como fazê-la aos outros se a si mesmo nada conseguia?

Perambulei, sem direção, pela feira livre. Adorava esse passeio matinal. Revia amigos de longa data, conhecia, através destes, outros - é o ciclo da vida. Adorava sentir nas narinas o cheiro de tudo quanto é coisa: desde um pequeno animal preso a uma corda, pronto para o abate, até ao sabor das mais variadas frutas, legumes e verduras ali presentes - e não podia esquecer o doce gosto do café há pouco torrado. As cores enchiam o meu olhar; os tons mais variados a fundir em minha mente uma mistura inigualável! Mas o que mais me atraía, na verdade, eram os seres humanos: cada um com o seu porte, cada um com o seu jeito de ser, de estar, de viver. Desde o mais simples até o mais bem vestido - todos com um intento: fazer a feira.

As horas passavam, ora velozmente, ora lentamente. E o dia caminhava. Já passava certamente das treze horas - creio eu, recostei-me num banco de uma praça próxima da feira livre. De lá passei a observar os feirantes desmanchando suas bancadas, se retirando; despediam-se com calorosos abraços, como se demorassem a se ver novamente - apenas uma semana os separavam.

Não sei por quanto tempo ali fiquei. O dia começou a fechar o seu semblante. Os últimos raios de sol que abrilhantaram todo aquele dia - davam adeus. Em breve, vestida em seu luar, ela figuraria imponente na noite: solitária, mas soberana de si. E ele, lentamente, chegava com seu carrinho - todo branco, impecável, com apenas um desenho (e nada escrito): um belíssimo cachorro-quente. Em seu fazer, era de primeiríssima qualidade e deixava toda a esquina perfumada com seu sabor. Todos já o conheciam - a cidade inteira, um dia, já tinha parado ali.

Nada vendia além do cachorro-quente e garrafinhas de refrigerante do local. Dizia vender apenas refrigerante local em forma de protesto contra grandes empresas que se apossavam da mão-de-obra baixíssima que ali era oferecida. Era simples, mas sabia muito bem discernir o que era certo e errado, melhor dizendo: o que era mais correto e o que era menos correto.

Fiquei por um pequeno espaço de tempo atento ao movimento daquela esquina - e de meus pensamentos não saíram mais: a feira livre com seu burburinho adocicado e o cachorro-quente oferecido por ele. Voltei para casa e coloquei-me a escrever... Agora é hora de dormir.

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 20/04/2013 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.         

ELA ERA ASSIM... (13/04/2013)

Na última quinta-feira, junto a um amigo que quer se tornar historiador, ou que pelo menos tem a intenção de - e mais outros que se juntaram a nós depois, passamos a verificar um pouco o arquivo que tenho: cerca de quase setecentas fotos de minha querida Araçatuba.

A saudade bateu forte: ela era assim! Ela era a jovenzinha - época das fotos; tornou-se jovem, depois jovem-senhora e começou a despontar no interior paulista. Passou por várias fases - algumas de glórias, outras nem tanto. Apelidada de nomes que trouxeram, em tempos áureos, investimentos e dignidade a este povo. Vale citar: Cidade do Boi Gordo (daqui saía a cotação da arroba do boi), Cidade do Asfalto (não se forçava tanto os amortecedores dos automóveis).

E a história não nos deixa mentir, as imagens também não. Esta, por excelência, menos que aquela. Olhar Araçatuba nascendo a partir dos trilhos, rodeada de índios (que lutavam pelo seu espaço), é maravilhoso! No mesmo sentido a cidade crescendo, os trilhos da NOB se multiplicando - e caminhando rumo a outros estados (e hoje, sem os trilhos a cortar a cidade, o rio Tietê desenvolve papel fundamental no escoamento de grãos dos estados que a NOB em seu princípio alcançou).

Continuamos a olhar minuciosamente as fotos montadas em slides. Cada um dos presentes naquela sala - moradores antigos de nossa cidade - dava um palpite sobre o lugar. As antigas torres das igrejas que estavam maravilhosamente postadas ao redor da praça Rui Barbosa: a igreja Católica e a Metodista - respectivamente com seus prédios de encher os olhos! E hoje? Ah! Nem se fala - a arquitetura foi-se para a memória, e de poucos! (Aliás, poucos conhecem a memória de nossa cidade - um dia ainda disponibilizarei parte deste arquivo.) Hoje, a Catedral nem parece realmente uma igreja! E se tratando de uma cidade com longos anos de nascimento, não temos memória arquitetônica neste sentido. Do meu ponto de vista, a igreja São João e São Judas Tadeu são as que salvam! E localizada num bairro nobre da cidade - tenho saudade do lugar que fui criado.

Outro imagem que chamou a nossa atenção foi a da praça Rui Barbosa - a que já foi chamada de a praça do Boi Gordo. Mas é preciso dizer que a nossa cidade tem a formação baseada em Paris - e a praça é a referência. Nas imagens, numa sequência interessante, a primeira mostra-a em sua formação, depois cercada de arame farpado - para os animais não adentrarem aos jardins, depois o asfalto em sua volta - a presença do 'coreto' é marcante - e não como dizem que fora reconstruído como o primeiro. Nada disso! Seguindo um pouco a frente nos anos, a atual que já passou por várias reformas e que se encontra, vamos dizer, abandonada. O poder público, que segundo algumas informações, está tomando ciência e deveria agir mais rápido - mas quanto tempo demorará para a termos de volta? Um dos marcos de nossa cidade está fechado com tapumes! Estamos próximo do fim! Realmente há motivos para os cidadãos araçatubenses se indignarem.

A antiga rodoviária - na rua 15 de Novembro - hoje totalmente de portões fechado. E a rodoviária que está em funcionamento deveria realmente funcionar - e não abrigar um edifício público: a prefeitura. O que fora, em princípio destinado a servir para outros fins, há anos abriga outro departamento. Temos uma cidade que precisa realmente de mudanças.

Um tal Hospital Modelo - verdadeiro 'elefante branco' - enfeia a entrada de nossa cidade há vários anos. Mexe-se pra cá, mexe-se para lá, governantes passam pelo poder, e ninguém resolve. E ainda se diz: alguns milhões devem ser gastos para o mesmo desaparecer do mapa. E não vou comentar aqui o que me disseram quando este apareceu!

A nossa memória vai se perdendo no tempo. Outro edifício que lembrei imediatamente foi o Hospital onde nasci: Maternidade Santa Terezinha, na rua Duque de Caxias - demolida completamente. Mas também carrega este arquivo as fases pelas quais a Santa Casa passou - desde a época que fora cercada por arame farpado até a sua ampliação.

Uma outra imagem: a passagem política do então candidato a governador: Adhemar de Barros. O poder municipal sempre teve alto valor junto aos outros poderes - e hoje ainda pleiteamos por isso. Precisamos de mais representantes nas assembléias.

E se eu fosse citar aqui passagens lembradas ali através daquelas imagens/fotografias, levaria longos parágrafos - pois descrever Araçatuba, minha terra natal, através destas decorreria um bom tempo, além de um bom espaço (e não temos para tanto) - logo, guardar na memória o que se tem e, quando possível, passar adiante, é parte do nosso trabalho como educador.

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 13/04/2013 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.          

POLÍTICAS SEMPRE POLÍTICA (06/04/2013)

Ando muito a pensar sobre políticas - e é das políticas que todos vivemos. Seja ela em que instância for - governamental, trabalhista, religiosa, na comunidade, no lar e até mesmo sexual.

Nas diferentes esferas sempre acontece de alguém sobressair mais que outros, ou seja, o espírito de liderança é notado, seguido de carisma - pois somente assim se tem o que chamamos de poder nas mãos. E é por esse poder que muitos lutam - e em algum lugar algum dia eu li que enquanto peixes pequenos brigam para sobreviver, os grandes esperam pacientemente para abocanhá-los. É assim a vida.

No âmbito governamental, seja municipal, estadual ou federal, a questão é sempre a mesma: tentar administrar, e da melhor maneira possível, os bens públicos - um velho discurso que já conhecemos de longa data. E estes bens públicos pertencem a todos, mas poucos têm acesso a eles. Lembram de nós sim, mas em épocas oportunas - principalmente dos menos favorecidos.

Prometem mundos e fundos - frase interessante, mas pouco se faz; pouco se constrói. Lemos nos jornais e revistas, ouvimos pelos rádios e tevês as promessas - promessas e mais promessas - mas na hora sabemos muito bem o que acontece, com raras exceções, pois não se deve castigar todos os homens e mulheres públicos.

E, antes de continuar, um pequeno lembrete: temos que estar atentos aos canais de comunicação, pois nem tudo que se publica pode nos oferecer a veracidade dos fatos. Logo, é interessante ouvir em vários canais de comunicação o mesmo assunto e depois tirar as conclusões. Também devemos lembrar que em tudo há os interesses dos veículos de comunicação junto aos órgãos governamentais - pois é inegável tal afirmativa, além do interesse (ou visão) de quem transmite a notícia.

Retomando, no trabalho há uma política avassaladora, às vezes punitiva, ameaçadora. Ameaçadora do ponto de vista de ser demitido. E vale lembrar, ainda, que em tempos difíceis manter-se calado é a melhor opção, isto é: manter-se no emprego.

Em políticas religiosas, independente da religião a que se tenha de defender, todas possuem as suas próprias políticas - e sempre pregando por uma busca de um Ser Superior, mas que também venha a nós o vosso reino. Interessante - um pingo, uma letra.

Nas comunidades escolares, por exemplo, acontecem as primeiras políticas, e vamos dizer: a criança já está de frente com a política a partir do Grêmio Estudantil - que na maioria das vezes não funciona - mas tem que ser eleito, é lei federal e deve ser realizado anualmente nos primeiros quarenta dias de aula. E pior: quando as crianças estão se empolgando, aparecem os dirigentes de estabelecimentos educacionais, os 'tais diretores', e cortam o que eles pretendiam fazer. Não lhes dão espaço - como estou cansado de ver. E, no final do ano, quando dizem fazer as tais avaliações da instituição para saber o que funcionou ou não, apontam o Grêmio como uma que não funcionou - por quê? Será que já se perguntaram? É melhor deixá-los pensar que acham que estão fazendo o correto. Ah! Meu Deus! Poderia citar outras atividades dentro das comunidades - como as organizações de bairros. Mas, caminhemos.

No lar existe uma política intensa: o pai tentando puxar para o lado dele, a mãe tentando puxar para o lado dela - são os filhos também tentando. Discussões contínuas: políticas que muitas vezes são necessárias; vezes acabam bem, outras vezes não. Mas somente assim que conseguem viver, ou tentam.

Finalizando, o sexo também é uma política: sexo primeiro, amor depois; amor primeiro, sexo depois - não é o que diz a canção? E assim estamos desde o tempo em que mundo é mundo - e assim vai para a eternidade. Vamos para a eternidade fazendo política - ninguém vive sem ela!

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 06/04/2013 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.           

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