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MÊS MAR 2011 - DIAS 05 - 12 - 19 - 26 (Textos publicados na minha Coluna 'ESCREVER... É ARTE'.)

VELAS COLORIDAS (26/03/2011)

Às vezes surgem ideias que são consideradas estranhas - até certo ponto - mas será que realmente são estranhas? Você, caro leitor, já pensou em receber velas de presente de aniversário? Ou de comemoração de alguma data muito importante - como aniversário, namoro, casamento? (Se já recebeu, relata-me através de um e-mail qual foi a sensação - por favor.)

Outro dia estando em sala de aula ouvi algo que me chamou a atenção. Determinada aluna, muito comunicativa - por sinal, relatava a amiga que seu irmão era muito estranho - atentei ainda mais os ouvidos, pois coisas estranhas podem gerar caminhos para a produção de um texto. Estranho, o irmão era, até na hora de dar presentes: tinha dado a namorada uma cesta cheia de velas aromatizadas, de vários tamanhos e coloridas. Não aguentei, entrei na conversa e, após alguns risos, fiz até comentários - e por fim prometi pensar carinhosamente sobre o assunto e escrever um texto, se possível.

Em casa coloquei-me a pensar sobre o assunto: velas versus presentes. Mas, por que dar velas de presente? Será que - em data especial: aniversário, comemoração de namoro, de casamento - flores não seria melhor? Ou bombons? Ou até mesmo roupas, sapatos, acessórios?

Velas são coisas que, segundo costumes religiosos, servem para outros fins: iluminar caminhos. São usadas em templos religiosos, procissões de ruas, e até mesmo em funerais. Agora, presentear alguém com velas... Pensei um pouco mais profundo: quando se envia flores, a pessoa que as recebe fica imensamente feliz (podendo até chorar de emoção) - depois de algum tempo se familiarizando com o presente, as colocará em um recipiente com água para que as mesmas não murchem, mas que continuem por um tempo maior exalando seu perfume e embelezando o ambiente - e, por fim, guardará a embalagem, ou até mesmo algumas pétalas secas em alguma agenda, ou livro - lembranças de fulano. Quando os bombons chegam - se não for muito vaidosa dirá que, por ser uma data especial, não brigará com a balança - nem com as espinhas (não posso afirmar se é verdade ou mito, mas dizem). Roupas, sapatos e acessórios são um pouco problemáticos, até certo ponto compreendo, pois algumas peças - por mais que você queira que venha cair perfeitamente no corpo da pessoa a ser presenteada, nem sempre dão certas. Agora velas...

Agora, pelo lado humano, fiquei a pensar: como se sentiu a pessoa que recebeu a cesta de velas aromatizadas, de vários tamanhos e coloridas? Será que se sentiu feliz? Será que pensou nas particularidades de ter sido presenteada com uma cesta de velas?

Você, caro leitor, em poucos minutos de reflexão: coloque-se no lugar de quem as recebeu. Imaginou? Particularmente: não me sentiria bem. A pessoa que recebeu tal presente se ficou contente, nem sei o que dizer - mas...

Antes que você me questione se a presenteada ficou, ou não, contente com o mimo recebido, adianto-lhe: de certa forma até que não achou ruim (o que não significa que também ficou contente) - afirmativa da minha informante. Mas creio que lá no fundo, mas bem lá no fundo mesmo - pois por mais estranha que seja, toda mulher, pelo menos penso assim, gosta de ganhar flores, bombons, roupas, sapatos, acessórios... -, deve ter pensado: talvez a minha chatice ao reclamar dos presentes o tenha levado a tal atitude.

Afinal, situações inusitadas levam o escritor a produzir textos inusitados - assim também ocorreu com o cidadão que presenteou a namorada como velas - mas, pensando bem: não podia ser palitos de incenso?

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 26/03/2011 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.  

MAIS PONTOS POSITIVOS AOS ARAÇATUBENSES (19/03/2011)

Recebo diariamente e-mails sobre o que, pelo menos em parte, está acontecendo em Araçatuba em termos de cultura. Não digo somente em uma área da cultura - a escrita, por exemplo, mas também nas apresentações em palco. Tudo isso é louvável, mas com algumas ressalvas.

Muitos dizem que a nossa cidade - Araçatuba - está sofrendo muito na atual administração - problemas todas as administrações têm - mas o que mais vale ressaltar, pelo menos penso assim, é o lado positivo: aos poucos (e lentamente) a Secretaria de Cultura, através do secretário da pasta professor Hélio Consolaro, vem buscando alternativas para envolver a população. (Repito: a passos lentos! - talvez nem seja por culpa do ocupante da pasta, mas por muitos outros motivos que não é momento para discussão agora.)

Às vezes ponho-me a pensar: por que será que quando o assunto é cultura muitos mudam suas opiniões? Se não muitos, pelo menos grande parte - a começar por alguns políticos que nós, eleitores, colocamos lá - e que deveriam ser os primeiros a se preocuparem com o assunto.

Esta semana a Secretaria Municipal de Cultura divulgou a grade de shows do 'Sabadão Musical', num total de dezesseis shows, que abrangem vários gêneros musicais, como o reggae, blues, instrumental, samba, gospel e country. Os shows acontecerão quinzenalmente, iniciando-se hoje e estendendo-se até novembro. A abertura caberá ao 'Rasta Reggae' e encerrando com a apresentação do 'Bando Arteiros' - MPB e autoral, de Araçatuba. As apresentações acontecem no Teatro Municipal 'Paulo Alcides Jorge' (ao lado da Biblioteca Pública Municipal 'Rubens do Amaral'), a partir das 20h30 - entrada gratuita.

Consta ainda da grade neste mês de março - dia 26: Swing Snake Blues (Blues). Em abril apresentam Grupo Fermata (Gospel Clássico) e Tuca & Banda (Pop Rock), respectivamente nos dias 09 e 23. Em maio Fast Fusion (Fusion Instrumental) e Grupo Raízes do Samba (Samba), nos dias 07 e 28. Nos dias 11 e 25 de junho Trio Correndo Atrás (MPB) e Paulo Belúcio & Elvis Dean (MPB). Em agosto, dias 13 e 27, Talita Rustichelli & Ariane Bego (MPB) e Rádio 84 (Sucessos Internacionais). Em setembro Musical Talismã (MPB, Samba, Foxtrot, Vanerão) e Marcelo Amorim & Convidados (Instrumental), nos dias 10 e 24. Outubro teremos César Menezes & Convidados (MPB e Autoral) e Reizinho Country Show Tirolez (Country estilo Bob Nelson) - nos dias 08 e 29. Fechando a programação, em novembro apresentam Lionel & Convidados (MPB) e Bando Arteiros (MPB e Autoral), nos dias 12 e 26.

Mas não fica por aí. Neste domingo, dia 20, a partir das 20h30, acontece o show 'Samba em Boca de Mulher' promovido pelo SESC Birigui, que faz parte da programação 'Marias e Clarices', em homenagem ao Dia Internacional da Mulher - voz e piano, apresentados pela cantora Talita Rustichelli e pela pianista Ariane Bego, com dezesseis canções maravilhosas que ficaram gravadas nos corações dos brasileiros na década de 40 - e foram eternizadas por musas brasileiras. A apresentação acontecerá no Teatro Municipal 'Paulo Alcides Jorge', com entrada gratuita.

Fechando este espaço, e elevando os pontos positivos dos feitos da cultura de nossa cidade, espera-se que o cidadão araçatubense compareça e prestigie as atividades culturais, aplaudindo - de pé - louvável ação, pois somente a presença deste poderá mostrar que há interesse pelo que é cultura - e cobrança posterior ainda maior.

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 19/03/2011 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.  

DE VOLTA AO PASSADO (12/03/2011)

Outro dia - e não muito tempo atrás - ouvimos dizer que o vinil e a fita cassete estavam ultrapassados - o CD e, posteriormente o DVD, tomaram lugar da metade pra frente da década de 90. Mas há pouco tempo ouvimos: a volta do vinil (e algumas gravadoras se propuseram a gravar novamente). Esta semana a Folha de S. Paulo publicou matéria interessante: a resistência (e possível volta) das fitas cassete.

Antes de quaisquer comentários: será que alguma gravadora vai se interessar por esta fatia do mercado? Ou, melhor, será que existe a possibilidade para a volta? Segundo ainda o texto, a fita cassete foi inventada em 1963, pela Philips, na Holanda. Chegando ao auge em 1986 e em 1991 os CDs ultrapassam a venda destas, entrando as fitas cassete em declínio.

Andei mexendo em caixas velhas (sabe aquele cômodo nos fundos das casas que servem para depósito de quinquilharias? - pois bem: nele mesmo que mexi) e encontrei algumas fitas meio empoeiradas, mas em perfeito estado de funcionamento. E aí bateu aquela saudade: coloquei algumas para ouvir.

Viajei no tempo. Lembrei dos meus tempos de jovem - fui um pouco mais longe: do meu primeiro aparelho de som - três em um: totalmente preto e em cima o lugar de pôr o vinil (e mexer a agulha com a mão sobre o vinil), depois os botões para sintonizar canais de AM/FM e, por último, o lugar da fita cassete: na frente, centralizado no meio do aparelho. Tudo isso ligados a duas enormes caixas de som (ainda em pleno funcionamento). Posteriormente comprei um pequeno (de mão), mas já com toca CD.

E falando ainda de fitas cassete - que tal lembrar, também, do ouvir som no carro? Lembro-me também do meu primeiro carro - um fusca amarelo, modificado, faróis enormes atrás, vidros pretos, bancos altos. E mais: sabe aquele tempo de sossego em que se encostava o carro em ruas meio desertas, no escurinho de uma árvore, e podia ouvir 'de boa', ao lado de alguém que também estava a fim de curtir, um bom som? Pois é: que delícia! E acrescentando ainda a estas linhas de minhas memórias: quando chovia os canais AM/FM chiavam muito! Mas são tempos que não voltam mais!

Ainda falando de fitas cassete, muitas das fitas que eu tinha - e que foram se perdendo no tempo com as várias mudanças que fiz - eram gravadas por mim, ou por amigos - e um passava para o outro e as mais belas canções (hoje 'flash back') eram propagadas continuamente. Há poucos dias estive num jantar beneficente e ganhei um CD com músicas desta época: um show memorável dos grandes talentos.

A tecnologia avançou: LP, fita cassete, CD (este com vários formatos que, às vezes, cabem muitas horas de boas músicas), DVD. Tudo isso graças ao esforço do homem em buscar cada vez mais soluções rápidas e, muitas das vezes, em peças cada vez menores e com potencial cada vez maior de armazenamento - como é o caso dos 'pen drive'.

Apesar de todo esse aparato tecnológico, o ser humano está sempre a voltar no tempo: às vezes simplesmente pelo fato de 'tocar' o que antes tínhamos - mas que na época queríamos sempre mais!

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 12/03/2011 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.

EPOPEIA CARNAVALESCA (05/03/2011)

A festa do povo, iniciada há tempos, acaba na quarta-feira: com o grito de 'É campeã! É campeã! É campeã!' - mas para logo à frente (re) iniciar: um trabalho de análise de resultados, de pesquisas e de estratégias que ficarão para sempre marcados nos corações dos membros da comunidade.

Vencer, ou não, é uma questão de apostas - e apostas que nem sempre apresentam os resultados aguardados. Segundo meu amigo Faustino Vicente, o pioneirismo das escolas de samba pertence a 'Deixa Falar', fundada pelos sambistas Ismael Silva, Bide, Brancura e outros no ano de 1928. E ele ainda acrescenta que desde aquela época os temas são os mais variados: da pobreza à riqueza, da tradição à inovação, da flora à fauna, da história à geografia, da antiguidade à atualidade - gerando o maior espetáculo de artes ao ar livre. Independente da raça, da cor, do credo religioso, da classe social, da profissão: momento de sonho de igualdade acontece - e de forma universal! E mais: adrenalina a mil!

Pense em tudo isso; analise a harmonia na passarela; fantásticas apresentações! É, sem sombra de dúvida, um espetáculo de deixar os 'deuses' de queixo caído. Os grandes nomes de literatura, se hoje vivessem, como descreveriam? Construiriam - escrevo com convicção - maravilhosas epopéias! Seriam verdadeiras viagens por caminhos nunca dantes navegados. Passando por belos textos, primitivos por excelência, como seria descrito o belíssimo espetáculo que conhecemos hoje em tempos áureos da Mesopotâmia - e em tábuas de argila e em sinais cuneiformes - como a epopéia de Gilgamesh? Homero, autor de 'Ilíada' e 'Odisséia', como descreveria? E Dante, de 'A Divina Comédia'? E Luís Vaz de Camões, autor de 'Os Lusíadas'? E Santa Rita Durão, de 'Caramuru'? E Basílio da Gama, de 'Uraguai'? E Cláudio Manuel da Costa, de 'Vila Rica'?

Com o auxílio de Camões, poeta português, eu descreveria (que bom poder usar a imaginação! - mas que não chego nem aos pés de tão consagrado nome): "Os bumbos e os tambores assinalam / que, das boas avenidas brasileiras, / passos nunca antes apresentados / passaram ainda além da passarela / em esforços e treinos aplicados / mais do que prometia a força humana / entre os pares da comunidade / buscam novos títulos almejados. (...) Cantando espalham por toda cidade / se a tanto os ajudar o engenho e arte".

Ainda, para simples fato de ilustração, e não tão distante no tempo, vale citar o samba enredo da GRES Unidos da Tijuca, de 1998: 'De Gama a Vasco, a epopéia da Tijuca'. Lembram? Se não lembram, recordem agora: 'Vamos vibrar meu povão (é gol, é gol) / A rede vai balançar, vai balançar / Sou Vasco da Gama, meu bem / Campeão de terra e mar (...) É nessa onda que eu vou / O povo vai recordar / Vem com a Unidos da Tijuca festejar'.

Mas como tudo tem um preço - e às vezes nem sempre justo, o carnaval também tem seu preço e deixa suas marcas. Para uns - muito a festejar; para outros - muito a suplicar por clemência (clemência ao senhor Tempo - que este volte atrás nos seus destinos). Encerrando este texto - e valendo-me de uma frase que muitos pronunciam, mas literariamente dizendo-a: em breve uma nova epopéia será iniciada no Brasil - pois por aqui tudo começa após o carnaval.

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 05/03/2011 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.  

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