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MÊS MAR 2017 - DIAS 04 - 11 - 18 - 25 (Textos publicados na minha Coluna 'ESCREVER... É ARTE'.)

A ARTE DE MANIFESTAR OS DIVERSOS AFETOS DE NOSSA ALMA MEDIANTE O SOM (25/03/2017)

A música estabelece um vínculo não só com quem a ouve, mas também com quem a pratica e em vários seguimentos da sociedade - e, por não exagerar, com qualquer segmento social, tanto é que determinado amigo meu disse-me certa vez que deve respeitar todos os ritmos e fazer com que estes cheguem a todos os lugares. Ou, que devemos trazer os de mais longe para ouvir as músicas clássicas, que nem sempre chegam aos de mais longe.

Ela serve de elo de divulgação de hábitos, de moda, de prazer - da cultura de um povo, e até o oposto: dor, sofrimento, entre outros sentimentos. Ainda, neste mundo globalizado, a música é o veículo autêntico de articulação dos protestos de massa, das organizações governamentais ou não... A música é algo, vamos dizer, inexplicável!

A música serve para criar fortes laços de amizade, e até de amor - determinados casais possuem, como dizem, a sua própria música - ou seja, a música que marcou determinado período da vida deles. A música pode criar, também, paixões... E estas podem, ou não, virarem amores. Ou, simplesmente ser passageiras: um amor bandido!

O funk, o jazz, o rock, o sertanejo - a música raiz, entre outros - são exemplos claros de que a música dita normas à juventude, crianças e adultos (velhotes que já curtiram seus ídolos - e por que ainda não os curtir? - afinal, sempre permaneceremos jovens no espírito). As crianças, embaladas pelas vozes dos mais velhos, adentram a este mundo musical que para muitos é tido como ultrapassado.

Vale abrir um parêntese: basta olhar vários programas de tevê que colocam em evidências as crianças e a juventude - e, diga-se de passagem: vozes maravilhosas soam em nossos ouvidos. Vozes encantadoras que deveriam estar a brilhar nos quatro cantos do planeta - ou não, se considerar que o mesmo traz forma arredondada. E, por outro lado, às vezes, escutamos vozes que, além de péssimas, com conteúdo que deixam a desejar.

Os ritmos por ela estabelecidos trazem harmonia entre o novo e velho, entre o bem e o mal, entre o bonito e o feio - e, se seguirmos essa linha, poderemos citar outros tantos. A música é um elo eterno de ligação. Acalma as feras! Ou, se o amor se foi - o amor bandido - deixa a fera interna exaltada. É mais ou menos assim, como cita o poeta: "(...) Mas como causar pode seu favor / nos corações humanos amizades / se tão contrário a si é o mesmo amor?" - Luiz Vaz de Camões. Assim é a música, a arte da música. E vale registrar que música é a arte de manifestar os diversos afetos de nossa alma mediante o som.

Falando-se em feras (não apenas a fera animal), mas aquela pior: a que existe dentro de nós. Um som suave e lá vamos repousar mais calmos! É a magia da música! É só lembrar no caso do mancebo Davi que tocava harpa para acalmar e afugentar os espíritos do rei Saul.

É um elemento fundamental em qualquer povo, a começar pelo hino pátrio. Quem, ao ouvir o hino de sua pátria, não se emociona? Há música desde o tocar mais leve da brisa no arvoredo até os estrondosos trovões que se escuta a quilômetros, é o que mais divino nos foi deixado. E, o brasileiro - por sinal - já a tem desde o nascimento: afinal, somos um povo festeiro! É a melodia da nossa alma! 

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 25/03/2017 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.

NADA A ESCREVER (18/03/2017)

Outro dia resolvi escrever sobre o nada. Imagine você: escrever sobre o nada! Imaginou? Pois é, pois foi bem isso que eu imaginei - escrever nada vezes nada! Nadinha de nada - e o mais interessante é que falando do nada a gente fala do tudo que não passa, às vezes, do nada. Ou, por vezes, pode ir além.

Para muitos escrever sobre o nada é um absurdo. Eu escrevo sobre o nada pensando no nada - que o nada não é nada a não ser o nada mesmo. Imagine pensar em nada, fazer nada, não escrever nada, não se relacionar com nada... Não fazer nada de nada de nada de errado. Inclusive não gastar o cérebro para não pensar em nada!

Isso é o nada - e ao mesmo tempo nada é. A não ser o tudo-nada versos nada-tudo. Um é negação do outro. Ou o nada é a negação do próprio nada? Não sei de nada, não vi nada, não ouvi nada, nada sei e se sei digo que nada sei - e está aí o nada. Lembrando a área de exatas: nada vezes nada, deve ser nada mesmo, ou nada ao quadrado? Nada disso, deve ser nada mesmo. Eu, às vezes, me sinto que fugi das aulas de Matemática...

Nada vezes nada ouvi dizer que é o oposto, isto é, a negação do nada é o oposto. Engraçado! Engraçadíssimo estar escrevendo sobre o nada, pois não sei onde vai dar esse nada - em que nada vai dar esse nada é bem complicado. Mas, com muitas ressalvas, deve dar sim em algum lugar - talvez não tão próximo daqui.

Proseando sobre o nada é bem engraçado do ponto de vista do nada. Não está apoiado em nada, a não ser no próprio nada - que nada é. A não ser ele mesmo: nada! Versejar sobre o nada também não deve dar em nada, ou será que estou errado? Nada disso, estou certo - não vai dar em nada. Ou, como citei acima: deve dar sim em algum lugar - talvez não tão próximo daqui.

O que é mais interessante é o desafio de encher estas linhas falando de nada, ou do nada. Escrever sobre o nada pode se equiparar a quê? A pensar sobre o nada! Lembro-me da canção Como uma onda, de Lulu Santos: "Nada do que foi será / De novo do jeito que já foi um dia / Tudo passa / Tudo sempre passará" - há de ser novamente? Talvez... Claro: se não foi nada, o que vai ser então? Nada de novo.

Nada, nada, nada... Outro dia penso mais no nada - se é que o nada faz pensar e acabo de encher estas linhas de nada - são de nada mesmo, então... Por que me preocupar em escrever sobre o nada? Desafios? Desafiar o nada? Talvez, talvez nada disso, apenas brincar de escrever sobre o nada. Que nada é a não ser ele mesmo: nada! Ou, será que o nada pode ser algo tão importante - talvez o senhor Nada?

Vocês, talvez ao lerem esse nada, ficarão 'parados' no nada - melhor, no ar. Dirão: "Nossa! Ele nada escreveu a não ser escrever nada. Escreveu, escreveu, escreveu e nada disse. Nada mesmo!" Interessante: nada mesmo, a não ser o próprio nada, que nada é. Que não passa de nada. Nada, somado a nada, dividido a nada, multiplicado a nada, subtraído do nada - igual a nada. É a própria negação, negada a nada!

Aliás, outro dia não vou pensar em nada e nada de acabar de escrever sobre o nada. Paro por aqui, porque ninguém merece nada disso - não é mesmo? - a não ser o NADA. E coloquei o ponto final no... Ah, antes, fico a pensar: será que o nada merece um ponto final? Ou, melhor usar reticências? Pensei melhor: deixar sem pontuação após a última palavra - mas seria meio esquisito deixar sem pontuação. O melhor é colocar uma pontuação e acabar de vez com a história do nada, que não vai dar em nada mesmo!

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 18/03/2017 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.

TALVEZ SEJA ASSIM (11/03/2017)

Não me entendo, não entendo o outro - muito menos a sociedade - talvez seja assim mesmo: todos gostam de falar de todo mundo, ou quase todos. E é possível que, quando se fala, se faz história, se deixa na História. E são poucas as pessoas que realmente fizeram histórias, que entraram para a História. Digo poucas se levado em conta o tanto de pessoas que passam por este mundo - quase sem porteira.

Fiquei pensando que estou assim por falta de um bom banho - explico: um bom banho de mar, das águas salgadas do mar. Há anos que não lavo os pés, que não me banho nas águas do mar (que não me deixo levar pelas ondas do mar). Ficar muito tempo sem lavar os pés nas águas do mar não é recomendável - pelo menos já ouvi muitos dizerem isso (então, fico a pensar: e quem nunca viu o mar?). Intrigante, mas de fato: popular.

Lembro-me de que o último banho em águas do mar já se vai mais ou menos quase dez anos - Florianópolis, região Sul do Brasil. Último dia em praias do Sul, tempo chuvoso, pretendia descer as dunas de areia sobre leves peças de madeira (com certeza não seria nada fácil equilibrar sobre as mesmas - então, foi melhor estar chovendo mesmo), mas o tempo não foi cordial comigo - e despencou grossos pingos frios, levando-me em retirada.

Dizem, ainda, que o banho de mar dever antes do sol nascer. Logo, levantar em plena madrugada faz sentido. E, de preferência, em jejum. Assim, em jejum, o cheiro do mar ajuda a embriagar - lava mais completamente o ser: a alma. (E demorar algumas horas para tomar banho de água doce: a água do mar deve permanecer no corpo por algumas horas...) E, para completar a veracidade do que escrevo: era difundido na Europa do século XVIII o poder curativo dos banhos de mar (uso medicinal).

Fazer, às vezes, retorno ao túnel do tempo faz parte da vida. O mar faz parte da vida (claro que não de todos) - as fotografias passadas retratam as mudanças que o tempo faz em cada ser. Ah! Tempo: o que é o tempo? Tempo é o tempo - e o retorno no tempo faz parte do tempo, da vida, do ser - assim como as bolinhas de vidro, coloridas, que disputavam espaço com os cadernos e livros nas bolsas escolares são recordações de que o tempo passa fugazmente. Parece que foi ontem que eu as colecionava em latas pelo quarto...

Talvez seja assim mesmo. O tempo - inimigo cruel - deixa suas marcas. Mas feliz é aquele (a) que traz consigo tais marcas do tempo, pois é garantia de que viveu. E, de preferência, e se possível, uma vida intensa. Uma vida de pura magia, de pura vivência - sem sofrimento (quase que impossível, pois o sofrimento que nos faz sempre ir mais e mais adiante...). A vida é mágica, assim como as palavras são mágicas. Tanto a vida, como as palavras, quando as usamos com pleno poder, construímos um mundo de magia!

A magia, talvez, esteja no dom de enxergarmos as coisas por vários prismas. Cada um tem um jeito peculiar de ver o mundo, de perceber o mundo, de se relacionar com o mundo... Assim é o ato da vivência: mágico. Talvez algum dia lembraremos com maior frequência um dos outros e, com um pouquinho de arrependimento, estenderemos as mãos e, lado a lado, caminharemos (pois, ainda, poucos fazem isso). E, para completar, tomara que não seja tarde - que ainda sejamos num todo humanos, e não humanizados. Talvez seja assim, talvez não - como diz a canção: "assim ainda caminha a humanidade / com passos de formiga / e sem vontade...".

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 11/03/2017 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.

ROLINHOS E MAIS ROLINHOS (04/03/2017)

Rolinhos, rolinhos e mais rolinhos. Mas, rolinhos de quê? Os rolinhos podem ser do que você imaginar. Eu, particularmente, vou começar pelos rolinhos de papel higiênico. Cada um tem uma ideia, a que me veio momentaneamente à mente foi este tipo de rolinho - e é de boa serventia, não é mesmo? Se pensas que não, que estou tentando enganar com estas linhas, enganou-se: mudarás de ideia quando chegar à metade do texto.

Os rolinhos de papel higiênico são papéis mais fortes (chamados por alguns de papelão - mas que também podem e devem ser reciclados), que aguentam firme o papel higiênico - e este, por sua vez, pode ser de todas as qualidades: desde os mais finos, transparentes, perfumados e fofinhos até os mais escuros, grossos, sem cheiros e ásperos. (E, no supermercado e pontos de vendas, são de todos os preços - conforme as qualidades citadas acima.) E tem mais: alguns são com metragens diferentes - de trinta a quarenta metros. Imagine ter que fazer toda a limpeza pessoal higiênica sem o tal do papel higiênico?

Sem mudar de assunto, vale salientar que os rolinhos de papel higiênico servem também para fazer enfeites - e, diga-se de passagem, belíssimos enfeites, basta deixá-los em mãos caprichosas, além de, é claro, assegurar ao usuário a continuidade do papel higiênico - não deixando o mesmo embaraçar. Há, ainda, os rolinhos para se ter a linha bem firme, enrolada. Rolinhos para manter os tecidos enrolados. Entre tantos outros.

Pelo lado humano os rolinhos são muitos. Muitos mesmo! Alguns rolinhos começam na infância: entre irmãos - mas são - na grande maioria das vezes - passageiros. Existem os rolinhos entre os vizinhos - que podem ter seus agravantes - quando levados a sério (e até gerar grandes desavenças e até mesmo a morte). Os rolinhos familiares - que nem merece tantos comentários, pois cada cidadão tem a sua família e sabe como resolvê-los - ou não! Os rolinhos entre os meninos e as meninas: que podem começar no final da terceira infância, se estender pela adolescência e acabar na cama.

Verdade mesmo! Não estou mentindo! Ainda mais essa mocidade de hoje que não pensam nas consequências que esses rolinhos podem causar. Quem trabalha com jovens - como eu - sabe muito bem disso. Muitas vezes eles (e elas também) não escondem o que fazem. Escondem dos pais, mas nem sempre dos professores (há certo laço de confiança) - ainda mais quando mostramos o lado bom e lado ruim. E assim eles comentam sobre os seus rolinhos que tentam passar furtivamente aos olhos alheios. (E, só abrindo uma rápida fala: um dia determinado aluno procurou-me dizendo que achava que sua namorada estava grávida, conversamos muito e pedi que ele a acompanhasse a um posto de saúde e fizesse os exames necessários, disse-me que não podiam por causa da família - como sempre - comentamos mais algumas coisas, inclusive sobre as prevenções que deveriam ter tomado, e fomos embora - fiquei pensando no assunto durante vários dias - mas tempos depois, a menina eu conhecia, não começava a apresentar a 'barriga de gravidez', sondei e ele me disse que fora um falso alarme e dias depois a menstruação desceu - que foi um alívio para ambos.) E que rolinho legal, não é mesmo?

Rolinhos simples podem tomar dimensões enormes e muitas vezes não conseguimos mais tomar conta da situação - nesses casos, o que fazer? Lembrar do papel higiênico? (Que vive enrolado.) Ou sair a procura de soluções que nem sempre são as mais apropriadas para as datas e idades? Rolinhos são bons (dependendo), mas precisa-se prestar muita atenção.

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 04/03/2017 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.

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