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MÊS OUT 2013 - DIAS 05 - 12 - 19 - 26 (Textos publicados na minha Coluna 'ESCREVER... É ARTE'.)

EGOÍSMO? TALVEZ... (26/10/2013)

Muitas pessoas não pensam nas outras, mesmo sendo companheiros, ou companheiras - ou em qualquer esfera da convivência humana: na vida familiar, no círculo de trabalho, no relacionamento dentro das igrejas... E, então, o que leva o ser humano a agir desta maneira?

Aristóteles já dizia que 'o egoísmo não é amor por nós próprios, mas uma desvairada paixão por nós próprios'. E mensagens religiosas mostram que o egoísmo não deveria fazer parte da vida do ser humano, como: 'Devido à sua ambição e egoísmo, o homem faz da sua vida um verdadeiro naufrágio' - texto budista. É de se pensar nestas puras verdades! E de se pensar muito!

Dalai Lama: 'O egoísmo causa a ignorância, a cólera e o descontrole, que são a origem dos problemas do mundo'. Logo, nota-se que a partir dele se tem o restante dos prejuízos do mundo. O querer ser igual a outro levou várias pessoas a cometerem atos insanos, inexplicáveis aos olhos das pessoas consideradas de mente sã.

Charles Chaplin escreveu: 'Aprender a se colocar em primeiro lugar não é egoísmo, nem orgulho. É amor próprio'. Assim pensando, assim agindo, as ideias contrárias se apresentam e podem causar conflitos - mas deve ser levado em consideração que temos que ter um amor incondicional com o nosso próprio ser. E isso pode levar significativamente a amar respeitosamente a si e ao outro, pois outro pode fazer parte do nosso próprio eu.

E, analisando os dois lados - as duas propostas de encarar o egoísmo, sabemos que tudo é fruto da sociedade em que vivemos. Ela, ao mesmo passo que oferece, que estende a mão, rapidamente também nos tira, logo, passamos a ser cada dia mais egoísta simplesmente pelo fato de não querer perder. (E sabemos que perder faz parte no estar vivo - estar vivo é um jogo intransferível!)

Particularmente fico com Charles Chaplin. Sempre comento nas minhas rodas de convivência que 'eu' quero sempre estar em primeiro lugar - e não é por orgulho, mas sim por desafios. Eu creio que o maior desafio que tenho hoje se chama 'eu mesmo'. Vencer a cada dia um meu 'eu' é um desafio que todo ser humano tem que aprender. E quer desafio maior do que vencer a si próprio? Pois vencendo a si mesmo encontra-se a paz interior que tanto procuramos.

Vivenciar a paz significa - pelo menos pra quem pensa assim - ter vencido grande parte do seu próprio eu. Se pode ser pensado assim (pelo menos eu penso que pode ser pensado assim), a criação humana ainda está longe de realmente encontrar o caminho da paz em seu interior. O homem ainda sofrerá muito até aprender a ser homem de paz.

E tudo isso porque o ser humano ainda não aprendeu que quanto mais egoísta for, mais vai sofrer. As consequências podem demorar, mas não falham a chegar. E o pior de tudo é que este ser humano pensante que conhecemos hoje, todo tecnológico, já viu sofrimentos alheios, mas não acredita, pois precisa passar por ele - não abasta apenas ver os sofrimentos, tem que os constatar na pele.

A experiência no outro não serve, precisa ser constatada de perto. E, afinal de contas, tentamos tantas saídas, tantos experimentos, tantas ladainhas que chegamos - muitos - a se desesperarem, e até atentarem contra nosso próprio eu. Afinal, somos humanos e carregados de vícios.

E, para não dizerem que sou completamente egoísta, cito Blair Woldorf: 'Não sou egoísta. Apenas valorizo a única pessoa do mundo em quem eu posso confiar: eu mesmo'. 

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 26/10/2013 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.      

ENTRANDO PELO CANO... (19/10/2013)

Ignácio de Loyola Brandão, que já esteve algumas vezes em Araçatuba, escreveu um texto muito interessante: 'O homem que entrou pelo cano'. Um texto considerado curto, mas que traduz exatamente o que o ser humano vive - e não é apenas agora, mas há muito tempo.

No texto o autor discorre sobre uma fuga da realidade (o que procuramos muitas vezes) - o homem entra no cano, com o auxílio da água percorre quilômetros dentro dos canos - acostuma-se com o ambiente - ouve vozes familiares, tempos depois se cansa e decide parar e aguarda numa torneira a abertura desta, esta é aberta e o homem cai dentro da pia, uma menina grita para mãe que havia um homem dentro da pia, e ninguém respondi, a menina abre o tampão e ele desce pelo esgoto. Assim acontece conosco - em várias situações, e nem sempre acabam bem.

Validando o que citei acima, o ser humano nasce, dá os primeiros passos, caminha de forma ereta; balbucia palavras desconexas - se pode ser considerado nesta fase palavras, passa paulatinamente para frases e períodos complexos, discursos; passa pelas fases da infância, pré-adolescência, adolescência e deseja que os dezoito anos chegue logo; a idade adulta chega e as responsabilidades também - e são cobradas arduamente.

Quer se esconder, voltar a ser criança novamente: gostaria, então, de entrar por um cano e retornar àquele mundo infantil, mas já não é mais possível. Às vezes, até consegue momentaneamente fugir de certos problemas, mas é impossível esconder-se para sempre. É cobrança em cima de cobranças, e mais cobranças.

As cobranças existem. Os acontecimentos são imprevisíveis, inexplicáveis - talvez sem solução. E, então, o que fazer? É notável que o mundo fantástico, fantasiado, não resolve - ou, é apenas passageiro. Pode até criar, como Manuel Bandeira criou, o seu mundo - a sua Pasárgada, onde lá é amigo do rei, tem a mulher que quer e na cama que escolher. Mas, não é real. É a imaginação. Temos mentes férteis, ainda bem - como sempre digo. E a nossa mente fértil, fantasiosa, faz-nos crescer frente aos problemas.

E, antes de fechar este texto, vale a pena dizer que a nossa mente realmente é fértil, basta solicitar a alguém que escreva algo fantástico, por exemplo. Com toda certeza sentirá mais à vontade para escrever, pois a imaginação não é realidade, não é verdade, logo, é mais fácil de discorrer... Pode, plenamente, inventar. Pode, com toda certeza, criar mundos magníficos. Pode, com mais vontade falar de suas angústias através de sua criação, de suas criaturas/personagens.

Aprendemos que o esforço é necessário para o sucesso, mas também cansamos. Os que estão ao nosso redor também cansam. E o que acontece? Já sabemos: vai tudo ralo abaixo, esgoto abaixo. Esforço feito em vão - totalmente em vão. E isso acontece quando não estamos preparados. Sofremos e fazemos os outros sofrerem.

E, para completar, o que era um provérbio (que é a voz de um povo, de seu conhecimento, de sua cultura), passa a ser realidade - experiência vivida, comprovada. E não adianta reclamar, nem querer morrer, pois 'as pessoas não morrem, elas ficam encantadas' - como cita Guimarães Rosa. 

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 19/10/2013 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.       

MINHA INFÂNCIA NA LIBERDADE (12/10/2013)

Apesar de parecer estranho, mas a tal Liberdade é uma rua próxima ao terminal rodoviário. Explicando melhor: a rua que começa, ou acaba, no semáforo da rodoviária. Na tal rua Liberdade está o prédio do 'elefante branco' a ser demolido neste final de semana - o antigo prédio do tão falado Hospital que deveria ser um modelo.

Passei muitos dias sentados próximo a ele, do outro lado da rua, contemplando-o, enquanto mamãe, que na última quinta-feira completou sessenta e dois anos: que receba mais uma vez os parabéns, fazia a sua parte de caridade na igreja - eu era muito pequeno, seis ou sete anos e a acompanhava na sua peregrinação semanal: ela costurava roupas para crianças, enxovais de bebês que eram oferecidos aos menos favorecidos - e até hoje ela ainda faz, mas em sua própria casa.

Aquele prédio sombrio deixava-me pensativo. Tão pensativo que foi difícil eu compreender o que realmente ele era - talvez pela pouca idade que tinha. Contava cada janelinha dele - pelo menos as que estavam de frente pra mim. Hoje, adulto, posso imaginar o motivo de pensar e tentar decifrar o que havia além daquelas janelas. Tudo, menos um prédio abandonado.

Hoje, adulto, consigo imaginar o quanto de dinheiro público fora 'jogado fora'. Hoje, adulto, consigo ver o que acaba com uma nação, com um povo - a má administração dos recursos públicos. Hoje, adulto, sei que a população brasileira precisa aprender a votar, pois, caso contrário, sofrerá as consequências do desvio de verbas públicas; o desvio do suor do homem e da mulher brasileira. O desperdício do nosso suor.

As árvores que estavam em frente à sua entrada faziam uma sombra gostosa - lembro-me que em algum momento o prédio funcionou e, de onde eu sempre ficava, observava os carros que estacionavam - e neles, muitas vezes, lágrimas foram derramadas pela perda de entes queridos. Em outros momentos, lágrimas de felicidades rolaram ao chão - o restabelecer da saúde de alguns. É um chão marcado com lágrimas.

Muitos me contaram que aquele 'hospital' tinha uma sina: nunca funcionar em sua plenitude. Motivo? As lendas explicam, talvez - pois algumas coisas na Terra somente o sobrenatural pode dar explicação, pelo menos em parte. E o prédio a ser demolido é assim: cheio de mistérios que, possivelmente, nem o tempo explicará.

Eu cresci um pouco mais, cheguei à juventude. Da rodoviária, das muitas vezes que lá estive para usar a circular, olhava-o sem compreender o seu estado. Ele permanecia lá: cada dia mais sendo deteriorado. Cada dia mais sendo usado de forma inadequado (a partir do momento que deixou de ser usado como hospital) - mendigos. Tudo que não é cuidado, o tempo se encarrega de cuidar - e nem sempre para melhor. E batalhas judiciais, desacordos entre esferas governamentais surgiram - e agora a sentença final. O seu fim foi decretado!

O que esperar? Talvez nasça no lugar uma construção contemporânea e que atenda às necessidades da população que já está cansada de ver grandes batalhas sem muita expectativa feliz. Mas, o homem, por excelência, é esperançoso... Tão esperançoso que é, e como tal, repete constantemente a frase: Sou brasileiro, nunca desisto.

Então, este sábado ficará marcado pelo fim do prédio do tão sonhado Hospital Modelo. Uma implosão - e com hora quase precisa. Doze horas e vinte e cinco minutos - nada mais! 

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 12/10/2013 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.        

MENSAGEIROS DO BEM (05/10/2013)

Na vida há pessoas que se tornam mensageiras - algumas do bem, outras nem tanto. Algumas da paz, outras do ódio; algumas da vida, outras da morte. E esta nos é estranha - refiro-me a ser portador de mensagens da morte.

E o mais engraçado - se é que posso achar graça disso, é que querendo ou não, as pessoas incorporam esse 'tal tipo de mensageiro' - e, alguns passam até a serem conhecidos como tal. Talvez não de forma direta, mas indiretamente, pois sempre aparecem com notícias ruins.

Outro dia fiquei pensando sobre este assunto e comecei a analisar, calmamente, as pessoas com as quais convivo - que por sinal são muitas levando em conta os locais onde exerço a minha profissão. Descobri que uma amiga sabe de todo mundo que morre - ou que está em fase terminal.

Muito interessante! Deve ser um anjo às avessas. Anjos às avessas, onde eu encontrei esse termo? Lembro do anjo torto. Assustei após os meus dedos terem digitado tal expressão. E refiro-me a ela desta maneira porque sempre sabe da morte de alguém - inclusive, fiquei pensando, não avisarei quando ficar 'perigando' na vida. Eu, hein!
Prestei atenção, ainda, que este anjo às avessas também gosta de fazer muita caridade, pois sempre que pode, ajuda os outros (ou nos convida a ajudar junto com ela) - conhece muitas pessoas doentes. São os lados da moeda, como dizem - paro por aqui, apesar de a moeda constar de três lados... Parece que uma coisa puxa a outra e assim vai levando a vida.

Por outro lado, também conheço pessoas que, quando chegam a determinados lugares, as nuvens de alegria chegam junto e o ambiente passa a ser de festa total, de regozijo, de júbilo. Deve ser missão de cada um na Terra - desde que você acredite em destino, no Senhor Destino. Eu acredito no Senhor Destino, mas faço a minha parte.
Há pessoas com tamanha delicadeza e jeito de ensinar o outro que são consideradas verdadeiras alfabetizadoras - e vale lembrar que não são apenas na arte do ensinar o ler e o escrever, as letrinhas, mas também na arte de ensinar a viver a vida. E vale lembrar que, notoriamente, tais pessoas podem ser contadas nos dedos. Há muita individualidade nos dias atuais.

Sabemos que foram distribuídos muitos dons aos seres humanos, mas alguns, como costumam dizer, entraram duas, três ou mais vezes na fila que distribuía esses dons. Apesar de tudo, dos mensageiros que nos tornamos, ou que procuramos ser, muitas coisas são enviadas para nós e não há meios de escaparmos - seremos eternos propagadores daquilo. Aqui, creio eu, entra em ação o destino - o Senhor Destino.
Falando em propagadores, segundo as Escrituras Sagradas, o dom maior é o amor - que diz: 'Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor. Estes três, mas o maior destes é o amor.' - verdadeiramente temos que ter fé, pois sem fé é impossível agradar ao Ser Maior, sem fé é impossível alcançar as coisas; a esperança é um dom que, só a partir dela, alcançaremos o que desejamos; logo, o amor é algo incondicional.

Agora, o que nos vale é sermos anjos propagadores - de preferência do bem, da paz, das conquistas, das alegrias, da ajuda... E só assim estaremos no lado mais claro da vida. Nada contra quem pensa diferente, mas eu fico com um pé atrás - prefiro nem ouvir.

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 05/10/2013 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.         

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