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MÊS JUN 2015 - DIAS 06 - 13 - 20 - 27 (Textos publicados na minha Coluna 'ESCREVER... É ARTE'.)

DE TUDO UM POUCO (27/06/2015)

Observar e contar. Contar só é possível quando se tem o poder de observar - ou seja, só se pode contar a partir de observações. O que leva a crer que as pessoas que gostam de escrever só bem observadoras. E estas observações, somadas à criatividade, à imaginação, tem-se o texto.

Talvez este caminho não seja tão longo assim, mas é possível imaginar durante a vida toda. Às vezes me pego a observar; me pego observando as coisas - talvez um costume de quem realmente escrever. O trânsito é leve, sossegado. O chão da estrada é liso - recuperado há poucos meses. O automóvel desliza suavemente sobre o caldo negro hoje cristalizado.

Em dias de verão, horário diferenciado. O dia clareava e o automóvel deslizava suavemente. O retorno, em ambos os períodos, o sol há muito já tinha dado lugar ao manto negro celeste, salpicado de pontinhos brilhantes. Talvez, por não acreditar em muitas coisas - aliás, apenas acreditar num Ser Maior - as coisas tendem a ficar um pouco confusas de serem entendidas. Talvez sim, talvez não.

Aliás, são tantas coisas a acreditar que fica difícil saber em quem mais acreditar. Às vezes até se tenta acreditar no ser humano, mas alguns - muitos - deixam a desejar. Muitas vezes na vida se questiona se é possível acreditar no ser humano. E não se chega à conclusão alguma que leve plenamente à satisfação. Seres humanos, acima de tudo, cheios de falhas.

Às vezes, sossegadamente sentado no chão - pois se faz quente por aqui o clima - fico a observar as paredes de tom claro, de poucas coias nelas penduradas. A minha esquerda uma porta, das antigas, em duas folhas. A mistura do antigo e do novo. Duas toalhas: uma no prego e a outra no porta toalhas - lisas; longas. Uma velha janela a minha frente. Cores sobre cores eram notadas - descascadas em partes. Duas cadeiras se faziam ali naquele pequeno espaço - poderiam ser elegantes poltronas, e por que não? Entre elas uma pequena mesa e objetos variados sobre: copos, jarros, papéis, lápis, canetas, perfumes... Caricaturas no papel - seres anônimos! Roupas penduradas próximas à janela - alguém há pouco havia estado ali. E a cama, à direita, aguardava.

Um pouco de felicidade é bom, pena que não é constante. As circunstâncias da vida proporcionam situações de altas e baixas. A vida é boa - e até tolerante de mais. Passamos a ser arrogantes de mais, às vezes confundimos as situações vividas. Futuros homens sem grandes perspectivas - esta é uma das grandes verdades. E só vale lembrar que as pessoas que passam por nossas vidas fazem em nós - e nós nelas, diferenças. Somos lembrados e delas lembramos por inúmeras circunstâncias. E, de preferência, sempre as mais positivas; estas fazem a diferença. Melhor ainda quando dizem que no meio em que vivem somos constantemente lembrados por ter feito nelas diferença. Levanta o astral de qualquer um ao se lembrar destas situações.

E nas viagens que se faz - pelo menos nas que faço, são assim: coloco-me a observar e, de repente, coloco-me a gritar por dentro: 'vou sentir saudades daqui'. Ouço a minha voz interior e procuro em meu íntimo uma resposta para o viver. Parece que há necessidade de um vaga-lume interiorano. E pior que, nem sempre, comemos um vaga-lume à flor da água, à flor das ideias. Mas, de repente, o vaga-lume pode estar lá e iluminar tudo. E mostrar o verdadeiro caminho - a luz que precisávamos.

Em chão firme - mesmo que chutados por alguns, é melhor que vacilar constantemente em pensamentos desordenados. Em areias movediças. E pode doer por muito tempo - os chutes, mas passa a ser uma lição de vida. E não adianta dizer que somos loucos - pois todo cidadã traz em si algum traço, ou alguns traços de desajustamento. Perfeição? Só lá em cima - no eterno!

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 27/06/2015 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.  

LOUCURAS POR LIBERDADE (20/06/2015)

O que pensam os seres humanos sobre a loucura? Creio que devem pensar muitas coisas, entre elas o porquê de alguém parar, pensar e escrever sobre a loucura - ou, ainda, o porquê de alguém parar, pensar e estudar a loucura. Eu realmente fico pensando neste processo intitulado loucura e chego até a dizer afirmativamente que todos têm um pouco de loucura em seu ser, pois às vezes é difícil acreditar que certas coisas acontecem - mas acontecem.

É interessante que muitos já fizeram isso. Se pegarmos os escritos antigos vamos notar que muito já se estudou, se pesquisou, se escreveu sobre o assunto. Na Antiguidade diziam que a loucura era coisa dos deuses: já imaginou isso? Os deuses fazendo intervenções nos seres humanos e estes pirando! Incrível! Afirmaram, também nesta época, que era acidente de percurso e não um mal em si. Mas, estudos médicos - através do grego Hipócrates (considerado o pai da medicina) afirmam: desarranjo da natureza orgânica e corporal do ser humano. Ou, ainda, acúmulo indevido de substâncias no cérebro.

Um pouco mais à frente, na Idade Média, há estudos que tentam convencer que a questão é demoníaca - crença na intervenção dos demônios na vida dos seres humanos (e vale lembrar que nesta época a Igreja estava no centro das coisas, a fé cristã - o teocentrismo). A quem escapasse das fogueiras, recomendava-se a estes muitas orações, jejuns, visita a lugares sagrados, como templos religiosos - além de sacerdotes de prontidão para a prática do exorcismo.

E assim caminha a história da loucura - 1798, o médico francês Phillipe Pinel tira as correntes dos pacientes loucos de um hospital em Paris - hospício deixa de ser prisão. É de se pensar quanto custa o preço da liberdade - é sabido, também, que até os dias de hoje há meios de deixar os pacientes quase que, ou, plenamente imóveis - além de remédios, há também as camisas de força. Penso agora numa cena que vi ao assistir o filme Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto. O Major Quaresma, nacionalista convicto - personagem principal do livro citado neste parágrafo, é tido como louco e levado em camisa de força.

Já no século XX os estudos mostram que Sigmund Freud, através da psicologia e da psicanálise, tenta compreender a loucura. E pergunto, sem me estender muito: será que os estudos de Freud entenderam o que é a loucura? Creio que não... Aliás - há muitas coisas ainda a serem estudadas sobre a loucura e vale ressaltar que muitos artistas tentaram passar para a tela este momento de desespero que acarreta o ser humano - e, para exemplificar, vale citar a obra 'O grito', do norueguês Edvard Munch (datada de 1893). Mentalize a obra 'O grito' e pense sobre. Causa, pelo menos em mim, aflição.

E, retomando o título destas linhas, todos já fizemos loucuras para atingir determinado tipo de liberdade. Um exemplo pessoal: certa época da vida fiz uma grande loucura, e junto a esta loucura, a sensação plena de liberdade: subi numa Honda 150 Sport e, quinze dias na estrada, fui trinta quilômetros para frente de Porto Alegre. A sensação de andar pela BR 101 foi incrível - e, mais legal ainda: no Sul encontrei caminhoneiros aqui da cidade e região que assustavam ao ver a placa da moto aqui do Estado de São Paulo.

Outras pessoas, como podemos citar, buscam a sensação de liberdade em muitas coisas - inclusive em sair de casa, livrar-se dos pais (mas, lá na frente, se arrependerão). Outros buscam em coisas ruins (como drogas), outros buscam no esporte (saudável), outros em promover-se de forma galanteadora. Mas, a final, quanto valem as loucuras pela liberdade? Tem preço? Creio que sim, e podem trazer ruínas se não forem bem administradas. E você, caro leitor, qual foi a maior loucura que você imagina ter feito? 

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 20/06/2015 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.   

ESCREVER - TRANSPIRAÇÃO OU INSPIRAÇÃO? (13/06/2015)

Escrever é arte... Em verso ou em prosa. Talvez uma arte milenar que, pouco a pouco, foi evoluindo. E, às vezes, faço o jovem pensar: escrever é só transpirar ou só inspirar? Ou as duas ações trabalham juntas? Ou, em que proporções estão dentro do ato da escrita? E esta semana a tônica foi esta - e muitos argumentaram de forma majestosa.

Inclusive, alguns citaram que a escrita é um processo longo e mágico, pois através dela expressamos o que pensamos e o que sentimos - e muitas vezes faltam-nos palavras para expressar o que sentimos e pensamos. Interessante, não? É através dela que sabemos muitas coisas de nossa longa história. Ou seja, o registro de boa parte da história da humanidade se fez através da escrita - da escrita rudimentar, em cavernas. E, o mais interessante, é que tudo começou há tanto tempo que se perde na contagem dos anos. Aliás, fico a pensar: como determinados grupos de cientistas tentam datar determinados escritos?

Escrever, talvez, não seja para todos (alfabetizar é diferente do que cito aqui - de escrever como processo encantador que é). Ou, ainda, escrever é criar hábito - e poucos gostam deste hábito, pois a ele está ligado o processo da leitura. E ler também requer hábito. Requer paciência, requer - vamos dizer, um bem querer mais que bem querer... - como citou o poeta em seus versos magníficos.

Logo, creio que não há nenhum estudo voltado para o ato da escrita no sentido de inspiração, pois os grandes mestres deixaram registrado que inspiração - provavelmente - seria um por cento e transpirar, batalhar letra a letra, ideia a Idea, noventa e nove por cento. Logo, mostram que escrever requer muito esforço - ou seja, o trabalho da reescrita. E, com certeza, poucos gostam deste momento.

Se somarmos o processo - os citados acima, a leitura se faz presente para alcançar os objetivos desejados. Logo, só se escreve bem quem realmente lê, ou leu bastante durante a sua formação - e, por consequência, continua lendo. É sabido que o processo da leitura traz ao ser humano muitos conhecimentos e estes ficam armazenados em nosso cérebro e, quando solicitados, surgem e o texto segue o seu caminho pelos labirintos das ideias. Mas este caminho - labirinto - não é nada fácil.

Mas, retomando, alguns pensam e agem como se escrever fosse um ato de inspiração. Afirmativamente não, pois até os sonhadores senhores poetas precisam trabalhar muito as palavras para que estas se multipliquem em sentidos e deem novas ideias aos textos. Se Camões, em Os Lusíadas, invocou as ninfas/deusas, também podemos invocar, mas ele completou - com engenho e arte. Ou seja, com trabalho também. Aliás, diga-se de boca cheia que com muito trabalho, com muita arte deixou-nos um legado invejado por muitos povos.

Há, ainda, os que dizem que ambas trabalham juntas - melhor, que não há transpiração se não tivesse surgido a inspiração antes - a ideia de sobre o que escrever. Até é possível de concordar. Mas esquecer, negar a transpiração não é possível de aceitação. E você, caro leitor, o que pensa sobre o ato da escrita? Inspiração ou transpiração? Ou as duas juntas?

E, para finalizar estas linhas, mais uma ilustração - dia dos namorados... Muitos no entusiasmo do novo caminhar lado a lado com uma pessoa, encheu-a de caros presentes (nada contra), mas se foi apenas inspiração momentânea, vai transpirar muito para colocar em dia as finanças - pois corre-se o risco de acontecer. Então dirão o quê? Nada... Apenas transpirar para conseguir, em breve espaço de tempo, alcançar novamente a tão sonhada liberdade de escolha - que, por sinal, não está nada fácil! 

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 13/06/2015 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.

CELULAR: O FIM OU O COMEÇO? (06/06/2015)

O celular pode ser bom, mas também é ruim - duas medidas. E você já parou para pensar sobre? Os meus poucos leitores sabem que trabalho com adolescentes e estes não os tiram da mão por quase nada - uma verdadeira febre! Para eles, se o aparelho celular não estiver próximo, estão nus.

E, pensando neste fato, comecei a observar por minha casa. Tenho um garotão que mora comigo, de dezenove anos, que passa boa parte do tempo que está em casa com o aparelho na mão. Costumo dizer: conectado vinte e quatro horas. E esta semana até dei uma bronca de leve, pois o celular a noite toda recebendo mensagens! E o meu sono, leve como é, foi embora - logo, o dia passa a não ser de bom humor.

Mas não para por aí. Esta semana minha filha passando alguns dias comigo - a mesma situação. Meu Deus, onde fomos parar? E, como sempre digo: o culpado somos nós, pois demos a eles o aparelho celular. Mas, como os pais sempre dizem: na boa intenção de localizá-los, ou, quando precisarem, nos localizarem. Mas será que realmente temos esta intenção? Ou, será que eles realmente têm esta intenção?

Sabemos que temos esta intenção, mas eles nem sempre têm esta intenção, pois usam de forma inadequada. Tão inadequada que há uma lei estadual que proíbe o uso do celular dentro das escolas - pergunto: funciona? Não vou nem responder, pois sabemos a resposta correta. Agora, a pergunta que faço é: qual a situação a tomar?

Por outro lado, a tecnologia pode ajudar muito dentro de uma escola. Através dos celulares os alunos podem acessar muitos conteúdos e complementarem suas respectivas aprendizagens. Mas, se tomarmos em porcentagens, quantos alunos estão a agir assim? E, para teste (e por recomendação das Nações Unidas) incitei os alunos a procurarem outro dia determinado conteúdo: ficaram com o celular na mão assim como ficam com um dicionário - não sabem pesquisar! Apanham tanto no dicionário, como no celular!

Com um aparelho maravilhoso na mão, competente, e não sabem fazer uso! Uma geração que sabe apenas ficar trocando mensagens mal escrita (linguagem do internetês - que para a escola fica a desejar, pois esta recomenda o uso padrão da linguagem, respeitando os regionalismos possíveis), vendo vídeos que não trazem educação alguma, e imagens desagradáveis aos olhos dos mais atentos.

Notei, então, que está na hora realmente de cumprir o que as Nações Unidas recomenda: fazer uso da tecnologia a favor do aprendizado, mas começando pelo 'bê-a-bá da tecnologia' - a pesquisa. Mas pergunto: será que querem? Outra questão que levantei neste dia: não querem. Querem apenas o que lhes é prazeroso para o momento. Aprender, com certeza, não é - pelo menos para uns oitenta por cento dos que frequentam os bancos escolares.

E, para fechar estas linhas, soma-se a esta febre de uso indevido de aparelhos de celular, o fone de ouvido (a maioria), e não baixo - o que as próximas gerações de médicos agradecem, pois terão muito a cuidarem da surdez precoce; e os oftalmologistas também agradecem, pois o tamanho da letra e em uso constante, afeta a visão. Logo, o lado bom - que deveria ser usado a favor do aprendizado, não está sendo usado. Mas o lado ruim, o que leva aos males futuros e de forma irreversível, que usam sem moderação.

Então, não adianta conscientizar apenas o aluno, o jovem, nos bancos escolares. A necessidade de aprendizado se faz presente dentro dos lares: educar os adultos para que estes façam da melhor forma o uso do aparelho celular, educando os filhos para que num futuro breve não tenham tantos problemas de saúde. E, para completar, o que pensar dos mais adultos que circulam fazendo os seus exercícios para condicionamento de uma boa saúde e na mesma situação? É realmente de se pensar... 

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 06/06/2015 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02. 

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