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MÊS FEV 2020 - DIAS 01 - 08 - 15 - 22 - 29 (Textos publicados na minha Coluna 'ESCREVER... É ARTE'.)

MUITO LOUCO (29/02/2020)

Achavam-no muito louco, mais do que as pessoas consideradas normais - creio que não era quando o conheci, mas o povão insistia em dizer (e eu acabei quase concordando, quase que acreditando - mas em parte, e não num todo...).

Certa vez - o que piorou os falares sobre ele foi que o viram andando pelas ruas do calçadão, de camiseta regata, bermudão e chinelas, contando as pedrinhas portuguesas do calçamento - sendo assim, o povo não parou de dizer...

Passavam por ele, diziam bom dia, e ele nada respondia - continuava a contar as pedrinhas portuguesas do calçamento. E, para piorar, depois de quase três horas, parou de repente: 'Perdi as contas. O jeito é recomeçar.' - surtou de vez, os que estavam próximos dele comentaram um após o outro (eu, naquela ocasião, não pude dizer nada - pelo fato de não estar presente, mas concordaria com a multidão sem dúvida alguma).

O cidadão em questão, às vezes chamado de muito louco, passou deveras a ser chamado de Muito Louco para cá, Muito Louco para lá... E o tal de Muito Louco tinha manias esquisitas, apesar da idade que já tinha. Colecionava carrinhos em miniaturas, somados às pedrinhas de construtor em madeira, e fazia cidades. Aliás, vale citar que em sua casa tinha um cômodo separado só para isso. Certa vez o indaguei sobre aquela mania esquisita e ele de me disse que gostaria de fazer com locomotivas, mas eram muito caras, resolveu fazer com.

Outra mania esquisita que notei nele, nas suas esquisitices de montagens de cidades, que não havia personagens masculinos nas cenas, e me intrigou tanto que, certo dia o questionei e a resposta foi de bate-pronto, como dizem muitos por aí: 'As mulheres são seres inexplicáveis! Maravilhosas, mas há controvérsias.'

Fiquei pensando no assunto, na fala do Muito Louco, e também acabei concordando com ele. Aliás, ele me informou que cada uma tinha nome, RG e CPF, características próprias (como fazia o escritor português Fernando Pessoa ao criar os seus heterônimos: Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, Ricardo Reis - os mais conhecidos). Fui, com meus pensamentos, ainda mais longe, mais longe mesmo: será que ele gostaria de ter nascido...

E acrescentou mais: que observava as mulheres nas ruas, nas lojas, nos cafés, e a partir de suas observações criava o perfil de cada uma das personagens que fazia parte de suas cenas. Achei interessante, mas um tanto perigoso: eram montagens - algo irreal (apenas construído para deleite próprio). Um tanto estranho - pelo menos do meu ponto de vista.

E o Muito Louco, como passou a ser chamado por quase todos - com algumas exceções apenas, levava a vida numa simplicidade só: trabalhava o dia todo, de segunda a sexta (exceto sábado e domingo, que dizia ser necessário para o descanso) - havia trinta anos no mesmo lugar. E dizia gostar muito do que fazia, e que - apesar dos anos, do mesmo serviço, cada dia era diferente do outro.

Dizia sentir amor, ódio, alegria, tristeza, prazer, dor - assim como seus personagens também sentiam e transmitiam a ele - a partir dos papeis que desenvolviam nos cenários das cidades. Um certo dia, do nada, apareceu em minha casa, e me ofereceu tudo o que tinha - os cenários das cidades criadas por ele. Perguntei o motivo dele me oferecer toda aquela construção a minha pessoa - respondeu: 'Estou partindo da vida, entrando na História' - lembrei do autor da frase; retruquei: 'Sério?' - 'Sim, saiu a minha aposentadoria!'

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 29/0/2020 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.Digite o texto 

MAIS OU MENOS ASSIM (22/02/2020)

As pessoas não sabem muito bem como as coisas são, ou como deveriam ser, e apelam dizendo que deveriam ser 'mais ou menos assim' - e, sendo assim, vão levando tudo mais ou menos, sem se preocuparem nem com o mais, e nem com o menos. Apenas vivem, creio eu.

Perguntamos como elas - as pessoas, estão e estas respondem que vão levando como podem - tudo no meio termo; perguntamos aos alunos se entenderam a matéria, se estudaram - respondem que mais ou menos, e vamos deixando passar a vida - tipo na corda bamba.

E quando falamos em corda bamba, não é aquela do circo, onde o equilibrista faz maravilhas sobre a corda (recordo-me da canção 'O Bêbado e o Equilibrista', composição de Aldir Blanc e João Bosco, na voz de Elis Regina: "Caía a tarde feito um viaduto / E um bêbado trajando luto me lembrou Carlitos / A lua, tal qual a dona de um bordel / Pedia a cada estrela fria um brilho de aluguel / E nuvens, lá no mata-borrão do céu / Chupavam manchas torturadas, que sufoco / Louco, o bêbado com chapéu-côco / Fazia irreverências mil pra noite do Brasil, meu Brasil / Que sonha com a volta do irmão do Henfil / Com tanta gente que partiu num rabo-de-foguete / Chora a nossa pátria, mãe gentil / Choram Marias e Clarices no solo do Brasil / Mas sei, que uma dor assim pungente / Não há de ser inutilmente, a esperança / Dança na corda bamba de sombrinha / E em cada passo dessa linha pode se machucar / Azar, a esperança equilibrista / Sabe que o show de todo artista tem que continuar" - mais ou menos assim!) - mas sim a corda bamba da vida!

As coisas feitas no meio termo nem sempre dão certas. Os alunos que estudam mais sou menos estarão sempre com a chance baixa de estar entre os melhores, de arrumar os melhores trabalhos (após saírem de seus respectivos estudos). A vida não é um show particular, mas sim um show onde todos participamos, querendo ou não - e o pior (ou melhor - como queiram entender): não sabemos quando o show acaba - pular da ponte da vida: jamais!

Citando o parágrafo anterior, lembrei-me de dois grandes mestres da arte de falar, de encenar: Charles Chaplin e João Cabral de Melo Neto. Charles Chaplin deixou-nos o seguinte registro: "A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos." - pura verdade! E João Cabral de Melo Neto, em seu poema Morte e Vida Severina, na fala do Mestre Carpina: " - Severino, retirante, / Deixe agora que lhe diga: / Eu não sei bem a resposta / Da pergunta que fazia, / Se não vale mais saltar / Fora da ponte e da vida / Nem conheço essa resposta, / Se quer mesmo que lhe diga / É difícil defender, / Só com palavras, a vida, / Ainda mais quando ela é / Esta que vê, Severina / Mas se responder não pude / À pergunta que fazia, / Ela, a vida, a respondeu / Com sua presença viva. // E não há melhor resposta / Que o espetáculo da vida: / Vê-la desfiar seu fio, / Que também se chama vida, / Ver a fábrica que ela mesma, / Teimosamente, se fabrica, / Vê-la brotar como há pouco / Em nova vida explodida / Mesmo quando é assim pequena / A explosão, como a ocorrida / Como a de há pouco, franzina / Mesmo quando é a explosão / De uma vida severina." - simplesmente maravilhosa é a vida em si mesma! (Redundância dizer, mas vale a pena repetir que não há espetáculo melhor do que a vida em si mesma a explicar-se!)

Então, por que deixar tudo no mais ou menos? As pessoas não querem as coisas no mais ou menos, querem ou no mais, ou no menos - mas querem. Querem a vida de uma maneira tão espetacular que nem elas mesmas sabem como a querem, não a sabem decifrar - o que é um pouco pior, creio eu, dentro deste contexto; ou como diziam os modernistas de 22, que eram polêmicos, originais e debochados: "Não sabemos definir o que queremos, mas sabemos o que não queremos!" (Mário de Andrade). A vida é assim: passageira e não sabemos quando termina...

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 22/0/2020 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.Digite o texto 

HÁ 98 ANOS ACONTECIA A SEMANA DE ARTE MODERNA (15/02/2020)

Há 98 anos acontecia a Semana de Arte Moderna, realizada no Teatro Municipal de São Paulo, entre os dias 11 e 18 de fevereiro de 1922 (dias 13, 15 e 17). Tinha como objetivo mostrar as novas tendências artísticas que já vigoravam na Europa. Esta nova forma de expressão não foi compreendida pela elite paulista, que era influenciada pelas formas estéticas europeias mais conservadoras. O idealizador deste evento artístico e cultural foi o pintor Di Cavalcanti.

Vale ressaltar que não foi apenas numa arte, ou noutra, mas de forma abrangente, com destaque para os escritores modernistas: Oswald de Andrade, Guilherme de Almeida e Manuel Bandeira. Na pintura, destacou-se Anita Malfatti, que realizou a primeira exposição modernista brasileira em 1917 (suas obras, influenciadas pelo cubismo, expressionismo e futurismo, escandalizaram a sociedade da época).

Às vezes, você pode se perguntar o porquê de ter acontecido a Semana - e, segundo os estudiosos de nossa Literatura, vale lembrar que "foi um período repleto de agitações, os intelectuais brasileiros se viram em um momento em que precisavam abandonar os valores estéticos antigos, ainda muito apreciados em nosso país, para dar lugar a um novo estilo completamente contrário, e do qual, não se sabia ao certo o rumo a ser seguido". E, ainda, todo novo movimento artístico é uma ruptura com os padrões utilizados pelo anterior, isto vale para todas as formas de expressões, sejam elas através da pintura, literatura, escultura, poesia, etc. - e nem sempre o novo é bem aceito, isto foi bastante evidente no caso do Modernismo, que, a princípio, chocou por fugir completamente da estética europeia tradicional que influenciava os artistas brasileiros.

A Semana foi a explosão de ideias inovadoras que aboliam por completo a perfeição estética tão apreciada no século XIX. Os artistas brasileiros buscavam uma identidade própria e a liberdade de expressão; com este propósito, experimentavam diferentes caminhos sem definir nenhum padrão. Isto culminou com a incompreensão e com a completa insatisfação de todos que foram assistir a este novo movimento. Logo na abertura, Ronald de Carvalho, ao recitar o poema Os Sapos, escrito por Manuel Bandeira em 1918 e publicado livro Carnaval, de 1919, foi desaprovado pela plateia através de muitas vaias e gritos - os versos fazem uma sátira ao movimento Parnasiano, que precedeu o Modernismo. Já ano dia 17 de fevereiro, Villa-Lobos fez uma apresentação musical e entrou no palco calçando num pé um sapato e em outro um chinelo. O público vaiou, pois considerou a atitude futurista e desrespeitosa (e depois, foi esclarecido que Villa-Lobos entrou desta forma, pois estava com um calo no pé).

Como é sabido, a Semana de Arte Moderna sofreu muitas críticas, e só foi ter real importância ao longo do tempo, ao passo que foi inserindo as suas ideias. O movimento modernista continuou a expandir-se por divulgações através da Revista Antropofágica (com 25 Edições: 10 na primeira fase e 15 na segunda fase), da Revista Klaxon (considerada a primeira revista modernista no Brasil - uma revista sem diretor, redator-chefe, secretário - funcionava como um órgão coletivo onde todos participam das diversas etapas de sua realização), e também pelos seguintes movimentos: Movimento Pau-Brasil, Grupo da Anta, Verde-Amarelismo e pelo Movimento Antropofágico.

E, no Brasil, temos vigorando - no campo das Letras, ainda o Modernismo, que alguns estudiosos o dividem em fases, sendo: Primeira Fase (de 1922 a 1930), tendo como principais autores Mário de Andrade, Oswald de Andrade. Manuel Bandeira, Alcântara Machado; Segunda Fase (de 1930 a 1945), tendo como principais autores Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Vinícius de Moraes, Jorge Amado, Graciliano Ramos, Érico Veríssimo, Rache de Queiroz; Terceira Fase (de 1945 até nossos dias - alguns estudiosos já incluem o Contemporâneo), tendo como principais nomes Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Mário Quintana, João Cabral de Melo Neto, Lygia Fagundes Telles, Ariano Suassuna, entre outros tantos que estão a brilhar no céu estrelado da Literatura Brasileira.

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 15/0/2020 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.Digite o texto 

MOTIVOS (08/02/2020)

Os tempos são marcantes - segundos, minutos, horas; dias, meses, anos! E, pouco a pouco vamos sendo modificados. Situações que lembramos sempre, e não importa o quanto se passa - pois foram momentos sem anestesia em que fomos moldados; crescemos - e o melhor de tudo que ao crescermos, aprendemos muito!

Às vezes, cercamo-nos em demasia de cuidados. Até passamos do ponto - como dizem os fazedores de doces em seu linguajar próprio. Mesmo com tantos sofrimentos, por outro lado, ainda acreditamos no amor, na forma poética de ser (do simples existir à totalidade do ser!). E a forma poética de ser é, por sinal, transformadora.

Passamos por maus momentos, sustes que a vida nos dá (no cair e levantar diário dos pisos escorregadios que vida nos proporciona). Ferimo-nos, levanto-nos - há uma gota de fé em cada ser humano. Assim, como a chuva penetra na terra, a semente explode, e assim somos nós: sempre temos o poder de renascer.

As coisas acontecem cada uma a seu tempo - como devem acontecer. Nós também acontecemos ao nosso tempo: a dor nos molda e assim vamos crescendo até chegar a estatura de seres perfeitos. A estatura plena do intuito do Criador - verdadeiros adoradores! Assim foi o intuito d'Ele ao nos criar à sua imagem e semelhança.

Um pouco por dia somos felizes (ou até tentamos ser felizes por mais tempo; mas sabemos que há apenas momentos felizes). A felicidade não é como queremos - o tempo todo. É preciso ter fé para acreditar, para receber, para ter, para ser. E, tendo tudo (principalmente a fé), ficar firme! E, posteriormente: compartilhar o que de bom recebemos.

É preciso ter esperança de que tudo um dia pode mudar - e para melhor. Velha frase conhecida: quando não há amor, há ódio, cólera, rancor, raiva - precisamos de fortes emoções. E somente o senhor Tempo (que tanto falo) para proporcionar tudo. Somente o senhor Tempo para cuidar, dar providência, para efetuar o processo da cura.

E, quando menos se espera, quando quase não há esperança, quando apenas a fumaça fumega na lamparina, com baixa luz, esta ressurge e a luz surge de onde menos se esperava - é o senhor Tempo dando novas lições (e como nos aplica lição este senhor!). Tudo se rompe à luz, cabendo-nos olhar e escolher o caminho indicado. Raios de luz em nós!

Não nos endurecemos pelos caminhos difíceis que passamos, mas nos sirva de experiência, de exemplos para compartilharmos com o nosso próximo. E o próximo deve ser o parente ao lado, o amigo ao lado - e não o distante (como muitas vezes acontece - e ainda mais nos dias atuais com as diversas redes sociais que existem).

Querendo ou não, pensemos de forma racional: não somos donos de nosso caminhar. A vida, muitas vezes, nos contraria; mas também nos oferece um caminhar feliz (mas ao molde dela - o que torna um pouco, ou muito, doloroso tal caminhar). E, de dias tenebrosos passados, ficados na memória, passamos a ter um final feliz - cheio de paz, amor, harmonia - e fé!    

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 08/0/2020 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.Digite o texto 

CHUVA TRAZ BOAS RECORDAÇÕES (01/02/2020)

Às vezes queremos esquecer tantas coisas, mas a nossa mente em muitas situações nos trai. E pior: isso nos leva a mexer - remexer - na nossa caixinha de fatos e situações que nem sempre são as melhores a serem lembradas.

Mas, deixando de lado o que não é bom, o melhor é lembrar que muitas coisas nos propõem bons momentos - e a chuva, por exemplo, pode nos levar a pensar em coisas boas. Neste exato momento a chuva cai lá fora e me faz lembrar coisas, coisas e mais coisas (prefiro ignorar os meus pensamentos quando me trazem coisas desagradáveis).

Fácil não é, mas se faz necessário não as ter por perto. A idade vai chegando e vamos selecionando muitas coisas, inclusive o que queremos pensar, o que queremos sentir (sentimentos) - e não apenas as pessoas que queremos por perto. A vida é um caminho sem volta, por isso nada melhor que escolher em ter por perto tudo que é bom, tudo que é agradável aos olhos, ao tato, ao olfato, ao paladar...

Recordo-me do dia em que resolvi - e já com certa idade, ir 'dançar' na chuva. Foi tão bom que repeti outras vezes; rolei no chão - senti o cheiro da terra molhada. Veio-me à mente o filme "Singin' in the rain" (no Brasil, 'Cantando na Chuva' e em Portugal, 'Serenata à Chuva') - um filme estadunidense do gênero comédia musical, dirigido e coreografado por Gene Kelly e Stanley Donen e estrelada por Kelly, Donald O'Connor e Debbie Reynolds (lançado em 30 de junho de 1952). O filme se passa nos anos 20 em Hollywood na transição do cinema mudo para o cinema falado.

Veio-me à mente, também, a imagem da garota na vidraça - bem de rosto coladinho. Parecia sorver cada pingo que respingava pelo lado de fora da janela - talvez queria estar lá fora a sentir cada pingo; a estender as mãos para acariciar o inseto que pousara ali pertinho a espera do cessar das águas...

E sabe por que me veio à mente estas passagens?

Enquanto você fica a pensar do porquê de ter me vindo à mente o filme, a garota e o inseto que pousara ali pertinho - mas longe do alcance das mãos da garota, vou acrescentar algumas linhas a este texto. A cena do filme que mais me marcou: - na porta da casa dela recebe um beijo, o chofer chega e ele o manda embora, e segundos depois sai a cantar com o guarda-chuva em punho, e pela rua todo alegre, dizendo "Andando na rua com um alegre refrão apenas cantando, cantando na chuva, dançando na chuva / Eu estou feliz novamente..." - que prazer! É o amor!

Veio-me à mente o filme pelo simples fato de lá fora chover... e eu sentir a vontade novamente de estar debaixo dos pingos de chuva, de rolar no chão, de sentir o cheiro da terra... Mas, aqui dentro, o ofício me chamava; os deveres me chamavam - aulas a preparar, textos a escrever... (mas não me há de faltar oportunidades). A chuva caia lá fora e eu aqui dentro, de coração apertado, recordava-me com carinho deste momento citado acima, mas de forma ímpar em sua descrição.

No caso da garota à janela... Fico a pensar o que a garota poderia estar pensando. Quem reproduziu tal cena - de forma fotográfica ou desenho livre, teve a grata satisfação, o prazer de reproduzir uma cena inesquecível (também de momento ímpar...). Há coisas que somente a natureza pode explicar - o inseto ali parado a espera da chuva e a garota não podendo tocá-lo - uma parede de vidro os separava... A natureza e a sua perfeição!

E tudo isso me veio à mente porque somos tão pobres mortais que não sabemos aproveitara o deleite de cada momento que o Ser Maior - Deus, o Criador de tudo e de todos, nos proporciona. Raras vezes conseguimos nos ater para estas pequenas coisas - digo assim porque na idade jovem pouco me ative a tais coisas, hoje, com apenas alguns meses para completar meio século de existência, o valor que atribuo a tudo isso não tem preço - apenas quero apreciar cada coisa em seu devido lugar, dando o valor devido - sem ter medo de ser feliz!

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 01/0/2020 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.Digite o texto aqui...

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