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MÊS ABR 2015 - DIAS 11 - 19 - 25 (Textos publicados na minha Coluna 'ESCREVER... É ARTE'.)

SONHADOR ERRANTE (25/04/2015)

Muitos gostariam - e eu também, de ser um sonhador errante. Sonhador errante, do meu ponto de vista, seria viver imaginando aventuras, mas não pequenas aventuras, mas grandes aventuras. E, de preferência, sendo o herói. Aventurando-se pelo mundo infinito das Letras; do mundo da criação; da projeção literária; do reconhecimento do público; do reconhecimento dos amigos e dos inimigos - principalmente.

Mas há muitas coisas e fatos que impedem tal realização. No Interior Paulista as cidades são pequenas e medianas - raramente se encontra uma cidade de porte grande, o que se torna quase impossível o trabalho do herói. O tempo não corre em pequenos lugares - logo, não há grandes aventuras a serem realizadas. Então, o melhor a fazer é ler livros empolgantes. Ou, ainda, tentar rabiscar histórias empolgantes. É muito tempo para sonhar. É muito tempo para procurar saídas para se tornar um herói.

Ler muito - dizem os menos entendidos por ai, que confunde o cérebro. Mas sei que não, sabemos que não: o efeito é o oposto. Pode, sim, levar uma pequena, talvez simples confusão quando se tenta ser um verdadeiro herói: uma mistura entre presente e passado, entre o real e o imaginário, fatos que se fundem, se confundem e passamos a pensar que podemos ser um autêntico cavaleiro, com um fiel escudeiro (que sempre pensa em modo paralelo ao nosso) - e com a missão de ajudar os mais fracos.

Resolvi, então, visitar o sótão dos meus pensamentos - e este não é muito grande: apenas o suficiente para manter alguns fatos e coisas que jamais serão esquecidos. Achei lá muitas coisas - como se estivessem todas guardadinhas em caixinhas de um bom colecionador. Coisinhas úteis e inúteis. Algumas limpas, conservadas (como se estivessem embrulhadas em fino papel), outras não, mas nada que um bom pano para limpá-las. Deixá-las brilhando e prontas para uso - ou apenas para serem expostas a contemplações: aliás, muitas vezes gostamos de olhar para tais coisas e apenas contemplá-las.

Armado simplesmente de papeis que separam as matérias de um caderno e caneta - espada - coloco-me a escrever os mais variados sonhos; começo a escrever em prol dos sonhos dos menos favorecidos. São aventuras sonhadas há anos, mantidas longe do alcance humano; são aventuras que se perdem no espaço - talvez no chamado reino do beleléu. Digo que não sei onde este fica, mas muitas vezes já ouvi falar. Ou, ainda, em busca de novos-velhos talentos que não estão sendo granjeados - ou granjeados de forma errônea.

Retorno rapidamente dos meus sonhos de sonhador errante e projeto-me no presente: olho calmamente em volta e questiono sobre os meus amigos e inimigos - creio que são poucos (tanto de um lado como do outro - e nem sei se realmente os tenho). Todos têm pretensões, mas nem todos conseguem sair do anonimato e navegar em águas tranquilas - ou, pelo menos, em ondas cibernéticas. E penso que, de um modo ou de outro, todos deveriam ter os mesmos direitos de se ver publicáveis.

Penso também nos heróis que poderiam aparecer nos jornais, revistas e cibernéticas locais - mas são caminhos difíceis a serem trilhados; respeitados pelos seus modos de serem, de agirem e de atuarem. Muitas coisas, fatos e histórias rejeitadas. Situações possivelmente desagradáveis para alguns. Assim é o caminho do possível herói - pelo menos no campo das Letras no Interior Paulista - que deixa muitas vezes a desejar. 

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 25/04/2015 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.   

AMOR VERDADEIRO (19/04/2015)

"A melhor definição do amor / não vale um beijo / de moça namorada", do conto O Espelho, do grande mestre da Literatura Brasileira - Machado de Assis. E assim é o amor. E assim é a vida. E assim é o beijo. E assim tentamos ser: nós - pobres mortais que somos quando pensamos no verdadeiro sentido do que podemos chamar de amor!

Antes de entrar no assunto, andei lendo e vale dizer que o beijo tem vários significados em diferentes partes do mundo. No Japão, até há pouco tempo, o beijo em público era considerado obsceno. Na Rússia, é comum os homens se beijarem no rosto quando se cumprimentam. Na África, entre alguns povos, acredita-se que a pessoa beijada pode ter sua alma absorvida. Na Groenlândia os esquimós se beijam roçando os narizes... Se pesquisarmos outros sentidos acharemos para o beijo - inclusive de traição, como o de Judas em Jesus Cristo quando este foi entregue aos homens da guarda.

Por outro lado, quer coisa mais avassaladora que um beijo? Aquecedor! Sufocante! Amedrontador! Instigador! Tímido! Estimulador de sentidos e de sentimentos - e por ai vai uma fileira de vocábulos que nos leva a pensar em tantas e tantas situações. E se for um beijo furtado - mais ainda! Lado a lado, conversa vai, conversa vem e, de repente a oportunidade de roubar o primeiro beijo. Rápido. Medroso - que pode ou não encadear outros. Ou, simplesmente, um belo espaldar de mão no rosto - My God!

Creio que a citação do texto de Machado de Assis é uma das melhores que conheço. Beijos, beijos e mais beijos não valem um amor verdadeiro - ou valem? Aliás, o que é um amor verdadeiro? Sou mais "Eu possa me dizer do amor (que tive): / Que não seja imortal, posto que é chama / Mas que seja infinito enquanto dure" - do Soneto de Fidelidade, do poeta e grande músico Vinícius de Moraes. Há tantos enigmas no ato do amor que "Mas causar pode seu favor / nos corações humanos amizades / se tão contrário a si é o mesmo Amor?" - de Luís Vaz de Camões, que considero o maior poeta da Língua Portuguesa. Ao mesmo tempo ama-se com tamanha intensidade que, inconsequentemente, pode virar ódio.

Digo que amar é um ato sereno, que acontece pelo serviço do Acaso - Destino. E, por consequência do mesmo, alguns são duradouros, outros não. Então é recomeçar sempre, ou desistir do que se pode chamar de amor, de amar. Creio que alguns não nasceram para amar, ou para amores duradouros. Senhor Destino, por que fazes isso com alguns? Por que, ao invés de fazê-los assim, não os ensina a amar corretamente? Pergunto: há método para o amor?

Mas, talvez, por assim dizer, há quem realmente saiba o valor de um beijo; e ainda melhor quem realmente saiba o valor de beijar; ou, ainda, quem realmente saiba vivenciar o sabor de um beijo - ah... Como é bom o sabor doce de um beijo! Momento que fica gravado na mente até o próximo que, muitas vezes, pode demorar tempo... (Ou não acontecer...) E, aliás, o que é o tempo? Creio que somente o senhor Tempo realmente sabe o valor do amor - ou que pode ensinar o valor do amor... Ou, há quem realmente saiba o valor do amor? Há, no entanto, de ter consciência do valor da Vida!

Finalmente, pelos seus muitos significados, não há beijo de amor maior que o maternal - principalmente quando ela puxa a coberta e diz: "Boa noite, meu filho! Durma com Deus!" - incondicional, sem palavras... 

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 19/04/2015 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.    

A PRAÇA É NOSSA? (11/04/2015)

Praça é praça - e independente do lugar em que esteja. Algumas melhores, outras piores em seu estado de conservação. De forma geral o Estado, entenda-se os governantes, não está preocupado com tal situação, pelo menos é o que apresenta ao depararmos com tais recantos que podem muito bem ser encantadores.

Na antiguidade as praças públicas tinham vários sentidos, ou ocupações: tomada de decisões, apresentação de espetáculos teatrais, julgamentos, enforcamentos. Realmente um espaço público, realmente um espaço de uso do público. Em alguns lugares ainda permanecem algumas destas funções.

Na Itália, por exemplo, há praças maravilhosas, com a arquitetura ao seu redor de tirar o fôlego do transeunte. Na Inglaterra, com um outro olhar, há praças trancadas a chave, com portões, tipo particulares, por assim dizer - cada povo com sua cultura. E no Brasil - o que chama a atenção nas praças? O que mesmo?

Se pegarmos as nossas praças, digo as araçatubenses, o que há de atrativo nelas? Creio que quase nada - e a maioria em péssimas condições de uso. Não há lugar para a família - nesta hora a Constituição foi jogada no lixo!

E, dizer lugar para a família é ter espaço para o lazer, para a diversão. Ou, ainda, lembrar das caminhadas nos inícios das noites em que casais de mãos dadas eram felizes. Encontravam-se naquele espaço - e hoje muitas abrigam mendigos - que, por preconceito da sociedade chegam a proporcionar medo!

Mas gostaria de ter uma praça - talvez não tão particular, mas com algumas coisas proveitosas ao deleite dos olhos. E esta teria muito verde acompanhado de belíssimas flores (pois a nossa praça central deixa a desejar em seu paisagismo - e olha que tenho fotos desde a época em que ela era cercada com arame farpado para animais não terem acesso), com recantos acolhedores, coreto e chafariz luminoso. Imaginou?

Imaginar um espaço público onde as crianças corram tranquilamente, os mais velhos - que possam levar suas cadeiras preguiçosas para banho de sol e contemplação do transcorrer do dia; e cada um ter um espaço para produção artística ao ar livre - independente do que produza. Sonhar faz bem... Incita a imaginação.

Falar em sonho - falta ao povo coragem para sonhar, coragem para protestar pelos seus sonhos. Falta ao povo correr atrás dos seus direitos constitucionais. Do direito do bem-estar. E, acima de tudo, pagamos um dos mais altos impostos do planeta, logo deveríamos ter tudo do melhor, não é mesmo?

Logo, a praça pode ser nossa se pensarmos nas próximas eleições em escolhermos de forma mais selecionada os nossos gestores - representantes legítimos de nossos direitos (mas está difícil!) nas câmaras governamentais. Creio que o problema está no ato de pensar - de escolher, caso contrário, continuaremos assistindo a espetáculos fabulosos, mas com fitas adesivas nos lábios. 

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 11/04/2015 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.

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