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MÊS ABR 2014 - DIAS 05 - 12 - 26 (Textos publicados na minha Coluna 'ESCREVER... É ARTE'.)

SENTIMENTOS PROFUNDOS (26/04/2014)

Lá no fundo o sol se punha deixando todo o lugar alaranjado - os seus raios, misturados à poeira, faziam a cor do local mudar completamente. Mas, quando os primeiros raios de sol anunciavam o novo dia, as ruas da cidade ganhavam vida, e vida em abundância - e onde a negritude do asfalto se fazia presente, as faixas brancas intercadas, misturadas aos transeuntes, mesclavam as cores dando vida à negritude de até então.

Próximo, bem próximo, uma mulher de cabelos ruivos, laços de fita vermelha no cabelo, serenamente transitava através das faixas brancas intercaladas. Um homem vestindo calça verde, jaqueta escura, maleta preta, atravessava apressadamente pelas faixas intercaladas. Em sentido oposto vinha ele: caixa de frutas no ombro - a passos largos, possivelmente para desfazer-se logo do peso que carregava.

Os tempos eram outros - tempo de paz; de plena paz de espírito. Eram outros tempos aqueles em que buscavam ascender socialmente, mas de forma não tão brutal - e muitos conseguiram, mas alguns ignoraram os seus irmãos e, de repente, desceram numa queda vertiginosa. O lugar chamado coração tornou-se sombrio. Restou apenas o silêncio que, para muitos, pode ser o ponto de partida.

E muitos sonhos vividos - cantados e contados - imaginários ou não, e cada um com o seu. Ninguém é diferente: todos sonham. Alguns sonham mais, outros menos, outros coloridos - outros não conseguem nem lembrar o que sonharam. Milton Nascimento em uma de suas canções - 'Bola de meia, bola de gude' - diz: "Há um menino / Há um moleque / Morando sempre no meu coração / Toda vez que o adulto balança / Ele vem pra me dar a mão". E quando balança o meu coração o meu menino lembra-me que há coisas lindas no mundo, na vida, que vale sempre viver.

E olhando para trás, olhando fotos antigas, veio-me à mente passagens que fizeram parte da minha vida, e destas passagens algumas estão aliadas a textos que selecionei e passaram a fazer parte dos meus bons e ruins momentos. Dentre os muitos, recordo-me de um que cita a cidade - a cidade do autor, que tomei emprestado. Chama-se 'A vila', de Marcus Accioly.

Na maioria das vezes é sempre assim: um amontoado desordenado de pequenas casas e destas mais outras, e mais outras, e a cidade aparece: "As casas pobres se apertam / Sobre a paisagem tranquila". E, como sempre, em volta há animais no pasto.

A poeira do chão batido se espalha sobre a pequena vila que poderá se tornar uma grande cidade (ou não) e, como diz o poeta: "Há sempre alguém espreitando / A velha estrada que vem...". Era assim: pequena, parada - sempre as mesmas pessoas, dificilmente alguém de fora e, quando alguém de fora aparecia - o caixeiro viajante, por exemplo, novidade trazia.

Nas vilas, vilarejos, de chão batido, os ares são secos e, quando aves agourentas aparecem, más notícias chegam em seguida. Urubus representam bem a cena. Dizem que os ventos, cavaleiros de si mesmo, servem de mensageiros - principalmente para as más notícias, tendo em vista que as boas andam e as más voam.

Viro-me para o lado e lá estão as 'pedrinhas' (madeirinhas desenhadas) do pequeno construtor em sua caixa. Fui lentamente retirando-as, uma a uma, e a minha vila fui montando. A minha vila tornou-se cidade, tornou-se metrópole. E, como completa o poeta em seu ofício que por trás de cada janela alguém espreitava na esperança de a vila crescer, na esperança de virar uma cidade - ou que se acabe para sempre.

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 26/04/2014 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.       

EMOÇÕES E DÚVIDAS (12/04/2014)

Não sei dizer direito, mas creio que a emoção está entre as características que mais mexe com o ser humano - creio que mais que ela - mas num sentido negativo, fica a dúvida. Ter dúvida leva qualquer um ao desespero e, por consequência, a tomar decisões precipitadas, ou não. E, nestes casos, o que fazer de verdade para que tias decisões não sejam tomadas?

Sentir-se emocionado pode ser um estado de alma um pouco elevado, ou até muito elevado - talvez o ser humano não compreenda o real significado - eu, como humano, também não compreendo, apenas faço reflexões sobre o assunto. Às vezes fico a pensar nas emoções do dia a dia e pouco concluo. Agora convido o leitor também a fazer reflexões.

Às vezes concluo que o pobre coração humano não aguenta as emoções se estas acontecerem constantemente. Os batimentos cardíacos se elevam e, consequentemente, tudo se eleva e o resultado pode ser não o esperado: pode causar transtornos. Transtornos, às vezes, de certo modo irreversíveis. Mas é o fim de toda humanidade. A única certeza que temos.

Agora, terrível mesmo deve ser a dúvida - deve ser não, é. Machado de Assis - um dos maiores escritores brasileiro e fundador da Academia Brasileira de Letras - em seu livro publicado em mil e novecentos, o clássico Dom Casmurro, deixou-nos o que mais o ser humano teme - a dúvida. Houve ou não houve traição? Bentinho foi traído, ou não?

Será que Capitu o traiu? Ou será que é apenas uma colocação de um 'velho, talvez um pouco rabugento', que não se contenta em receber da vida o que lhe proporcionou? De um ser que não conseguiu seguir o próprio caminho - como deixou escrito: não uniu as pontas da vida. E ainda: ficou só em seus dias finais.

E falar em unir as pontas da vida - quem será que consegue uni-las? Ou, será que a escrita ali presente representa a realidade e condição única do ser humano? Creio que sim - pelo menos para este que vos escreve. Realidade porque no espaço de tempo muitas coisas se perdem e condição única do ser humano por ser uma criatura pensante - se estou certo? Não sei.

Então, como a dúvida é a maior crueldade presente na vida do ser humano - como resolvê-la? Ir atrás? Ou morrer com a dúvida a pender dores em gotas aos sentimentos como um todo? Eis a questão! Dúvida, cruel dúvida! Quem a sanará perante os olhos dos homens? Diga-me, senhora Dúvida, como a persuadir a contar-nos a verdade?

Se voltarmos ao livro em questão - creio que Machado de Assis está a revolver no túmulo. Um enigma que, pelo menos pelo meu ponto de vista, jamais será resolvido. Fiz, em determinado ano de meu trabalho, um tribunal para julgamento de Capitu. Interessante: todas as acusações que sobre ela pairaram não foram 'provadas'. Sentença final - absolvida! Faltam provas.

Assim é a vida ao propor-nos certas questões. Dá-nos emoções, mas também dá-nos muitas dúvidas - ser ou não ser acaba sendo a questão, ou seja - acredite ou não, e se quiser. Às vezes dizemos que o tempo esclarece as dúvidas, mas nem sempre o senhor Tempo consegue esclarecer.

Logo, ter emoções faz parte da vida do ser humano, mas ao mesmo tempo temos - ou nos é dado, proporcionado, muitas dúvidas. E como saná-las? Aí reside toda a questão que nem mesmo o senhor Tempo consegue esclarecer. E morremos na dúvida - aliás, por isso somos humanos.

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 12/04/2014 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.    

AS ESCOLHAS NA HORA DE ESCREVER (05/04/2014) 

Na hora de escrever - o que realmente escrever? Ou sobre o que escrever? Ou, ainda, simplesmente olhar para o papel em branco e ficar por mais de horas pensando o que escrever - então, qual a solução?

Outras vezes deparamo-nos frente a temas que professores passam e, por mais que somos conhecedores destes e por mais que os professores discutam o assunto, as dificuldades aparecem - e o papel continua em branco. Então, está na hora de fazer o quê?

Há muitos meios de começar a pensar sobre o assunto - e um dos primeiros é ter o hábito de escrever diariamente. E não pense de imediato em escrever histórias fantásticas, que vão mudar o mundo, mas escreva o que lhe veio à mente - a ideia do momento.

Mais um passo importante: decidir sobre qual gênero quer escrever e, a partir da escolha, leia tudo que lhe cair em mãos sobre o gênero. E pense bem: o escritor (o que trabalha com a palavra) não é obrigado a dominar tudo, mas ter conhecimento de tudo faz bem.

Outro fator importante é ler as obras dos autores que você gosta. Lendo-as, reflita: por que gosto deste autor? O que ele tem que me fascina? Qual o estilo que ele desenvolve que, aos poucos, posso buscar semelhança? Antes de escrever, emocione-se (pense: o que o faz emocionar?).

Esqueça, um pouco - e principalmente no começo, a autocrítica. Neste momento inicial de sua criação, faz-se necessário ter liberdade criativa. Ou seja, deixe fluir e depois de algum tempo faça a revisão. Lembre-se: nunca um texto está acabado no primeiro momento.

Em Literatura existe a busca da perfeição - é verdade, mas no início de uma produção ser perfeccionista pode causar um 'retardamento' na produção dos textos. Logo, deixe fluir uma grande quantidade de escritos, pois a seleção virá com o tempo.

Já pensou no tempo que você escreve por dia? Segundo alguns estudiosos, o interessante é cronometrar o tempo e a partir dele fazer pequenas avaliações nos progressos. Ou, esqueça totalmente o relógio e dedique-se a escrever enquanto fluem os pensamentos - mas sobre o tempo é fundamental pensar para evitar complicações corporais.

O interessante, principalmente para quem lê, é sentir-se instigado através das ações dos personagens - descrever é um exercício difícil, pois ao descrever tem que fazer o leitor realmente sentir a mais pura verdade. E não se esqueça: use figuras de linguagem.

Quando realmente pensar em colocar no papel as ideias, antes há um passo a fazer: compartilhe com os de mais perto para se ter uma noção de suas ideias. Talvez, para você, elas são suficientemente boas, mas no fundo pode não ser - ou o contrário. Logo, para não se perder tempo, o melhor é testá-las.

E, para terminar estas dicas que citei aqui - que as colhi navegando por vários sites da rede mundial de computadores - li-as, degustei-as e as coloquei aqui a partir do meu ponto de vista, aprenda a criar: pequenas frases, pequenos parágrafos, pequenos capítulos, pequenas histórias e assim, pouco a pouco, vai se alargando a produção. Eu, Sempre tentei colocar metas a serem alcançadas em minhas histórias - algumas deram certo, outras não; desistir - nunca!. 

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 05/04/2014 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.     

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