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MÊS FEV 2012 - DIAS 04 - 11 - 18 - 25 (Textos publicados na minha Coluna 'ESCREVER... É ARTE'.)

VIVER BEM É ARTE NA VIDA (25/02/2012)

Viver bem é uma arte - principalmente para os menos favorecidos. Considerando que viver bem é uma arte - pelo menos penso assim, logo, poucos possuem esse dom - pois os dons foram divididos entre os homens e ninguém possui habilidades em todas as áreas (que bom!). Assim sendo: o que os outros fazem - a maioria da população?

Quando me refiro ao ato de viver bem, começo pensando em viver bem comigo mesmo, a partir do meu ser - e aí começa o grande problema, ou os problemas. Estamos em constantes mudanças (e ainda bem!) e precisamos de nos encontrar para vivermos bem - e, nessa busca constante acabamos esquecendo que viver é necessário. Assim, como disse o poeta: 'navegar é preciso'.

Alguns optam por viver a sós. Será a solução de se encontrar? Creio que não - a solidão é um momento (ou momentos) que gostaríamos de deixar para trás sempre. Pensando outro dia sobre o assunto - solidão - haveria de ter em nós um pequeno botão onde poderíamos, às vezes, deletá-la; ou, simplesmente, pedir a ela que se ausentasse: seria a maneira ideal de viver um pouco. Seria - olha bem o que digo: seria.

Viver bem seria, também, ter um bom salário - ou, como alguns preferem dizer: um salário digno. Viver bem seria, também, ter direito a uma boa moradia, a uma boa saúde, a uma boa educação, a um bom lazer, a um bom poder judiciário, a um bom poder público, a uma boa administração pública, a um tanto enorme de coisas boas - será que temos? Sabemos que não - pelo menos três quarto da população não tem - mesmo os órgãos de pesquisas responsáveis por tais dados dizerem que a vida do brasileiro mudou muito, e para melhor.

A vida do brasileiro, concordo, mudou muito - mas com um detalhe que ainda faz a diferença no povo brasileiro: é acomodado. Poucos saem às ruas para protestar contra as infâmias criadas pelos sistemas, sejam eles sociais, políticos, econômicos, trabalhistas, etc. A maioria, pacíficos, ficam esperando a minoria se mexer - consequência: continuamos caminhando a passos largos, frouxos - não sei se pra frente ou para trás. Lembro-me de uma canção que remete ao assunto: 'Este é um país que vai pra frente', cantado pelos Os Incríveis.

Algumas pessoas passam a viver só e acostumam - passam a não querer mais serem incomodadas. Diga se a verdade: será que se sentem bem assim? É uma pergunta que faço ao meu próprio ser - pois vivo assim. Ou, como andei a ler estes últimos dias: será medo de enfrentar as angústias que o viver a dois oferece? Será?

Na verdade, não sei o que responder. Na verdade - como li - será que queremos viver a dois? (Ainda mais quando se passa um tempo vivendo sozinho, sendo dono do próprio nariz, sem ter que dar satisfação a ninguém...) Será que queremos mudar? Será?

Às vezes me pergunto e fico com tamanha incógnita na cabeça que prefiro parar de pensar e viver. Viver bem, viver bem melhor! Como dizem que viver é uma arte, vou tentar imitar a arte - ou a arte me imitar - o que provavelmente não acontecerá. Em que nível estou não sei, se lá ou cá, prefiro que o leitor - astuto observador textual - tire as suas conclusões. E, se conseguir chegar a alguma conclusão, que me avise, pois estou aberto ao ato de repensar sempre!

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 25/02/2012 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.     

ENTRE ANJO E DEMÔNIO, O QUE SOMOS? (18/02/2012)

Outro dia fiquei a pensar sobre anjo e demônio - e, às vezes, nos deparamos com eles bem ao nosso lado, aqui nesta Terra de bênção e de maldade - mas não é por isso que vamos desanimar. Estamos, afinal, aqui para isso: para vencer sempre; fracos são aqueles que, durante a caminhada, desistem e ceifam a própria vida - será que, pelo menos nos momentos que antecedem ao ato, não pensam na angústia que deixarão aos entes queridos?

Uma proposta difícil: escrever sobre anjo e demônio, mais anjo que demônio; fiz algumas reflexões - que você, caro leitor, pode também fazer e tirar as suas próprias conclusões. E, nas minhas reflexões de pensador desocupado (pelo menos neste momento), somos nós mesmos os anjos e os demônios. Às vezes fazemos o bem, às vezes - e sem querer, fazemos o mal: por quê? Por quê?

Nós, humanos, entramos constantemente em contradições: às vezes queremos certas coisas, logo depois queremos outras coisas - e 'assim caminha a humanidade', como diz a canção. Mas, afinal, caminhamos; progredimos. E, progredindo, poderemos alcançar a Terra prometida.

Pense num anjo; pense num demônio. A imagem ilustrativa que lhe vem à cabeça já diz tudo e é melhor que a minha escolha, se eu a colocasse aqui. Disse-me certa vez um amigo que nos meus textos seria melhor eu colocar uma imagem ilustrativa (e não a minha imagem). Acredito que sim!

E creio, ainda, que nascemos anjos - ou como disse Cícero, uma das mentes mais versáteis que Roma teve: 'Não sabermos o que aconteceu antes de termos nascidos é permanecermos eternamente crianças'. Alguns, com o correr da vida, desviam - tornam-se instrumentos do mal. Por quê? Ou, como disse Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço: 'Todos nós nascemos originais e morremos cópias' - bem interessante esta colocação que leva a muitas reflexões.

E muitas vezes me pego escrevendo sobre o anjo chamado mulher - que, e ao mesmo tempo, também não o é. Como são, em determinados momentos, terríveis! Mas, apesar do adjetivo citado, são ao mesmo tempo adoráveis (quando querem). Por quê? Será que algum dia alguma 'anjinha' me responderá o porquê de tantas contradições na alma feminina? (Cito a alma feminina porque é mais fácil falar da alma oposta, e não da alma de quem está escrevendo - a alma masculina, e sem machismo algum.)

Às vezes penso que uma anja 'torta', loira, de olhos claros fora indicada pelo Criador para estar ao meu lado - mas, como eu recusei - não tenho certeza disso (pois deve ter sido inconscientemente), sempre acabo me dando mal. Creio que a minha preferência difere do Criador.

E, lembro-me neste momento de alguns versos do poeta: "Quando nasci, um anjo torto / desses que vivem na sombra / disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida" - este belíssimo texto, o 'Poema de Sete Faces', foi publicado em 1930, no primeiro livro de Carlos Drummond de Andrade, intitulado Alguma Poesia. Gostaria de acrescentar em minhas reflexões: como será a alma feminina: anjo ou demônio?

Apesar de tudo, ainda continuarei a buscar uma resposta - e não somente na alma feminina: somos nós anjos ou demônios? Somente para um dia ter a certeza de, ou pelo menos em parte, entender e afirmar com mais convicção. Afinal, tenho que pesquisar - e muito, estou muito bem vivo, não é mesmo?

Ou, como muitas vezes ouvimos: entre anjos e demônios, a grande maioria procura a sua alma gêmea - e acaba se pervertendo para o outro lado (e de ambos os lados). Mas, refletimos sobre as palavras do filósofo iluminista Rousseau: 'Todo Homem nasce livre e, por toda parte, encontra-se acorrentado'.

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 18/02/2012 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.      

INFÂNCIA NUM BAIRRO QUASE NOBRE (11/02/2012)

Esta semana deparei-me com fatos e fotos que já povoaram a minha cabeça - parte real, parte imaginária, mas que aos poucos vão sendo esquecidos.

O bairro São João, onde vivi a minha infância e adolescência, não me sai da mente - pode passar tempos sem eu passar por lá, basta um trafegar pela rua Marechal Deodoro que tudo vem à tona. E, o começo de tudo: as torres da Igreja São João e São Judas Tadeu - um dos mais belos e conservados templos religiosos de nossa região. Lá no alto das torres os relógios que, em época áurea, marcavam perfeitamente o meu viver, o viver do povo daquela região e proximidades, pois os sons iam longe. Dos quatro lados das torres, apenas um não tinha relógios com ponteiros - lado interno - frente a frente apenas se olhavam. Os relógios marcavam perfeitamente a vida do cidadão daquela região, pois a cada quinze minutos badalavam os sinos: quinze, trinta e quarenta e cinco minutos que decorei com o passar dos anos vivendo ao lado daquelas máquinas - sem contar as horas fechadas que badalavam sem parar dia e noite. Eu que fui criado naquele pedaço de chão sentia falta quando os sinais de tempo não batiam.

Ainda, da Igreja, lembro-me de sacerdotes que marcaram em seu tempo: o padre Carmélio, que passeava pelas ruas do bairro em sua bicicleta visitando os fiéis; e, sem pestanejar, não poderia esquecer as turmas de escoteiros.

A praça São João foi um marco em minha vida. Gostava de chegar cedo ao trabalho (que era na esquina da praça, menos de duas quadras de minha casa) só para sentar nos bancos sob frondosas árvores; ou ainda, caminhar em volta da piscina central com seu chafariz que, à noite, iluminava coloridamente os que por lá passavam. Nestes mesmos bancos eu e meus amigos e amigas de trabalho nos encontrávamos e era uma algazarra só - éramos, na época, jovens e acreditávamos na força de nosso trabalho: estávamos a conquistar o mundo, pedacinho a pedacinho. Jogamos, sentados naqueles bancos, muita conversa fiada - além de alguns afagos que corriam soltos.

Na esquina o cinema - bons tempos quando este funcionava! Houve época que o mesmo lugar serviu de templo religioso. Passo por ali e lembro-me de algumas reformas que o prédio passou.

Na outra ponta da esquina da praça - com a rua Marechal Deodoro: bar - depósito de bebidas, mercado, farmácia, banco, lojas. Ali, naquele pedaço, comecei a trabalhar - todo mundo me conhecia - fui criado no bairro! Lembro-me que ao anoitecer, um senhor colocava o seu carrinho de lanche - ainda está por lá. Quantas saudades!

Neste bairro, que ainda permanece gravado em minha mente, aprendi as primeiras letras na escola 'Índio Poti'. Ah, como é bom lembrar os velhos mestres, a primeira professora - dona Marli, que nunca esquecerei! Minha mãe ensinou-me alguns rabiscos, e dona Marli ensinou-me o mundo da leitura me alfabetizando. Lembro de outros mestres: seu Quinzé, que desenhava livremente, perfeito, na lousa o mapa do Brasil; o seu Ribamar, de Educação Física: sua voz ainda soa alto aos meus ouvidos - e, digo de passagem que suas aulas começavam às seis da manhã! E sem esquecer que naquela época os meninos não faziam aulas com as meninas - e estas de saias brancas, curtas, camisetas brancas, shorts vermelhos, meias e tênis brancos - como adorávamos chegar cedo nestes dias em que elas faziam aulas!

Cresci. O tempo passou e hoje tenho saudades. Grandes feitos. Grandes lembranças que dificilmente o tempo apagará; apenas aos que partem estas ficam apagadas, mas na memória de outros estes permanecerão - e, quando seus feitos forem pesados, o de melhor praticado ficarão: jamais se perderão, mas permanecerão na luz da eternidade.

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 11/02/2012 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.       

CONVITE INTRANSFERÍVEL (04/02/2012)

Hoje há muitos convites - desde os mais absurdos, que levam à prática do mal, aos mais saudáveis, que indicam o caminho do bem. Mas o convite de hoje é um pouco diferente, intransferível: é sobre o ato de escrever.

Escrever é um ato positivo - se não o fosse, muitos conhecimentos que temos hoje não teríamos, pois os nossos antepassados deixaram muitas coisas boas registradas - e, desde os desenhos nas pedras das cavernas até nossos dias, muitas coisas aconteceram: evolução na certa!

Mas para tudo tem um preço - e a evolução também teve um preço que, aos poucos, estamos conhecendo: pagando caro, muitas vezes. E um dos mais altos preços é o distanciamento do homem perante o próprio homem - as conversas noturnas nas calçadas já não existem mais, principalmente nos grandes centros urbanos. Nas pequenas cidades ainda se vê tal prática, mas também aos poucos está se perdendo. O que fazer?

O leitor que ainda nos dias atuais tem acesso a jornais, revistas ou internet possui, até certo ponto, um conhecimento ávido do que estou escrevendo - e, com certeza, não discordará de mim. Tal conhecimento mostra que a raça humana está, aos poucos, se distanciando do objetivo de seu Criador: que é o amor. E o Filho do Criador disse-nos: 'amai-vos uns aos outros assim como eu vos amei' - e nessa situação, pergunto novamente: o que fazer?

Uma das poucas saídas que temos é lançar um convite à escrita. Escrever, escrever e escrever. Antigamente o povo tinha gosto pela escrita - poucos sabiam (mas muitos queriam aprender e não tinham oportunidade), e estes que sabiam eram rodeados, por exemplo, quando uma carta era entregue - notícias dos seres queridos seriam anunciadas. E hoje?

Hoje: ao contrário de antigamente. Muitos sabem ler e escrever, mas poucos - pouquíssimos - escrevem! Há saídas?

Quanto às saídas é fácil de dizer que sim, mas será que - principalmente os jovens - querem? Creio que a resposta é imediata por parte de todos: dificilmente um jovem quer realizar tal atividade. O poema 'Sou a palavra e te convido' - que não me recordo a autoria - traz os seguintes dizeres: 'Jovem, escreve tudo aqui / a tua palavra / a tua frase / o teu parágrafo / a tua redação / o teu nome / o teu sentimento / a tua emoção / teu secreto desejo / tua ambição / tua rebeldia / tua história / teu poema / teu discurso' - e vai mais adiante ainda. Será que o jovem realmente escreve por gosto? Ou, apenas cumprem 'tabela' nas aulas de Português?

Fiz um pequeno teste e coloquei tal poema na lousa. Solicitei espaço para que preenchesse segundo as suas convicções. Concluí que jovem tem muitas ideias. Boas ideias. Mas não as coloca em prática, por quê?

Será que estamos diante de uma geração que quer tudo pronto? Pelo menos a grande maioria é assim - e ainda bem que salvam alguns; poucos, mas salvam. O que será de nós daqui a alguns anos - e não muito distante? Onde estará a Literatura?

Fechando estas linhas, convido todos a escreverem - não precisa ser muito, mas pelo menos um pouco por dia, pois, caso contrário, em breve esquecerão os traçados correto das letras, como por exemplo: invertendo o 's', ou o 'z'. E chorar não vai adiantar muito, não é mesmo?

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 04/02/2012 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.        

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