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MÊS MAI 2012 - DIAS 05 - 12 - 19 - 26 (Textos publicados na minha Coluna 'ESCREVER... É ARTE'.)

CAMINHAR FAZ CRESCER (26/05/2012)

Esta semana recebi uma pequena mensagem de 'boa semana' e, a partir dela, começo a escrever. Fez-me refletir muito e, além disso, pensar que muitas vezes a vida é generosa conosco - e, não sabemos dar o valor devido (talvez por falta de discernimento ainda).

Generosa do ponto de vista do 'depois', pois na hora dos acontecimentos dos fatos tudo é ruim, estranho - mas depois notamos que passar por aquilo se era necessário - e como era necessário para o nosso aprendizado. Por isso o dizer 'a vida é uma escola' cai muito, mas muito bem mesmo no que estou a dizer.

Diz a mensagem que quando tudo parece caminhar tranquilamente, logo vem a vida e, com seus desconcertos - pelo menos pensamos assim - nos prega uma peça. Pensando bem, o melhor é aproveitar a bonança porque logo vem a tempestade. E a mensagem acrescenta: estas coisas não acontecem à toa - estas, as tempestades, chegam no momento de marola, ou seja, quando tudo virou rotina e estamos sem fortes emoções.

Precisamos de emoções para viver a vida, de fortes emoções, diga-se para entender melhor. As emoções nos movem. Mover significa caminhar, que significa trilhar, que significa conquistar. E conquistar significa tudo o que o ser humano quer - e cada vez com maior desejo, com maior intensidade, com maior fé na vida.

Essas emoções equivalem a fortes trovoadas que nos fazem correr; que nos fazem agir... É o mesmo que levar um pontapé - um sacolejar: um acordar. Chama-nos a rever as nossas atitudes; leva-nos a alçar novos voos. E completa ainda: são situações turbulentas que nos fazem parar e pensar; que nos fortalecem, que nos estimulam a seguir sempre em frente. Completa com: 'sem riscos não há vida', logo, viver é totalmente arriscado - mas é preciso.

O rei Roberto Carlos em sua canção 'Emoções' - que por sinal é maravilhosa - diz: 'Se chorei ou se sorri / O importante / É que emoções eu vivi' - e sempre vivendo novas emoções (e, quando possível, recordando as já vividas).

E como é preciso viver! Vivendo aprende-se muito que vale a pena viver, não porque está vivo apenas, mas porque se têm grandes emoções, grandes amigos. E - por mais que se figa por aí sobre o amigo - amigo se faz necessário ter. Ninguém vive isolado.

Pense: viver num mundo cor-de-rosa todos os dias, além de ilusório, também pode ser chato. E, acrescenta-se: muito chato! Pode ser entendido como não ter mais nada fazer, ou seja, como se já tivesse realizado tudo o que desejava. Ou - nada mais que continuar na mesma mesmice, fazendo as mesmas coisas. Onde está a verdade da vida?

E pensando em tudo isso - o ser pensante - pode concluir: o que realmente fazer?

Como cita a mensagem: se a vida lhe der um empurrão, aproveite o impulso para ir além - será que estamos indo além do que a vida nos empurra, ou estamos apenas fazendo o básico? Ir além do que a vida nos empurra significa caminhar sempre em busca de algo melhor - possivelmente maior.

E, com esses empurrões que a vida nos dá, somados aos nossos interesses, poderemos construir um futuro melhor, mais digno.

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 26/05/2012 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02. 

AS ARTES (19/05/2012)

De maneira geral as artes sempre me fascinaram - e não consigo entender qual e a razão que me leva a isso. E, em especial, a arte produzida em telas. Tais artes, além de me fascinarem com seus poderes de sedução, também me deixa angustiados.

Entre as tantas obras pelas quais, ou a partir das quais eu viajo, lembro-me perfeitamente do Retrato de Fernando Pessoa, produzido por Almada Negreiros - e tomo como exemplo o verso de Fernando Pessoa: 'Deus quer, o homem sonha, a obra nasce' - e esta encaixa certinho no que chamamos de obra de arte.

Outra artista que suas obras me chamam a atenção é Tarsila do Amaral. Estava a observar algumas obras (especificamente para encaixá-las no Curso que estou ministrando) e em 'A Negra' é possível observar as duas propostas do Modernismo brasileiro - Pau-Brasil e Antropofagia, tal como foram esboçadas nos dois manifestos homônimos de Oswald de Andrade, datadas respectivamente de 1924 e 1928. Segundo a pesquisa que fiz, nesta obra (e em outras da artista), vamos encontrar razão e emoção, contemporaneidade e tradição, modernização e arcaísmo. Fico observando os traços com que a artista fez a obra e, simultaneamente, muitas coisas me vem à tona - e, me perturbam! Sinceramente: me perturbam!

Passo a observar a obra 'Abaporu', de 1928, também de Tarsila do Amaral. Pés enormes, corpo se alongando; cabeça pequena - (foi a tela mais cara vendida no Brasil!). Estranho! E ao mesmo tempo instigante; conturbador. Talvez, desesperador.

Ainda da mesma artista: 'A Cuca', pintado no início do ano de 1924 - caracterizado pela própria artista como 'bem brasileiro' e o descreveu como: 'um bicho bem esquisito, no meio do mato, com um sapo, um tatu, e outro bicho inventado' - e, pra quem trabalha com o folclore - contos, lendas e mitos - nada melhor que citá-lo: é a intertextualidade. Entendendo melhor - é a vinda destes contos, lendas e mitos para a tela - eternizando-os, ainda mais. Literariamente falando - é a antecipação da antropofagia na obra da artista.

Outra obra que também me leva a pensar no que a 'Mulata', datada de 1927, de Alfredo Volpi está pensando. Um olhar - possivelmente - longínquo. Perdido, sentado (como ela) no horizonte. Quando digo que a obra de arte me faz viajar, digo a verdade - nada mais que a verdade que sinto em mim. Nesta mesma linha, Cândido Portinari presenteou-nos com 'Mestiço', datado de 1934, e Roberto Burle-Marx apresentou=nos 'Retrato de Cabocla'. Postos lado a lado, imaginamos a nossa mistura de raças.

Outro dia, não mais que cinco anos atrás, resolvi aventurar-me por esta esfera - não tenho o dom, já antecipo o leitor. Mas, com a ajuda de uma fada-madrinha (a minha professora), consegui realizar o sonho de ter em minha sala a minha própria tela. E fiz uma de paisagem de mar e um violino sobre a partitura. Fiz dois de rosas - que presenteei as avós dos meus filhos. Vi que não levo muito para este lado artístico - mesmo que querendo, mesmo que estando sempre sendo orientado por uma pessoa maravilhosa.

Aprendi que nem sempre apresentamos vocação para o que queremos. E o melhor de tudo, posso dizer, que tentei - e não decepcionei ao meu próprio ser. Sinto-me feliz quando os contemplo. 

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 19/05/2012 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02. 

MULHERES ESPECIAIS (12/05/2012)

Já dizia a Canção da América que 'Amigo é coisa para se guardar / Debaixo de sete chaves / Dentro do coração / Assim falava a canção que na América ouvi / Mas quem cantava chorou / Ao ver o seu amigo partir' - e há amiga melhor que as mulheres especiais que são chamadas de mãe?

Elas são assim, pois são testemunhas vivas das vidas dos filhos, são fragmentos das histórias de vida de cada filho, de cada filha. Ainda: esta amiga é a pessoa especial que conhece a música de coração do filho, da filha, e pode cantá-la quando este filho, esta filha, tiver esquecido a letra.

Acrescentando: estas amigas são a família que permitiram escolher. E, pensando em amigas, amizades, ao longo da existência do filho, da filha - estão sempre ao lado. E, em sua quase totalidade estão para o que der, e vier. São mulheres especiais, de fibra!

Mulheres guerreiras, de sentimentos, de coração. Sabem falar - e também ficam caladas, mas sabem acima de tudo ouvir. Muitas gostam de poesias, de belas canções, do amanhecer, do anoitecer, da madrugada; gostam do vôo dos pássaros ao alvorecer - do sol, da lua, dos ventos e das canções da brisa - como dizia o poeta! Possuidoras de um grande amor - principalmente pelos filhos! Amam, respeitam e, quando a dor os toma, querem-na para si. Em seu íntimo guardam os mais profundos segredos.

Por excelência, são de primeira mão! Já foram - por diversas vezes - enganadas em sua vida, mas não querem enganos para os filhos. São puras, são anjos protetores - e são feras em defesa da prole! Possuem ideais, possuem medo de perdê-lo: são humanas - querem ser amigas próximas dos filhos quando estes deixam o ninho! Sentem pena das tristezas que os filhos enfrentam; desejam felicidades aos filhos e aos filhos destes.

São mulheres de fino gosto, que se comovem quando chamadas de mãe, de mamãe! Sabem conversar coisas simples, mas também são requintadas. Falam de orvalhos, de grandes chuvas, das recordações de infância. Contam coisas belas e tristes, falam dos anseios e de realizações, de sonhos e de realidade. Gostam - muitas vezes, do silêncio. Gostam - muitas vezes, de se deitarem no capim depois da chuva e retomar o tempo de criança.

São mulheres-amigas que dizem sempre que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem uma amiga! Mulheres-amigas que fazem os filhos pararem de chorar; são mulheres-amigas que fazem viver e não ficar estes debruçados no passado em busca de memórias perdidas; amigas que batem nos ombros sorrindo, ou chorando, mas que chamam o filho de amigo, a filha de amiga, pois têm a consciência de que ainda se deve viver - e muito!

E 'Amigo é coisa pra se guardar / No lado esquerdo do peito / Mesmo que o tempo e a distância digam não / Mesmo esquecendo a canção / O que importa é ouvir / A voz que vem do coração' - completa o poeta.

E a estas mulheres especiais é dedicado este texto (que foi espelhado em tantos outros). Mulheres fortes, batalhadoras, que enfrentam a lida no correr dos dias sem quase nunca desanimar. Mulheres que vivem e amam; mulheres de força, de raça, de gana, de dor, de alegria; que tem manha, graça, sonho, que têm fé na vida - como interpreta perfeitamente Milton Nascimento. Mulher: mãe!

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 12/05/2012 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.  

LITERATURA É COM ELAS - PARTE IV (05/05/2012)

Fechando esta série sobre as mulheres na literatura brasileira, na literatura tupiniquim - como muitos por aí dizem, apresento Zelia Gattai - a nível nacional, Rita Lavoyer e Wanilda Borghi - a nível municipal. Gostaria, antes de quaisquer comentários, salientar que temos outras mulheres que merecem destaques por suas produções - tanto a nível nacional, como municipal, mas o espaço é limitado - portanto, a escolha é inevitável.

Zélia Gattai Amado nasceu em São Paulo, a 02 de julho de 1916 e faleceu em Salvador, a 17 de maio de 2008. Foi escritora, fotógrafa e memorialista - como ela mesma preferia denominar-se. Foi uma brasileira que militou na política nacional durante quase toda a vida. Foi casada durante cinquenta e seis anos com o também escritor Jorge Amado, até a morte deste. Aos 63 anos de idade, começou a escrever suas memórias. O livro de estréia, 'Anarquistas, graças a Deus', ao completar vinte anos da primeira edição, já contava mais de duzentos mil exemplares vendidos no Brasil. Sua obra é composta de nove livros de memórias, três livros infantis, uma fotobiografia e um romance. Alguns de seus livros foram traduzidos para o francês, o italiano, o espanhol, o alemão e o russo. 'Anarquistas, graças a Deus', foi adaptado para minissérie pela Rede Globo. Zelia Gattai, em seu único romance, 'Crônica de uma namorada', acompanha as dores e descobertas da menina Geane, que precisa enfrentar a morte da mãe e conviver com uma madrasta, ao mesmo tempo que experimenta transformações físicas e o despertar da sexualidade - são temas simples que, nas mãos da autora, se transformam num relato de formação minucioso.

Rita Lavoyer, professora e escritora. Reside em Araçatuba há cinco anos. Em seus textos vários temas são abordados, como bullying, os valores (como a bondade, o respeito, o respeito pela natureza), o cidadão na sociedade. É autora de vários livros, entre eles: O navegador de um barquinho de papel, O esconderijo do dragão, Natal e o Capim, O menino e a pedra, Bullying não é brincadeira (onde a autora vai acontecendo na mente de cada leitor, semeando o bem, adubando o solo familiar e acreditando que é tempo de educar para um mundo sempre melhor) e O valor de uma árvore. Outro dia a questionei sobre por onde começar a escrever, respondeu-me: 'Começar a escrever? Pela própria necessidade de me encontrar. Em cada linha há um pouco daquilo que eu quero ser ou daquilo que tento expurgar de mim. Sou a fantasia mais verdadeira de tudo o que sou e faço no afã de acertar. Não sonho uma nota azul sobre a minha avaliação. Quero-a colorida sobre cada montante de respostas que eu conseguir dar às minhas questões. Por isso escrevo-me.'

Wanilda Maria Meira Costa Borghi é escritora, pianista, compositora. É membro do Grupo Experimental, da Academia Araçatubense de Letras - e o representa no Conselho Municipal de Políticas Culturais de Araçatuba, é membro-diretor da União Brasileira de Escritores - UBE, Núcleo de Araçatuba. Em 2006 ganhou o primeiro lugar no Concurso 'Osmair Zanardi', promovido pela AAL. Lembro-me do poema 'Torre de Pizza', a partir da segunda estrofe: 'O pai, provedor, / Os filhos, bem pertinho (parece carrapatinho) / Tanta alegria, tanta comunicação (parla com a mão, parla com a mão) / A culinária, tão cheia de tradição / E a pizza que veio vitoriosa, / Pra acalmar a confusão. // Na família italiana, / A palavra final é da mamma, / Que pra ver todo mundo juntinho, / Serve a massa regada a vinho. // Bota tomate, manjericão, / O molho é feito no calor da emoção. / Bota tomate, manjericão, / E como Nero, bota fogo no salão. // Quanta! É uma torre de pizza!'.

E aqui fica o convite para as mulheres, não somente às 'Mulheres de Atenas', como cantou Chico Buarque, mas também às mulheres araçatubenses: que escrevam, escrevam, e sempre escrevam mais, pois somente assim saberemos dos orgulhos, das pérolas que Araçatuba tem. Simplesmente, simples!

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 05/05/2012 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.

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