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MÊS JUN 2011 - DIAS 04 - 11 - 18 - 25 (Textos publicados na minha Coluna 'ESCREVER... É ARTE'.)

O QUE SERIAM DAS PALAVRAS SEM A VIDA? (25/05/2011)

Por esta ideia colocaria muitas coisas no papel, mas pensando bem seria justificável trabalhar: as palavras sem a vida ou a vida das palavras? Enquanto estou aqui a pensar, veio-me outra sentença: A vida sem as palavras, então, o que seria? Seria já outro texto.

Poderia ficar num eterno brincar de jogo de palavras a completar os espaços em branco que aqui restam, como aquele aluno que pergunta: Quantas linhas, professor? Trinta, quarenta, cinquenta, sessenta, ou mais (conforme o tipo de texto) - e lá vai o aluno procurando dar vida às palavras. Um eterno teimar entre a vida e a morte, a morte e a vida das palavras, pois estas têm poder de criar, de recriar, de imortalizar, de satirizar, de construir, de destruir, de matar... De matar um coração humano.

Até de matar um coração humano... Um sentimento humano - que poder!

O eterno jogo de poder que elas exercem sobre os cidadãos é tão forte quanto maior for a cultura destes cidadãos que as tomam emprestadas. Emprestadas? Do bisavô, que passou para o avô, que passou para o pai, que passou para o filho e que este passará para as próximas gerações num constante fugidio. Jamais param no tempo. Jamais! É como o vento que nunca se sabe de onde vem e para onde vai: norte, sul, leste ou oeste - assim as palavras também.

Correndo daqui para ali, e de lá para cá, as palavras escorregam nos lábios do prosador, do contador de história, da poetisa debruçada na janela ao clarão da lua - talvez acompanhadas de violetas na janela; escorrega das penas do poeta-escritor, do contista, do autor de romances e de novelas, do jornalista - que prima pela boa apresentação da notícia; escorrega nos palcos da vida: teatro, cinema, filmes... Escorregam e vão criando imagens, criando vida, criando asas em cada mente humana. Asas da imaginação que só o homem pode ter. Só o homem pode viajar!

Imaginação que cada mente humana cria a partir da palavra. Da palavra escrita, da palavra encenada, da palavra cantada, da palavra murmurada, da palavra sussurrada ao pé do ouvido de corações apaixonados; ou, de palavras a plenos pulmões - como dos políticos em época de campanha! A imaginação só se dá ao passo de termos consciência do poder que as palavras possuem. Cada palavra adquirida, uma nova imaginação pode ter - pode criar.

A cada nova imaginação adquirida, incorpora-se junto uma nova fragrância: a magia. Esta, por sua vez, faz de cada momento um encanto. De cada encanto uma magia. Uma troca constante do amor e do ódio; da alegria e da tristeza; da paz e da guerra; do melhor de cada um e do pior de cada um. Uma constante que só as palavras podem trazer. Um subir e descer que faz o homem se expressar. Elas exercem um grande poder sobre o homem: o poder da expressão.

O poder da expressão: expressar bem ou mal. Expressar-se bem por satisfação pessoal; pelo bem de um bairro, pelo bem de uma cidade, pelo bem de um estado ou país. E por que não para salvar o planeta Terra? Tal poder de expressão pode modificar muitas coisas, inclusive as mais famosas insinuações. Pelo mal, desde a insatisfação pessoal até o mais alto escândalo possível - ou, imaginário: por este lado melhor nem entrar em detalhes.

Assim, as palavras criam um imaginário tão poderoso que aos menos avisados lhe faltam dar vida; aos mais sábios são conselhos vivos e os mais astutos são primícias de convencimento, de argumentação. Só para completar, vale lembrar o que Cecília Meireles deixou-nos: "Ai, palavras, ai, palavras, / que estranha potência a vossa! / Todo o sentido da vida / principia à vossa porta; / o mel do amor cristaliza / seu perfume em vossa rosa; / sois o sonho e sois a audácia, / calúnia, fúria, derrota..." - e assim é a vida das palavras!

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 25/05/2011 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.  

CRONICANDO (18/06/2011)

Crônicas. Nesta semana dirijo-me aos leitores que, sempre ao amanhecer, esperam ansiosamente o jornal na busca de ações novas, sejam estas por parte de algum cidadão que se apresente com algum projeto inovador - ou rejuvenescido, da sociedade (de forma geral), dos governantes - e que nem sempre encontram.

Alguns leitores buscam na primeira página o resumo do conteúdo interno - e vão direto aos assuntos que lhes interessam; outros, lentamente, folheiam-no lendo título a título até a última página e só depois retomam ao que interessam; os que possuem mais tempo olham atentamente o título, buscam na 'linha fina' a ideia resumida da matéria, descem o olhar para a foto ilustrativa e, finalmente, degustam o texto. Mas também notei que muitos vão diretamente à parte, por assim dizer, mais deliciosa do jornal: a crônica. Mas, com toda certeza, há variações de ordem segundo o público que o lê.

O público mais adulto busca primeiramente as notícias - que por vezes são pesadas. Estes também se deliciam com a parte política, com o recado dos leitores, economia, sem esquecer a leitura do editorial, pois nele reside a vida do jornal - a linha mestra, por assim dizer. O público mais jovem já tem outra preocupação: buscam o caderno de variedades - aqui o Etc... - que sempre traz comentários de bandas, de artistas renomados; um texto variado (artigo ou crônica), resumos de novelas, cruzadinhas, horóscopo, histórias em quadrinhos, programação de cinema e TV, comentários de filmes, receitas culinárias e coluna social.

Mas muitos se prendem, após vários assuntos pesados - como notícias desastrosas e política (e atentem que a política é um assunto necessário a todos) - na leitura do artigo ou da crônica. A responsabilidade de quem faz este espaço é imensa: não adianta escrever qualquer coisa; necessita-se escrever assunto do momento - a crônica desempenha este papel (exceto quando se fala de crônica literária que muitos mestres nos deixaram e que nos deliciamos até hoje, como Stanislaw Ponte Preta). Ao cronista, como a qualquer cidadão que dedique parte do seu tempo a escrever, tem o dever de andar com uma cadernetinha de anotações no bolso - assim, não se perde uma oportunidade de anotar e, posteriormente, desenvolver o assunto.

No último dia 11 de junho saiu na Folha de S. Paulo uma excelente matéria sobre o cronista Rubem Braga. Nela há uma passagem que o escritor deixou escrito: "Há homens que são escritores e fazem livros que são verdadeiras casas, e ficam. Mas o cronista de jornal é como o cigano que toda noite arma sua tenda e pela manhã a desmancha, e vai". Ainda: "Não sou um homem de inventar coisas, mas de contá-las. Seria preciso talvez dar-lhes um sentido, mas não encontro nenhum. As coisas, em geral, não têm sentido algum".

Falando, ainda, em Rubem Braga, na mesma matéria Danuza Leão faz um depoimento: "Rubem gostava de mulheres bonitas, muito bonitas, e se apaixonava por elas. A beleza para ele talvez fosse mais fundamental do que para Vinícius. Das feias, era apenas amigo". E em crônica inédita - Terraço -, para entender o espírito de Braga: "(...) A verdade é que o jardim reflete um pouco a gente, o meu é desarrumado como eu. Sou um homem quieto, o que eu gosto é ficar num banco sentado, entre moitas, calado, anoitecendo devagar, meio triste, lembrando umas coisas, umas coisas que nem valia a pena lembrar." - E como reflete!

Assim vejo-me o cronista que tento ser: no sossego de minha casa, no meu alpendre, entre as muitas plantas que cá estão florescendo - recheadas de verde: samambaias, dedinhos de moça, lírios, avencas, cactos, flor-de-maio, orquídeas, comigo-ninguém-pode, gérbera, africana, pata-de-elefante, kalanchoe, begônias, onze horas, rosas, violetas, jiboia, renda portuguesa, cabelo-de-nego - entre outras! Cadeiras preguiçosas convidam-me a sentar e sentir o ar (impuro) do final da tarde. Busco nas lembranças o ser calado que fui (hoje um pouco menos) e não consigo encontrar-me totalmente. Espero, um dia, não como o autor citado acima, mas pelo menos em parte alegrar os olhos de alguns que me lêem.

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 18/06/2011 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.  

ENAMORADOS SEMPRE (11/06/2011)

Sem superpoderes, não vieram do espaço e não sabem voar - mas estão na lista dos super-heróis: os amantes - namoradas, namorados. Às vezes são heróis e heroínas, outras vezes, vilãs e vilões - entre o bem e o mal (dependendo do campo de visão de quem analisa) - é o resumo da identidade de cada heroína, de cada herói.

Travam, estes, uma luta contínua contra o sentimento mais profundo que atormenta o homem: a vingança. Ainda: são suscetíveis a pecados (e muitas vezes sofrem por não serem perdoados).

Possuem poder inimagináveis, vivem em espaços imagináveis (ou quase reais) e querem sempre voar além dos limites da mente humana - e, às vezes, estão na lista de mais de um coração: arrebentando-os, dilacerando-os. Simplesmente amantes!

Amantes, amantes; vilãs, vilões. Lutam permanentemente contra o seu próprio 'eu'. Amante-amiga, amante-amigo! Sempre dependendo do campo de visão de cada um - ainda, talvez, a busca da identidade. Na luta contínua dessa busca profunda, o amor sofre para vencer os mais árduos preconceitos. Vence - mas nem sempre. Às vezes, na derrota, aprende. Faz reflexões.

Amanhã, dia dos namorados, são vitórias para muitos (derrotas para outros) - mas sinto o gosto de declarar aqui neste espaço mais uma vitória pessoal: bodas de algodão! Foi um ano de sonhos, mas também um ano duro, pois todo começo traz dúvidas e incertezas. Mas estamos conseguindo deixar o amor que nos uniu falar mais forte e florescer como os ramos de algodão, que representam o brotar cheio de luz de mais uma nova etapa em nossas vidas. O conviver entre duas almas diferentes, difíceis, é complicado - mas nada supera o que se sente: ainda mais um amor à primeira vista; uma conquista contínua a cada dia - e de ambos os lados.

Dedico a você, Ana Maria, este texto, pois a cada dia que passa o que sinto por você aumenta - somos pessoas completamente diferentes, mas voltados para o mesmo intuito: crescermos juntos na busca de nossas realizações pessoais, profissionais - amorosas. Somos, assim como tantos outros casais, heróis neste mundo, pois a cada dia vencemos os novos desafios que a vida nos proporciona. Feliz dia dos namorados! Feliz seja sempre o nosso dia!

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 11/06/2011 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.  

FELICIDADE SEM DORES (04/06/2011)

Antônio Carlos Jobim e Vinícius de Moraes cantaram: 'Tristeza não tem fim / Felicidade sim'. (Será?) Em 'Receita de Felicidade' Toquinho canta coisas maravilhosas e eu, a ler, comecei a viajar. Como definir felicidade?

Muitos já tentaram definir o que é felicidade, seja a partir de prosa ou verso, ou de filmes, como: 'A felicidade não se compra' - um filme dirigido por Frank Capra (EUA, 1946), que narra a história de um anjo que, precisando merecer suas asas, desce à Terra para salvar um homem que sempre fez o bem e que agora se vê dissipados seus sonhos de felicidade. Ou, ainda, 'À procura da felicidade' - (EUA, 2006), inspirado em fatos reais, que conta a história de um vendedor que vive no limite da pobreza, abandonado pela mulher, passa a criar sozinho o filho de 5 anos, acabam sendo despejados do apartamento em que vivem e são forçados a dormir em abrigos comunitários e até mesmo no banheiro de uma estação de metrô, mas com determinação, amor e a confiança do menino, o pai dá a volta por cima.

Toquinho diz que sonhar ainda é fundamental. Sonhe! Em sua receita pede pedacinhos de afeto, de ilusão, misturados à amizade; um pouquinho de paixão, pitadinha de saudade - e quem nunca teve saudade? Uma estrofe ímpar! E continua: o dom de ser mulher, de ser mãe; o sorriso da criança (inocência); o primeiro amor - a esperança. Como diz: só sendo mãe para poder dizer o que realmente é ser mãe! Criança-esperança. E quem nunca teve a ingenuidade de amar? Quatro elementos essenciais na vida humana. Na terceira estrofe: ternura, os que amam pra valer (muito amor, pois amor nunca faz mal), a vida é um arco-íris de prazer. Que doçura, que sonho! Afinal, o que é felicidade?

Em 'Felicidade', poema de José Maria de Souza Dantas, o autor diz que é feliz porque sente vergonha diante da fome, do desespero; diante da dor e da solidão; diante da alegria e da felicidade; da natureza - do sol considerador e da lua perceptiva. Diante de tudo isso não consegue mais ser infeliz - é olhar a vida de jeito diferente!

Em 'O alquimista', de Paulo Coelho, é relatado que um mercador mandou o seu filho aprender o Segredo da Felicidade com o mais sábio de todos os homens. O rapaz andou durante quarenta dias pelo deserto até chegar a um belo castelo, no alto de uma montanha, pois lá vivia o Sábio que o rapaz buscava. O Sábio ouviu atentamente o motivo da visita do rapaz, mas disse-lhe que naquele momento não tinha tempo de explicar-lhe o Segredo da Felicidade e sugeriu ao rapaz que desse um passeio pelo palácio e voltasse dali duas horas - mas pediu-lhe um favor, estendendo-lhe uma colher, onde pingou duas gotas de óleo: 'Enquanto você estiver caminhando, carregue esta colher sem deixar que o óleo seja derramado'. O rapaz foi pelo palácio - subiu e desceu escadas, mantendo sempre o olhar fixo na colher. Duas horas depois retornou à presença do Sábio, e este lhe perguntou: 'Então, você viu as tapeçarias da Pérsia que estão na minha sala de jantar? Viu o jardim que o Mestre dos Jardineiros demorou dez anos para criar? Reparou nos belos pergaminhos de minha biblioteca?' O rapaz, envergonhado, confessou que não - pois a preocupação era não derramar o óleo. O Sábio pediu que voltasse a passear novamente e conhecesse as maravilhas do seu mundo, alegando: 'Você não pode confiar num homem se não conhece sua casa.' Mais tranquilo, o rapaz pegou novamente a colher e voltou a passear pelo palácio: observando cada detalhe, cada obra de arte, cada maravilha. Tempos depois retornou à presença do Sábio, que o indagou: 'Mas onde estão as duas gotas de óleo que lhe confiei?' Olhando para a colher, o rapaz percebeu que as havia derramado. 'Pois este é o único conselho que eu tenho para lhe dar - disse o mais Sábio dos Sábios - O Segredo da Felicidade está em olhar todas as maravilhas do mundo, e nunca se esquecer das duas gotas de óleo na colher'.

Fechando este pequeno texto sobre a busca da felicidade, nota-se que em todos os textos citados acima é mostrado que a felicidade está em nós e não no outro. Cada um tem que fazer a sua parte - buscar o que é seu, e não olhar para o outro com olhar de inveja pelo que o outro faz, ou pelo que o outro recebe. Pelo contrário, espelhar-se no lado positivo do outro - pois vale lembrar que somos humanos e plausíveis de erros. Felicidade é acreditar primeiramente em si, em seu potencial.

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 04/06/2011 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.  

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