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MÊS AGO 2013 - DIAS 03 - 10 - 17 - 24 - 31 (Textos publicados na minha Coluna 'ESCREVER... É ARTE'.)

SOLIDÃO É ALGO ESTRANHO (31/08/2013)

A solidão é algo estranho. A frase, aqui comentada: 'É triste andar solitário entre a multidão' - é pura verdade, mas há quem goste - e mesmo sendo uma frase comum. E, no mais, há momentos que saímos de casa para estar entre a multidão, e solitário.

E não é apenas o físico - mas creio que o intelecto é que também precisa deste momento. Às vezes, no andar solitário entre a multidão, esbarramos em pessoas - em pessoas amigas e nem as enxergamos, em coisas e nem percebemos. Mas o intelecto permanece na ativa - mesmo que distante da realidade. Talvez a procura de uma resposta.

Alguns gostam mais, outros fazem por necessidade, pois possuem pouco do quesito chamado relacionamento. São, alguns, verdadeiros seres em potenciais, até com a vida profissional resolvida, mas ficam a desejar por este lado.

Caminhar é a questão primordial neste assunto - penso cá com meus botões. Caminhar no sentido de evoluir, de conquistar espaços - de subir degraus, de subir uma enorme escadaria para lá de cima dar valor ao caminhar percorrido. Por hora, o homem ainda precisa de solidão - ou de momentos a sós.

A amizade fortalece o ser; os laços familiares também; às vezes até os laços profissionais e religiosos. E o homem continua a vagar (caminhar), por isso alguns dizem que há necessidade de um bom porto seguro, de um ancorar - de se sentir seguro nos braços do outro. É a busca constante de se firmar como ser, como ser pensante que é. A voz interior falando, ou querendo falar mais alto.

Retomando, é algo estranho o estar só entre a multidão, o esbarrar despretensioso entre a multidão, mas que às vezes se faz necessário por algumas vezes - talvez para o processo de amadurecimento; talvez para pura e simples reflexão.

Algumas vezes tenho a vontade de isolar-me, de não dialogar com mais ninguém, de dizer ao mundo que 'se dane' - mas nem sempre é assim possível fazer. Precisamos, até certo ponto, do outro. O outro, aquele que nos apoia quando precisamos, é necessário. Faz-se tão necessário que muitas vezes desistimos de ficar só.

Conheci há alguns anos um senhor, que já se foi desta vida para outra vida - e espero que seja melhor, que viveu quase cinquenta anos sozinho - após a morte de sua primeira mulher, mas a certa altura da vida - sentindo-se só, arrumou uma companheira e esta o acompanhou no leito de doença e até a morte.

As novelas retratam que alguns tentam esse caminho, mas é muito provável chegar ao fim só. Raramente acontece isso - ou acontece somente para os maus. Sempre - os autores das novelas - dão um jeitinho para formarem pares 'quase perfeitos', mesmo que não fique 'bom'. E por um único motivo: o público quer sempre um final feliz. Doce ilusão!

Então, solidão é algo estranho, mas que se faz - em alguns momentos, necessário. É algo que, nestes momentos, o homem tenta se encontrar. Mas é quase que impossível e volto a dizer, fechando este: doce ilusão.

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 31/08/2013 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.     

TECNOLOGIA A NOSSO FAVOR (24/08/2013)

Falar em tecnologia não é algo complicador mais em nossos dias, mas pelo contrário: faz-se necessário. Por um lado, os mais novos, são quase todos tecnológicos - pelo outro lado, os mais velhos, sofrem com toda tecnologia e necessitam de ser ensinados.

Abordarei não apenas o aprender/ensinar, mas também o possuir tecnologia. Começarei pelo último - possuir tecnologia, pois este se faz mais notório. Será que precisamos ter tudo que está à disposição? - digo, por exemplo, o celular?

Nos dias atuais os jovens querem não apenas ter o celular para o uso que foi criado, mas querem sempre tê-lo para exibir ao outro; e de preferência, como tendo 'o melhor'. Mostram-se mais preocupados com o ter do que com o ser - e não com a funcionalidade do mesmo. Será que o ter faz sentir-se 'ser'? Será que o ter o faz feliz?

Sentir-se 'ser' significa estar por dentro de tudo novo que está acontecendo. Significa, também por necessidade, ter. Significa ir além do ser - pelo menos foi o que alguns jovens que andei sondando disseram. Ter o objeto de desejo é algo muito importante para o jovem - mesmo que, dias depois, não tenha como sustentá-lo - como é o caso do celular.

E falando em celular, sabemos que não é permitido o uso do mesmo em sala de aula - lei. Mas será que realmente precisaria ter a tal lei? Será que a família, e o indivíduo - por consequência, não reconhecem o que ele está causando? Auxiliando a derrota do sucesso?

Ser tecnológico é questão de tempo - temos que nos adequar. Hoje o tempo está correndo velozmente. Creio que mensalmente temos versões diferentes de modelos de celular - imagine a troca que estes jovens realizam anualmente! E o descarte, para onde vai? É outra questão a pensar.

Sou um profissional que penso um pouco mais longe e há alguns anos já uso os meios tecnológicos a meu favor. A maioria dos trabalhos que peço é entregue via e-mail. Inclusive, incentivo-os a produzirem os seus próprios blogs. Creio que deveria ter uma disciplina na escola que tratasse diretamente a tecnologia com mais atenção. E, quando se faz necessário, autorizo o uso do celular em sala de aula para pesquisa. Usar a ferramenta que eles têm traz mais lucro...

Os mais velhos sofrem para aprender a fazer uso tecnologia. Mas muitos já estão se dedicando a aprender a tecnologia, a fazer uso dela corretamente. A tecnologia leva - quando bem usada - a viajar no tempo e espaço. A viajar por entre os mapas, bibliotecas e museus; leva a conhecer as muitas imagens disponibilizadas e delas tirarem seus suspiros - e a exemplificar: conhecer as terras dos ancestrais através da internet.

Nota-se que aprender não é fácil, ainda mais para uma geração que fazia enormes contas matemáticas apenas 'de cabeça', como diziam. A geração de hoje rompeu com tudo isso e, com toda tecnologia a seu favor, ainda se perdem nos cálculos matemáticos.

Aprender não é fácil - e na área tecnológica dificilmente um que sabe gosta de ensinar o que não sabe (principalmente aquele que sabe muito). Temos as exceções, é claro. E ter paciência para ensinar os mais velhos e algo que pode complicar um pouquinho mais. Então, pense direitinho: tecnologia se faz necessário - então, apropriemo-nos dela. 

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 24/08/2013 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.    

HÁ FLORES NA CIDADE (17/08/2013)

O poder de uma flor vale muito em seus efeitos. Está presente - como muitos já disseram - em todos os momentos: nascimento, desenvolvimento e morte. Basta acompanhar o que é proporcionado ao ser humano por estas maravilhas: as flores.

Paulo Coelho escreveu: "Quem tentar possuir uma flor, verá sua beleza murchando. Mas quem apenas olhar uma flor num campo, permanecerá para sempre com ela. Você nunca será minha e por isso terei você para sempre." - colhê-la, ou não, eis a questão.

Nestas duas últimas semanas a nossa Araçatuba - assim como imagino em outras cidades - está recheada de flores: ipês! Maravilhosas árvores que encantam a paisagem em seu fim de tarde. Ir além das flores é a pretensão destas linhas.

De onde trabalho até a minha residência, mais de sete quilômetros, sendo boa parte em longas e movimentadas avenidas que, nesta época do ano, ficam com seus ipês bem florados, e, após a sua florada, está deixando um verdadeiro tapete - sou apaixonado pelos ipês roxos.

Agora, após o tapete construído e deixado no negro asfalto, começarão a surgir - melhor, a ressurgir a vida. A vida como um todo e num pouco espaço de tempo. Agosto - já estamos findando o segundo terço do mês e logo surgirá a primavera.

A vida passará a renascer - em poucos dias as árvores com menos verde passarão a ter mais verde - é a vida retomando o seu curso: folhas, folhas e mais folhas; pássaros, em seus ninhos aconchegantes, buscarão o seu acasalamento e em breve novos piados surgirão; novas plumagens a cruzar os céus em algazarras.

Ela, a vida, não volta atrás, sempre ressurge. William Shakespeare deixou escrito: "O tempo é algo que não volta atrás. / Por isso plante seu jardim e decore sua alma, / Ao invés de esperar que alguém lhe traga flores" - e você, já pensou sobre? Já fez? Já plantou o seu jardim - e no amplo sentido possível? Decorou a sua alma? - outros dizem: não corra atrás das borboletas, cultive flores, pois elas virão. E então?

E a pensar bem sobre a beleza das borboletas, sobre o que elas fazem ao enfeitar a natureza, vejo um só problema: o seu processo de reprodução. Mas, por outro lado, não sou e nunca hei de querer ser o reformador do mundo - portanto, é o meu pensar expresso aqui, e nada contra o Ser Maior. Ele fez assim, e assim permanecerá, creio eu, até a consumação dos séculos.

Lembro-me, neste instante, de Cazuza: "Flores são flores / Vivas num jardim / Pessoas são boas / Já nascem assim / Flores são flores / Colhidas sem dó / Por alguém que ama / E não quer ficar só" - maravilhoso! As flores só estão vivas se estiverem no lugar certo - cultivadas; os homens nascem bons (o meio os transformam); flores enfeitam o Homem - não querem ficar sós.

Pensando no citado acima - e o Homem, carrega-se de flores? Vive-se de flores? Ou, ainda, pensa como um botão que tenta abrir? São tantas buscas que acaba enchendo-se de espinhos que, por vezes, fere-se; que, por vezes, fere aos outros. Mas foi feito de pó e ao pó voltará: é a máxima da vida - e coberto de flores. Quantos mistérios contidos numa flor! Pétala a pétala - e em seu todo: folha a folha, espinho a espinho. E o Homem caminha cada vez mais em busca de si... 

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 17/08/2013 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02. 

BIBLIOTECAS FLUTUANTES (10/08/2013)

Sempre digo que a sala de aula é um verdadeiro laboratório - que as redações são verdadeiros seleiros de ideias. Leio-as anotando as boas ideias que, somadas às vivências pessoais, podem gerar boas histórias.

Há muito tempo lembro que anotei a ideia de se ter uma biblioteca flutuante. Explicando: não que houvesse um prédio que flutuasse, mas que ao entrar na biblioteca os livros saíssem das estantes e viessem ao encontro do leitor. Já imaginou?

Eu já imaginei. E a minha imaginação é bem fértil. Imaginei-me encontrando com vários personagens: indagando e sendo indagado. Eu perguntando sobre o fantástico mundo literário, fictício e eles - os personagens, indagando-me sobre o mundo real, sobre o mundo que temos apenas uma única certeza: o passar desta vida, deste plano para outro - isso para quem acredita.

Creio que já escrevi algo sobre - ou quase sobre, mas gostaria de ir um pouco além: gostaria de ter o prazer de falar com o escritor de cada obra. Seria o máximo! Você já se pegou pensando nisso? Qual seria o seu primeiro escritor que lhe veio à mente?

Imaginei que, segundo os meus pensamentos, determinados escritores não gostariam de serem perturbados; ou, ainda, poderia ser noite onde ele estivesse e, logo, estaria dormindo. Logo, imaginei também que, com toda a tecnologia que se tem, passaria a mão sobre o nome do autor e, se ele quisesse conversar com você, caro leitor, ficaria seu nome em neon verde (caso contrário, vermelho) e, em instante, em passe de mágica - ele se apresentaria e o papo fluiria.

Alguns encontros poderiam ser em belas tardes - como passar a tarde em Itapuã, acompanhado de um bom vinho, de um bom chá; outros poderiam ser numa noite fria - pois alguns autores são de hábitos noturnos, acompanhados de um boa bebida quente, possivelmente um chá. Como é bom sonhar! Como é bom ter mente fértil - criativa! Sonhar acordado.

E fiquei pensando em alguns autores - como Manuel Bandeira, que teve as suas obras poéticas apresentadas num sarau de grande sucesso na última noite de sexta-feira no teatro 'Castro Alves' - e o próprio aplaudindo de pé os participantes que apresentaram a sua magnífica poesia. Outro cidadão que gostaria de encontrar: o grande mestre Machado de Assis e acabaria, com certeza, com a eterna dúvida - Capitu traiu, ou não, Bentinho? E com a resposta machadiana elucidaria a mente de muitos alunos teimosos que tentam achar um lado ou outro da moeda - lembro-me, agora, da Mariah S S - aluninha brilhante e teimosa, mas que defende com fortes garras as ideias que acha pertinente! Gostaria de encontrar-me com Monteiro Lobato e convidá-lo a aceitar a presença de Mraiah para debatermos a crítica que ele fez a alguns nomes que fizeram a Semana de Arte Moderna - dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922. Ah! Como passaria apertado!

Gostaria também de me encontrar com Clarice Lispector e Cecília Meireles. A primeira pelo tom de seus textos introspectivos (apesar de ela mesma deixar claro que, às vezes, não sabia o motivo de ter escrito aquilo) e a segunda pelo simples motivo de achar sua obra muito boa! Apreciem sem moderação estes versos: 'No último andar é mais bonito: / do último andar se vê o mar. / É lá que eu quero morar.' - magnífico, não?

Ficaria, sem sombra de dúvida, escrevendo sobre outros autores que gostaria de levar um papo 'cabeça' - mas o tempo é curto, o espaço é pequeno. Por este momento ficarei apenas a desejar uma biblioteca que flutuem os meus pensamentos.

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 10/08/2013 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02. 

QUE MUNDO, MEU DEUS! (03/08/2013)

Outro dia li que 'humor é o único meio de não sermos tomados a sério, mesmo quando dizemos coisas sérias, que é o ideal do escritor' - segundo M. Bontempelli. Bem interessante a colocação, e os escritores que o digam! Somente a artimanha do uso da palavra proporciona plenamente isso ao ser humano. É, talvez, a realização plena do ser humano em sua expressividade. É a magia da palavra que faz os corações sentirem-se unidos.

'Humor é a arte de virar no avesso, repentinamente, o manto da experiência para pôr à mostra o forro da verdade', segundo L. Folgore. E quem que já, mesmo que de forma despretensiosa, nunca fez tal coisa? Creio que todos já fizemos.

Mark Twain deixou escrito: 'A fonte de humor não é a alegria, mas a mágoa, a aflição, o sofrimento. Não há humor no céu.' - portanto, use, abuse, mas aprecie com moderação, pois todo o excesso faz mal e já é sabido há tempo.

Como bem disse Aparício Torelly: 'Este mundo é redondo, mas está ficando muito chato' - e, para quem não sabe, o cidadão citado acima foi um dos brasileiros que soube com maestria mostrar como as pequenas frases cristalizadas podem persuadir. Pequenas frases que veiculam verdades de cunho generalizante. Genialmente falo de Barão de Itararé.

Há um provérbio chinês que diz que 'o plantio é opcional, mas a colheita é obrigatória'. Por isso deixo o registro que saber expressar-se, ter comunicação clara e objetiva, saber ouvir: faz-se necessário a qualquer ser humano.

Batalhar faz parte, mas o planejamento faz a diferença - e em qualquer situação, pois o planejamento indica condições de conhecimento de causa. Muitos não o fazem, logo, afundam-se na própria ignorância.

A ousadia se faz necessária - e não deve ser entendida como 'querer se aparecer'. Deve ser entendida como busca de desafios - e o mundo moderno traz-nos tais desafios. Como se diz - o limite não deve existir ao ser humano, pois cabe a cada um construir o seu próprio destino; somos o fruto do que plantamos, somos fruto do nosso próprio esforço.

Pensando nos itens citados, fico a imaginar como algumas pessoas são. Não olham para o próximo como ser da mesma espécie - e racional - mas com olhar superior, ou se achando que são superiores, mas na verdade não são. Esquecem daquela máxima que todos passarão pelo mesmo destino: a morte, onde tudo se encerra, sem distinção de cor, credo religioso ou situação financeira. O Ser Maior é justo!

E o que faremos, então, com estes que assim pensam? Poderia usar a frase do próprio Barão do Itararé que diz que 'quanto mais conheço os homens, mais gosto dos cães, capazes de mordê-los' - é de se pensar.

E de se pensar muito. De pensar tanto que finalizo com duas máximas do Barão: 'O tambor faz muito barulho, mas é vazio por dentro' e 'Houve um tempo em que os animais falavam. Hoje, eles também escrevem.' - pensem!

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 03/08/2013 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.  

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