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MÊS MAI 2016 - DIAS 07 - 14 - 21 - 28 (Textos publicados na minha Coluna 'ESCREVER... É ARTE'.)

SOMA DE LÁBIOS (28/05/2016)

Beijar é uma arte. E a definição não é minha, e cada um define o beijar a seu modo. O escritor Olavo Bilac deixou-nos escrito: 'Quero um beijo sem fim, / Que dure a vida inteira e aplaque o meu desejo!' - ou, diria, beijar sem fim - beijos constantes.

Mas, muitas vezes já apoiei a minha produção textual em falas deixadas por Machado de Assim - a quem admiro muito, e também estou sempre a ler, reler: 'A melhor definição do amor / não vale um beijo / de moça namorada' - amor, beijo; um pelo outro, talvez... Ou, apenas beijos furtados, com sabor variado de pecado.

Shakespeare: 'Por dois beijos dissipamos / reinos e províncias' - reinos, províncias, vidas: e lá estamos a aplacar os rumores, remorsos e aflições da vida (ou causar ainda mais): e neste instante lembro-me da obra machadiana Memórias Póstumas de Brás Cubas que, entre os capítulos 53 e 55 cita a questão do primeiro beijo entre Brás Cubas e Virgília.

Carlos Drummond de Andrade cita que 'Amar a nossa falta mesma de amor, e o beijo tácito, e a sede infinita'. Nada melhor que nos amar, e sempre em primeiro lugar, depois ao próximo - costumo fazer simbolicamente o gesto de beijar a palma de minha mão e, esparramar os beijos dado nela pelo meu rosto: Amo-me em primeiro lugar!

Agora, no silêncio, após um olhar sedutor, nada melhor que 'Um beijo encharcado / de sabor de pecado' (Flora Figueiredo). Nada melhor lembrar que 'E foram tantos beijos loucos / Tantos gritos roucos como se não se ouvia mais / Que o mundo compreendeu / E o dia amanheceu / Em paz' - Chico Buarque. E no silêncio dos lábios, ardentes, muito se pode sentir. E Fernando Pessoa completa: 'Não deixe a vida que eu deseje / mais que o que pode ser teu beijo'.

Ou, lembrando belas canções, vale citar Samuel Rosa e Chico Amaral: 'Me dá um beijo / porque um beijo é uma reza / pro marujo que se preza' - rogo-te, sim, humildemente rogo-te um beijo, que seguirão outro, e outros. Na canção Um Beijo, interpretada por Luan Santana e escrita por Sorocaba, diz: 'Um beijo fala mais que mil palavras / Um toque é bem mais que poesia' - é de se pensar, não é mesmo?

Muitas canções falam de beijo, por isso o meu dizer que é uma arte. Ivete Sangalo: Na base do Beijo; Irmãs Galvão: Beijo Doce; Turma do Pagado: Beijo Roubado; Negritude Junior: Beijo Geladinho; Zezé di Camargo e Luciano: Dou a Vida por um Beijo; Cláudia Leitte: Beijar na boca - entre outras e, para encerrar, que tal um verdadeiro hino ao beijo? De preferência na voz de Gal Costa, a canção Todo Beijo (escrita por Marcelo e Graça Motta): 'Todo beijo, seja qual for o desejo / Quem há de dizer que não? / Dente, língua, coração / Seja a boca exata ou não / Todo beijo em si é sempre são / Todo beijo, seja qual for o desejo / Quem há de dizer que não? / Dente, língua, coração /

Seja a boca exata ou não / Todo beijo em si é sempre são / O desejo quando não mora no beijo / Deve estar em algum lugar / Sexo, sina, solidão / Todo beijo em si é são / Quando esse desejo enfim for seu' - e assim o é.

Encerrando estas linhas, vale lembra que o beijo tem em sua trajetória muitas histórias a contar, inclusive muita simbologia - até traição: com um beijo Jesus Cristo foi traído, não é mesmo? E assim, a passos lentos (creio eu) caminha a humanidade. E, seduzindo aqui, ali ou acolá, o beijo ainda traz em sai muito de - quem sabe podemos dizer: de pureza!

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 28/05/2016 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.  

OS PREÇOS QUE PAGAMOS (21/05/2016)

Há muitas coisas na vida que não sabemos bem o preço - mas pagamos um valor muito grande para tê-las (ou por querer tê-las, e nem sempre conseguimos). Mas, como diz o poeta Fernando Pessoa: 'Valeu a pena? Tudo vale a pena / Se a alma não é pequena. / Quem quer passar além do Bojador / Tem que passar além da dor. / Deus ao mar o perigo e o abismo deu / Mas nele é que espelhou o céu.' - magnífico!

Assim, para termos determinadas coisas, pagamos preços mui altos. Mas queremos. Pagamos. E, só depois, vamos analisar se valeu a pena - mas, mesmo que não tenha valido, temos a grata satisfação de ter tentado (tudo vale a pena). E tentar faz parte do jogo da humanidade - e jogamos constantemente na busca de novos ideais. E, por sinal, como o poeta diz: 'não temos alma pequena'. Não temos mesmo.

E temos que passar do Bojador. Bojador é... Bem, nos tempos das caravelas, as pessoas achavam que o mundo era plano e que quando chegava no horizonte, havia uma queda e o mundo acabava. Essa linha que separava o mundo do fim do mundo se chamava Bojador. Na linguagem poética, passar além do Bojador significa ter coragem de enfrentar os próprios medos. Pois os marinheiros acreditavam que teriam morte certa se fossem além do Bojador. Na atualidade, nada mais do que enfrentar os problemas... E, enfrentar os problemas, é enfrentar dores. E os labores.

E olha que interessante: o mar é perigoso, mas convidativo; é sedutor. Tem os seus limites ancorados pela terra. Mas também tem o abismo - vales profundos em seu interior que atrai o homem ao desconhecido, ao misterioso. E, por outro lado, já foi - é, e sempre será um enigma inspirador de grandes histórias. De grandes poemas. Consiste, talvez, no olhar mais profundo de um sonhador - vivenciar o mar! E, para completar, respingou o céu no mar.

Respingar o céu no mar. Refletir o céu no mar. Espelhar o céu no mar. Os olhos do poeta... Da poetisa... Do escrivinhador... Creio que para compreender tal magia, somente conhecendo o mar de perto. E saber que o mesmo,só ultrapassa os seus limites quando a fúria do Poderoso está nele, caso contrário - chega na areia, apaga os nomes nela escrito, e retorna ao seu lugar de origem. E, como o próprio Fernando Pessoa escreveu: 'Ó mar salgado, quanto do teu sal / São lágrimas de Portugal! / Por te cruzarmos, quantas mães choraram, / Quantos filhos em vão rezaram! / Quantas noivas ficaram por casar / Para que fosses nosso, ó mar!' - vale, ou não vale a pena?

E, próximos de nós estão os que nos acompanham, os que nos espiam dia a dia, esperando uma brecha para nos fazerem pagar altos preços pelos nossos erros, pelos nossos atos não pensados (ou atos de desespero, às vezes). E sempre somos atirados em nossos atos, pelo menos na maioria das vezes - ainda mais quando sabemos que é tudo ou nada! E aparecem as brechas, e lá vamos nós com palmadas e tudo mais. São os custos que devem ser pagos por tentarmos ser quem somos, ou quem estamos tentando ser.

E, para terminar estas linhas, outro dia li que saudade é o preço que pagamos pelos bons momentos vividos - pensou nisso já? E como temos saudade - não é mesmo? Logo, como temos na vida bons momentos - e, às vezes, não sabemos valorizá-los. Precisamos aprender a valorizar. E, saudade, é uma palavra que poucos idiomas a possuem, mas que faz uma grande diferença - e está presente em todos os seres humanos. 

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 21/05/2016 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02. 

BEM QUE SE DIZ (14/05/2016)

Bem que se diz: ouvimos tantas coisas, mas tantas coisas que, das inúmeras coisas que ouvimos, em poucas passamos a acreditar. Mas é assim mesmo - e algumas valem a pena poder acreditar - e, às vezes, de perto conferir - como um Tomé na vida. E, para este ponto de vista, há muitos assuntos que podem ser abordados.

Quando se trata de educação, por exemplo, é tão bom acreditar que alguns jovens possuem um potencial enorme, além de possuir (o que muitos possuem), alguns jovens conseguem desenvolver, conseguem ficar em evidência. Esta semana tive a grata satisfação de contemplar isso: uma avaliação externa e o aluno gabaritou a prova de Língua Portuguesa - o que de muito não via! Fiquei orgulhoso em ter um aluno assim.

Há outras coisas que dizem por ai - velhos ditados, por exemplo, que pra juventude de hoje não tem muito sentido. Talvez não tenha sentido porque não conseguem entender tais vocábulos, porque hoje em dia o vocabulário dos mesmos está pobre, tão pobre que determinadas músicas não passam de meia dúzia de palavras - e sem sentido, não é mesmo?

Outra coisa que se diz também: que cada um faz como pode... E, pensando assim, vejamos a nossa política: mandos e desmandos e ninguém sabe direito quem manda. Ou, pior ainda: manda quem pode e obedece quem tem juízo. E alguns não têm juízo, cometem certas atrocidades e depois tentam pousar de bonzinhos, de arrependidos.

Mas como nem tudo são flores, e nem tudo dissabores - apesar de alguns dizerem que o meio termo seria o melhor (eu não vejo assim: pra mim a situação é ou não é) - há flores ainda pelo caminho. E há flores lindas pelo caminho - quer dizer que nem tudo está perdido: ainda há salvação, embora tardia, talvez o obreiro da última hora: o que importa é arrepender-se, como Cristo disse ao estar crucificado àquele salteador ao seu lado que ainda estaria com ele no paraíso aquele dia.

Bem que quiseram avisar de muitas coisas sobre o nosso país. Melhor ainda: bem que quiseram avisar sobre a política de nosso país - e como estamos? Estamos com uma presidente afastada, com um vice-presidente como presidente em exercício, com parlamentares afastados, com a economia à beira do caos, com a credibilidade abalada. E agora: o que fazer? Uns dizem uma coisa, outros dizem outra - e será que logo mais saberemos o realmente aconteceu nos bastidores da nossa política? Ou, apenas os nossos netos terão acesso à realidade de hoje?

Hoje somos um povo que estamos caminhando em corda bamba, ou quase - sem saber ao certo o dia de amanhã. Mas, sempre tem quem diga: há uma luz no fim do túnel, mesmo que o fim esteja longe ainda. E lá aparece a dona Esperança e o povo, de mãos unidas, saem às ruas pedindo por justiça (defendendo também os direitos políticos e constitucionais) - e defendendo os seus direitos: e esquecem quem está no poder. Apenas querem saber de defender o seu país de pessoas de má índole.

E diga-se de bom tom: somos brasileiros e lutamos pelos nossos direitos. Ainda somos, por assim dizer, uma nação muito jovem, mas que já sofremos muito com os que usurpam o poder, ou que o usam em favor próprio. Mas, brasileiros que somos, jamais desistimos. E completamos com a frase: sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor. Desistir jamais!

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 14/05/2016 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.  

INTRIGA DA OPOSIÇÃO OU A CAIXA DE PANDORA (07/05/2016)

Esta citação: 'intriga da oposição', ouvimos constantemente - e, politicamente falando, quando se está na oposição tudo vale 'recolher' para virar conversa prolongada depois. Aliás, não é só na política, é em tudo - vou dizer assim porque alguns não acreditam em política, melhor, dizem que odeiam política - mas sempre vou afirmar que estamos a fazer política a todo o momento - e não há quem me convença do contrário.

E a intriga está, na política, em todas as esferas: municipal, estadual e federal. No momento estamos ouvindo muito sobre a esfera federal: são denúncias e mais denúncias - e estão sempre se fazendo de desentendidos. Discutem e não há um ponto final - parece que não há pensamento em acabar logo e retomar o desenvolvimento nacional. São acusações e mais acusações - quase que sem fim. E o povo tem que caminhar; a economia tem que caminhar; a vida tem que continuar.

Mas não fica apenas lá na esfera federal. Na esfera estadual temos muitas coisas a se falar - se são verdadeiras ou não, não sei - não sou juiz para julgar, mas as intrigas partidárias existem e as acusações estão presentes: parlamentares acusando parlamentares e acusações contra o executivo. Por exemplo, sobre o caso da merenda escolar aqui no Estado de São Paulo, questões sobre o metrô, entre outros assuntos que estenderíamos por alguns quilômetros de letras... E nós, eleitores, ficamos no meio - não sabemos corretamente o que dizer: pois há provas e contraprovas - logo, o que fazer? Que caminho indicar?

Na esfera municipal - onde tudo deveria ser estudado com mais cautela - inclusive o eleitor pensar mais sobre a pessoa a quem vai depositar o seu voto de confiança nas urnas (legislativo ou executivo), também existem problemas - e muitos são graves. É um jogo de empurra-empurra que dá até vergonha de comentar. Mas, não vamos longe: quem exerce o poder executivo afastado do cargo, e temos também do legislativo parlamentar afastado do cargo. Mas, o que mais preocupa é olhar e ver que poucos dos que lá estão se mostram empenhados em desenvolver as funções para as quais se habilitaram a fazer. Alguns, durante o mandato, pouco - ou quase nada fizeram, e creio eu que sairão às ruas nas próximas eleições... Fique de olho, eleitor!

Como disse, as intrigas não estão apenas da esfera política. No dia a dia das pessoas também. Há seres humanos procurando erros no outro para usar destes erros a seu favor - e não são poucos! Ainda há aqueles que, além de ficarem na espreita para colherem os erros alheios e os usarem a seu favor, ainda saem depois falando aos quatro ventos. Mas, as intrigas sempre existiram - creio que, mitologicamente falando, desde a abertura da Caixa de Pandora. E, para quem não sabe, a Caixa de Pandora é um mito grego no qual a existência da mulher e dos vários males do mundo são explicados. Tudo começa quando Zeus, o deus de todos os deuses, resolveu arquitetar um plano para se voltar contra a ousadia de Prometeu - que entregara aos homens a capacidade de controlar o fogo. Para tanto, Zeus decide criar uma mulher repleta de dotes oferecidos pelos deuses e a oferece a Epimeteu, irmão de Prometeu - e junto, a caixa.

E diz o mito que, não contendo a curiosidade, Pandora abre a caixa e, ao abri-la, todos os males físicos, sentimentais e espirituais que atormentam o homem são libertados e circulam até hoje pelo mundo causando os males que temos conhecimento. Assim, a vingança de Zeus estava feita: todos os homens passaram a sofrer e a vingança contra Prometeu estava realizada. E, fechando estas linhas: as intrigas estão ai - nunca vão acabar!  

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 07/05/2016 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.   

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