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MÊS FEV 2011 - DIAS 05 - 12 - 26 (Textos publicados na minha Coluna 'ESCREVER... É ARTE'.)

PENSAMENTOS CRUZADOS I (26/02/2011)

Com muitos assuntos fervendo em meus pensamentos chego à conclusão que escrever não é tão simples assim - aliás, meio que penoso - por assim dizer, pois o ato da escrita é uma luta constante com as palavras.

Pensando em muitas coisas para a produção deste texto - com ideias em ebulição - às vezes desconexas, resolvi escrever sobre os cruzamentos, encontros e desencontros. E, tendo em vista tal assunto - muito abrangente por sinal - por onde começar?

Eu, na dúvida, começo com a musicalidade - interpretação maravilhosa de Caetano Veloso: 'Alguma coisa acontece no meu coração que só quando cruzo a Ipiranga e a Avenida São João'; em minha cidade: o que dizer dos muitos cruzamentos perigosos, seguidos de 'acidentes geográficos' provocados pela má conservação do asfalto? Talvez no cruzamento das linhas telefônicas e se ouve muitas conversas fiadas, de negócios, de amores e desamores - mas sem saber quem fala e para quem fala; talvez no cruzamento das ideias dos professores com seus alunos - e que cruzamento! - tendo em vista a diferença de gerações; dos prosadores, dos poetas, dos românticos, dos boêmios - que sorte tiveram em desencadear pensamentos maravilhosos, e até mesmo filosóficos, como 'Não há ninguém, mesmo sem cultura, que não se torne poeta quando o amor toma conta dele', de Platão; os versos inesquecíveis de Vinícius de Morais com Tom Jobim em 'Garota de Ipanema'; ou: 'Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte.', de Machado de Assis em Memórias Póstumas de Brás Cubas; dos políticos: 'Certos políticos brasileiros confundem a vida pública com a privada.', de Aparício Torelli, o Barão de Itararé - e falando-se de política: 'Encontrou-se, em boa política, o segredo de fazer morrer de fome aqueles que, cultivando a terra, fazem viver os outros.', de Voltaire. Quantos cruzamentos a citar?

Ou, talvez, no encontro da moça-donzela com o garotão-senhor-de-si - onde pode ser notada a essência da palavra do Criador: 'Crescei e multiplicai-vos, enchei a Terra e sujeitai-a, dominai sobre os peixes do mar, sobre os pássaros do céu e sobre todos os animais que se movem na terra.' - mas alguns fogem desta ideia, querem-na sem essência.

E, de cruzamentos em cruzamentos, tudo fica cruzado. Até as minhas palavras ficaram cruzadas. Os meus pensamentos ficaram totalmente cruzados. A vida é uma cruzada cheia de cruzamentos. Há tantos cruzamentos que nem a filosofia da vida pode explicar. Ou, o melhor é não explicar; o melhor é o inexplicável. E o inexplicável, possivelmente, move a Terra.

Continuar com pensamentos cruzados ainda é a solução para melhor se viver, pois enquanto um fio dela estiver embaraçado há mãos tentando desembaraçá-lo, mas quando o fio estiver sem nó não haverá mais mãos nele; logo: pensamentos cruzados, mentes pensando, agindo, procurando solução e, às vezes, sem solução.

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 26/02/2011 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02. 

DIAS MELHORES VIRÃO... (12/02/2011)

Sempre estamos a escrever sobre a vida, sobre suas perspectivas - inclusive sonhamos com dias melhores. Mas, ao mesmo tempo, nunca esquecemos o que a mesma nos proporcionou no passado (seja este um passado próximo ou até distante, como a nossa infância e juventude).

A vida proporciona a cada um de nós, conforme dizem, o que merecemos - ou que plantamos, e a partir daí, passamos provavelmente a colher - como dizia meu velho avô. Se plantarmos coisas boas, colheremos coisas boas, caso contrário... Às vezes são coisas novas - ou renovadas, e mesmo as envelhecidas vistas por prismas diferentes são boas, pois trazem marcas de experiência.

Dias melhores virão - com toda certeza, mas os que passaram ficaram marcados, e nem mesmo o tempo apagará. Outro dia me peguei pensando na vida e, quando isso acontece, qualquer ser humano se vê meio que atrapalhado, e rapidamente começa a fazer uma análise - e foi o que fiz. À noite, sentado na área de serviço de casa - que é bem modesta, mas ampla, clara - ao lado de um pé misto de goiaba com araçá (misto porque de um galho colho goiaba, do outro araçá) - passei a refletir. E nesses pensamentos me dei conta, ao final, de que tinha feito uma retrospectiva de minha vida: voltei ao passado - e, nesse passado não tão distante, recordei de coisas que pouco tempo tive para pensar. Às vezes não pensamos e, quando nos damos conta, o tempo já passou. E como passa rapidamente!

Começando pela infância lembrei-me do garotinho retraído que fui (fato que se estendeu até mais ou menos meus quinze anos). Isso serve pra mim de reflexão: em sala de aula é possível notar que muitos alunos se fecham - apesar de todo aparato tecnológico que se tem. Mas por quê? Eu tinha um forte motivo: estrabismo - que só foi sanado aos quinze anos - mas que não me fez parar, pelo contrário: corri atrás do que queria - tive incentivo dos meus familiares; e os jovens de hoje (muitos são belos, formosos, perfeitos)? Seguindo o caminho de quase todos os seres humanos: arrumei uma namorada, depois namoradas; formação profissional; casei-me, filhos, descasei-me; casei-me novamente.

Vale fazer um novo parágrafo para citar que a vida passa rapidamente e, os jovens, nem sempre pensam no assunto (ou quase nunca) - por quê? Ou, para pensar melhor: será que estão preocupados com dias melhores? Será que pararam para pensar sobre o assunto? Ou, será que alguém os orientou (pai, mãe - ou o responsável)? A sociedade em que está inserido o orientou? Ou será que sabem que se plantando coisas boas hoje, num futuro não tão distante, colherão coisas boas?

Os dias seguem em seu curso e, provavelmente, dias melhores virão. Assim como eu que estou aqui na frente desta tela fria digitando os meus pensamentos (assim como qualquer um pode fazer o seu) - e ao som de boas músicas (outra paixão que trago aqui dentro do peito, independente do ritmo) - e você, caro leitor, agora com o texto em mãos pensando: será que dias melhores virão?

Independente de qualquer coisa, a vida continua o seu curso. E sempre sonhamos que dias melhores virão. Quem sabe virão mesmo, não é?

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 12/02/2011 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02. 

GOTÍCULAS TRANSFORMADORAS (05/02/2011)

Passeando, por assim dizer, pelas páginas do mundo virtual pode se descobrir muitas coisas boas e destas o escritor colhe ideias, soma-se ao seu mundo interior - a bagagem que acumulou durante a sua existência através dos seus estudos e leituras, somando ainda ao mundo exterior (tudo que o cerca), faz-se uma bela salada mista e a produção textual acontece.

Sempre que me disponho a sair nestes passeios virtuais leio textos maravilhosos (como ainda é bom saber que há pessoas que escrevem textos desafiadores, de excelentes conteúdos, que trazem mensagens maravilhosas - e sem sair de casa, consigo ir longe!). Esta semana visitei páginas virtuais de velhos amigos e num deles li sobre as pequenas gotículas de água, o orvalho, que se prendem às pontas das folhagens. Verdadeiros equilibristas, por assim dizer.

Meditando muito no assunto, resolvi escrever sobre o que penso: realmente é maravilhoso; sábia a natureza. Tudo o que o Ser Maior - Deus - fez é maravilhoso! Não há o que se questionar - é inquestionável, sempre, aos olhos dos homens! E, se questionável, não há respostas que venham satisfazer a nossa imaginação. Respostas... E pensando no inquestionável...

São tantas as coisas que são inquestionáveis - ou melhor, sem possíveis explicações. Pensando nas gotículas de água que se equilibram nas pontas das folhas, das flores e dos frutos: que maravilhoso, não? Mínimos detalhes - como dizia o texto - mas que somente um bom observador consegue captar o fato e sabe, com toda certeza, dar o devido valor! Quando estes pousam serenamente sobre a Terra trazem a fertilidade a terra. Além disso, outra ciência há: de tanto bater (pingar) molda coisas maiores - como as pedras.

E pensando ainda nas pequeninas gotículas de orvalho, somados à chuva que cai sobre a Terra, ajudam a formar as lagoas, a formar os rios. Formam os mares e os oceanos! Que vastidão de água! E, a contemplar certo dia toda a imensidão de água, tive ainda maior certeza de que nada somos perto desta imensidão! Eu fui ver o mar quando completei trinta e cinco anos - fiz como qualquer criança - será que o mar realmente é salgado? Levei água à boca! E balbuciei: 'Realmente, Pedro - tu és pedra, a água do mar é salgada!' - agora posso falar com convicção! Estou entre os apóstolos São Pedro (és pedra) e São Tomé (incrédulo).

Transformando tudo isso em virtudes: o ser humano precisa saber que, apesar de ser tão pouco frente ao Universo tão vasto, mas é ainda uma gotinha que somadas a outras gotinhas, e a outras gotinhas que formará tudo-de-bom-ponto-com neste Planeta Terra! - assim como escreveu o poeta João Cabral de Melo Neto em seu maravilhoso poema Tecendo a Manhã: "Um galo sozinho não tece a manhã: ele precisará sempre de outros galos" - assim somos nós: sempre precisamos do outro. O homem - por si - é um ser bom, o que o deixa ruim são os vícios que vai adquirindo com o seu desenvolvimento - e para notar bem isso é só observar uma criança: seja rica ou pobre (sem o poder da malícia), são crianças - são iguais! E elas não precisam do ensinamento de que são todas iguais perante a lei - e perante Deus, o Criador, também.

Não querendo escrever muito - não prolongando o assunto - sejamos gotículas transformadora; gotículas do 'bem', mesmo que crescidos... Mas sempre do bem!

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 05/02/2011 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02. 

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