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MÊS JUN 2013 - DIAS 01 - 08 - 15 - 22 - 29 (Textos publicados na minha Coluna 'ESCREVER... É ARTE'.)

O FEITIÇO DA LUA (29/06/2013)

O nosso sistema solar tal qual é conhecido, e a partir do meu ponto de vista de telespectador quase passivo, é tão complexo que chega a causar em mim calafrios que percorrem por todo o meu corpo - e causa uma estranheza e tanto.

O sol, o senhor astro-rei, apesar de ser o maior, nunca consegue dar a mão a sua rainha, a senhora lua. E eu que também não a alcanço, fico a aqui da Terra a admirá-la em sua magnitude, principalmente quando está toda imponente no firmamento.

Outro dia a fotografei na minha pequena câmera digital. Enquadrá-la não foi tão difícil - e fiz com tamanha propriedade que me espantei ao ver as fotos na tela do computador: instalei a câmera em diversas posições e ficaram deslumbrantes.

A cor negra - da imensidão escura que se fez o fundo, fez um contraste maravilhoso com o dourado-escuro da lua suspensa magistralmente no ar e deixou-me perplexo: uma beleza e tanto de não se cansar de contemplar!

Naquele exato momento - e em outros também - voltei a ter o desejo de tocá-la, de acariciá-la, de abraçá-la, de beijá-la. Creio que é por isso que os amantes a adoram, a desejam que brilhe muito no firmamento, que chamamos de céu, e seja este de puro anil, de puro esplendor, ou de nuvens carregadas deixando o céu cinzento.

Voltando às fotos, busquei por pura curiosidade outras imagens da rainha - inclusive apareceu o solo lunar, o homem pisando-a e cravando nela uma haste com uma bandeira que não era a minha - senti por não ser a do meu país: seria uma glória, ainda mais se tal fato fosse lembrado nos dias atuais.

E, citando os dias atuais, não vou falar de passeatas em si, mas que elas são consideráveis, isto é inegável, e estão trazendo resultados. Ou seja, o povo na rua tem poder, tem tanto poder que nossos governantes, eleitos por nós, já estão recuando em várias áreas, já estão atendendo várias reivindicações do povo - tudo isso em virtude das ações realizadas até agora e, é claro, com tais recuos estão evitando situações piores.

Lá de cima, ela - a lua - contemplava a tudo sorrindo. E murmurando aos ouvidos dos amantes que estava feliz pelo povo brasileiro - este tinha começado a despertar dos berços esplêndidos. Os amantes, por sua vez, sentados nos bancos das praças, jardins floridos, ou em outro lugar qualquer, acenaram sucessivas vezes, e dizendo: amém!

Eu, que a tudo contemplava, mesmo da janela do meu computador, abri sorrisos de alegria - mas ainda não pude ir lá fora gritar com plenos pulmões que eu amo o povo brasileiro, que eu amo ser brasileiro, que eu amo a atitude benéfica do povo brasileiro - exceto o vandalismo.

Sorri, também, mesmo sabendo que ironicamente alguns políticos mudaram de opinião como se fosse um simples ato de trocar de roupas - mas espero que não sejam esquecidos pelos atos até então praticados - o futuro, partindo do agora, pode se resolver brevemente nas urnas. É o feitiço da lua acordando o jovem povo brasileiro - vamos acreditar! 

 Prof. Pedro César Alves - Publicado em 29/06/2013 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.

TUDO VERDE (22/06/2013)

O caminho era cheio de obstáculos, mas diziam que valia trilhá-lo, valia transpor os obstáculos que ele apresentava - e notícia boa corre, a ruim voa. Acrescentavam, ainda, que o final era deslumbrante e compensava todo o sofrimento. Todos tentavam - poucos conseguiam.

De longe avistava muito verde - às vezes o olhar ficava preso na linha do horizonte a procura de algo mais, talvez sem explicação. Talvez todo esse olhar, toda essa procurava levava-o a não desistir, apesar de trazer consigo uma grande frase: desistir pertence aos fracos.

Sonhava, durante o caminhar, com campinas verdíssima ao final. Possivelmente um riacho de águas cristalinas, com margens floridas: girassóis acompanhando o sol: acompanhando o riscar do sol pelo firmamento. Tipo de sonho sonhado por muitos, mas atingido por poucos.

E continuava a sonhar. Continuava a transpor obstáculos; excitava em alguns momentos, apesar dos tropeços; às vezes, as mãos se uniam a algum caminhante que era encontrado pelo caminho - mas que, aos poucos, estavam em outros ritmos, mas com os mesmos objetivos.

Às vezes o verde do horizonte torna-se cor de poeira: tempestades anunciadas; tempestuoso o tempo, mas sempre na expectativa de momentos melhores, ou de melhorias; sempre - mesmo que impetuoso o tempo - caminhando, e cantando, e seguindo sempre com um único propósito a ser alcançado.

E nesse caminhar vale lembrar: "Se em certa altura / Tivesse voltado para a esquerda em vez de para a direita; / Se em certo momento / tivesse dito sim em vez de não, ou não em vez de sim; / (...) / Seria outro hoje, e talvez o universo inteiro / Seria insensivelmente levado a ser outro também" - poesia de Álvaro de Campos, um dos heterônimos do poeta português Fernando Pessoa.

Aqui constata que as escolhas pertencem ao ser humano e que nem sempre consegue distinguir o certo do errado, o sim do não - ou, ainda, a direita da esquerda; ou, ainda, outras pequenas grandes coisas: a noite do dia, o frio do calor, o preto do branco; nem mesmo as estações do ano.

De mãos dadas - quando possível, continuam. Continuam a sonhar - juntos ou separados, com o verde das planícies a serem alcançados do outro lado. Almejam a tão sonhada bonança. Se não alcançar, podem ainda lembrar o poeta: "Pode ser que para o outro mundo eu possa levar o que sonhei / mas poderei eu levar para o outro mundo o que me esqueci de sonhar?" - e continuam a sonhar - juntos ou separados; e continuam a caminhar cantarolando.

E continuar a caminhar faz parte. Faz parte da vida do ser humano O caminho é longo, distante - mas sempre tem a bonança entre as tempestades. Talvez seja a parte antecipado do galardão, pois somente de lutas não se vive. Desanima.

O tempo vai passando - corre velozmente. E, finalmente se chega ao lugar desejado, ao lugar almejado! Mas, (in) felizmente o ser humano é assim: nunca se contenta com o que tem - por isso chegou à superfície lunar. E, sem pensar outra vez, começa a traçar novos caminhos, e novos obstáculos serão enfrentados até que o dia final chega. E, com isso, a redenção.

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 22/06/2013 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02. 

NÃO VIROU NOTÍCIA (15/06/2013)

O escrever é um desafio que, pouco a pouco, deve ser vencido - e poucos entendem tal processo. A maioria, desde o princípio, já querem sair com um texto pronto, acabado - e sem o processo da reescrita.

Os desafios são grandes. Um ponto a ser desafiado é o interpretar para produzir, ou seja, olhar uma imagem, ou outros textos e dali fazer as produções. É um texto puxando outro. É uma ideia puxando outra.

Abaixo faço tal processo - que tomo como um exercício de produção textual constante em minha vida. Um exercício que não é nada fácil, mas que encaro periodicamente (quando digo periodicamente, refiro-me pelo menos de duas a três vezes por semana) - este tirado de 'Notícia de jornal'. No texto citado, um poema de Chico Buarque, o autor faz o leitor viajar - e a alma presente é a feminina. Aqui retrato pelo lado masculino - o ato de recriar dá-nos tal direito de escolha.

Ao leitor atento cabe vasculhar a imensidão de seus conhecimentos e, de primeira mão, colocar em prática, pois só assim perde-se o medo. Só assim busca as várias interpretações que se pode ter; naquele momento os desafios estão sendo vencidos - e não haverá obstáculo que não fique para trás. Depois haverá necessidade de novos processos de reescrita do seu próprio texto. Então...

Precisava daquilo. Aliás, todos precisavam - mas ele precisava mais do que qualquer um que conhecia. E aquele humilde lugar era o tudo em sua vida. Era o paraíso prometido aos menos favorecidos - e como era!

Precisava dela. Fulana de Tal, que amava Fulano de Tal, que não era ele. E que no final das contas não se conheciam. Amava Fulana de Tal - que nem sabia da existência dele, não o conhecia, mas ele a conhecia.

De receita na mão, retirou-se para aquele humilde lugar - que, como se diz, com números na porta. Abriu lentamente a porta e nele se achou - só. Tudo em volta era solitário. Peças únicas, sem par. Ele também se encontrava assim.

Voltava sempre ao que começara. A tristeza do estar ali - e só. Nunca quisera ser assim - mas friamente, volta e meia, encontrava-se assim. Traçados, porém, do senhor Destino que, por sinal, considerava implacável.

Errava sempre na dose - na dose do viver a vida; na dose do amar a vida; na dose do Amor. Errava na dose de amar o lado oposto. Ninguém notava isso: ninguém!

A sua dor ninguém notava - era um mal presente em sua vida; era um mal presente na sociedade. Era um mal, uma dor que não estava presente nas páginas dos jornais. Talvez estava, mas poucos notavam.

Então... Retomando o assunto, caro leitor, cabe a você retomar os textos e imagens que classifica de interessantes e a partir deste material em mãos fazer a sua reescrita. É um bom desafio para a mente humana. É tão desafiante que, depois de acostumados - vamos dizer assim, necessariamente se procura algo cada vez mais complexo para desafiar a própria mente e recriar boas histórias. Tente e bom exercício.

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 15/06/2013 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.  

LEITURA A PARTIR DOS MESTRES (08/06/2013)

Vejo-me como o Moacir Scliar que escrevia todos os dias - assim estou eu: escrevendo todos os dias, escrever significa - pelo menos para este ser que vos escreve - libertar-se das angústias, significa ir o mais longe possível dentro deste universo de possibilidades. E são grandes as possibilidades - imbecil aquele que declarar o contrário, basta ter atitudes.

Assim colo ele relata em seu depoimento que muitos escritos/rabiscos foram para o lixo, mas muitos foram aproveitados, também acontece comigo - como deve acontecer com outros que são apaixonados pela escrita. Nas minhas palavras consigo transformar o mundo que me cerca - pelo menos pelo meu ponto de vista: é através da apropriação deste caos que tento transformar. Tentarei transformá-lo até me integrar o Cosmos - pois dele se vem, para ele se vai. E as novas gerações farão o julgamento do que ficou escrito.

Tento, através da observação, passar para o papel o que sinto. Ver imagens é algo que para mim faz diferença: consigo aprender e apreender muito com elas. Noto, assim como Gabriel o Pensador fazia, que muitos não gostam de ler nem de escrever - fazem o básico, mas nada impedem de ser alguém na vida (passei por isso - fazia o básico do básico); Gilberto Gil teve apoio na avó (família): minha mãe também fez o mesmo comigo. No Grupo Experimental, da Academia Araçatubense de Letras, temos uma senhora (dona Maria José) que aos poucos vem se destacando com suas tentativas de ler e produzir bons textos - idade nada significa, boa vontade sim.

Logo, para o meu ser, escrever é um desafio que levarei sempre comigo - por isso mantenho semanalmente esta coluna (e no meu site escrevo textos com mais frequência), que passa a significar: frequência de escrita, compromisso com os meus desafios. Escrevo estas palavras na ânsia de um dia poder acertar - não na loteria (se acontece, que bom!), mas na vida. É uma aposta que levarei pelos nãos que me seguem. São sinais de que estou vivo - e muito vivo! Velhice chegando - marcas há por todas as partes, mas o espírito mantém-se vivo; um espírito de menino, de jovem - que sempre quer mais, que sempre quer chegar a lugares nunca antes navegados - pisados, explorados.

Pensando mais longe, sair da minha escrita e passar a escrita de outrem - de nome de peso, como costumam dizer, é assim que funciona a mente humana: evolução. A escrita tem poder de fazer viajar e tal poder, se usado de maneira correta, pode ir mais longe do que a mente humana acredita. Pode criar mundos maravilhosos - basta lembrar de Volta ao Mundo em 80 Dias, de Júlio Verne. Ou, mais recente, as histórias de bruxos, de vampiros, entre outros seres. Ou, a partir de situações cotidianas, (re) inventar mundos encantados, como fez Monteiro Lobato.

Escrever semanalmente é arte. A arte da palavra. E, para arrematar estas linhas, nada melhor que citar o polêmico livro de Machado de Assis: Dom Casmurro. Capitu traiu, ou não, Bentinho? Esta semana até causou polêmica na escola. Uma polêmica sadia, intrigante. Há os que afirmam a traição, há os que não afirmam - mas ficaremos na eterna dúvida. Fazer isso, creio eu, é ser genial, é ser mestre na arte de escrever. E, particularmente, considero-o um gênio na arte de escrever.

Finalmente, aproveitando-me de outras escritas, vou puxando outras escritas - e assim tecendo novos textos, pois sozinho pouco se faz. Escrever é algo mais que apaixonante: é algo misterioso! Faz parte do processo de sobrevivência - pelo menos para alguns; e para este que vos escreve.

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 08/06/2013 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.

NO ALPENDRE O TEMPO PASSOU (01/06/2013)

Lá estava ela, de braços cruzados, no alpendre. Branquinha, olhos claros, cabelos longos e lisos - sempre trançados. Às vezes corria pelo do quintal; era notório que gostava de encostar-se na enorme mangueira, ou colocava-se a balançar pelas cordas amarradas nos braços da mesma.

Por várias vezes deixava-se escorregar no alpendre - propositalmente, parando à beira da grade que separava a rua da casa: deliciava-se em fazer tal ato. Por outro lado, preocupava aos mais velhos que, com voz quase de súplica, tentavam impedi-la. Outros, menos preocupados, diziam que era para deixar a pequena livre.

Do outro lado da rua, também no alpendre de casa, via-a crescer. O tempo encarregava-se disso - o tempo passava, às vezes lentamente, às vezes velozmente. Como aprendi a dizer: depende do momento, da necessidade - é inegável que o tempo se faz presente em todas as situações, e - na maioria das vezes, ao contrário do que necessitamos, não é verdade?

Toda uniformizada seguia para a escola - na época chamada de ginásio; anos depois, já mocinha, para o colegial. E lembro-me que o seu uniforme - como da maioria das que a acompanhava - era impecável. Nos dias de aulas de Educação Física, de saia e camiseta toda engomada, tênis branquinho, deixava todos os meninos da rua de plantão no portão. Na escola, tais dias, eram ansiosamente esperados - pena que eram apenas duas vezes por semana.

Apesar de ser uma escola pequena, segura, conseguíamos burlar os esquemas de segurança e, por cima do muro, ficar observando as aulas de Educação Física. Ao lado da escola, de onde observávamos as aulas, era uma pequena oficina metalúrgica do pai de um aluno da turma - nota-se que, por este lado, meio caminho já estava resolvido.

O tempo passou. Crescemos - digo crescemos no sentido de pegarmos idade, de sermos pais de família - e hoje, em rodas de conversa pegamos falando de assuntos de anos que não voltam mais. Mas o registro é válido, é tão válido que passados os anos, a velhice se aproximando, mas os fatos ainda permanecem vivos.

Assim a sua imagem ficou registrada em minha memória; assim também creio que outras branquinhas de olhos claros ficaram na mente de muitos; assim como também muitas morenas ficaram marcadas nas retinas de nossos olhos leitores; assim como também as afro-descentes, como as dos países orientais. São marcas que jamais serão apagadas.

São marcas que cada leitor tem a sua, independente do lugar que morou, do lugar que estudou - pois os vizinhos se fizeram presentes em nossas vidas, assim como a escola se fez presentes também. E esta com suas exigências que nos fez crescer e sermos o que somos hoje: cidadãos de bem - e cada um seguindo o caminho que foi traçado desde os tempos mais antigos que se possa ter notícia, apesar de este que vos escreve acreditar, até certo ponto, no livre arbítrio.

E hoje, de novos alpendres, de novas sacadas ou de algum lugar não citado aqui, mas criados por nossas mentes prodigiosas, conseguimos ver muitos cidadãos sem destino - principalmente os mais jovens que só pensam em curtir, e sem responsabilidade - e ficamos a pensar internamente, remoendo: no meu tempo não era assim. Eram outras as prioridades do alpendre!

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 01/06/2013 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02. 

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