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MÊS MAI 2013 - DIAS 04 - 11 - 18 - 25  (Textos publicados na minha Coluna 'ESCREVER... É ARTE'.)

ETAPAS (25/05/2013)

Em tudo na vida há etapas e estas, às vezes, são complicadas de serem realizadas. São complicadas, difíceis - mas não são impossíveis, não são intransponíveis.

Pensando nas etapas que temos que vencer, muitas coisas angustiam-nos, perturbam-nos - mas sempre surge uma luz no fim do túnel - como diz o provérbio popular. Ou seja, sempre nos é proporcionado uma saída - e estas saídas são encarregadas pela própria vida.

Quando nascemos já estamos vencendo uma etapa - aquela no ventre de nossa mãe, que a proteção é quase total (exceto por problemas maiores); vencida esta etapa, começamos a nossa infância: andar, falar, conviver - são prioridades; as primeiras letras - os primeiros bilhetes, cartas, narrativas, dissertações, poesias - entre outros tipos de textos; adolescência: paquera, formação profissional, graduação; a chegada da idade adulta, do possível amadurecimento - que nem sempre acontece; da constituição da família - o aumento da responsabilidade, inclusive perante a sociedade.

Afinal, o ciclo da vida: e alguns - hoje em dia mais do que ontem - aprofundam-se na velhice; chegam a ela. Ah! Velhice - a sabedoria, a experiência, a vivência presente. Castigados pelos anos, de corpo cansado, mas de mente ativa - e cada dia admirando-se mais na e da vida.

No meio destas etapas, alguns erram o caminho - principalmente na escolha da profissão. Outros acertam e fazem o que gostam. Eu, por exemplo, faço o que gosto. Dizem por aí - eu bem sei disso - que a melhor coisa é trabalhar no que gosta e, de preferência, ser bem remunerado - melhor ainda. Outros erram na escolha do amor - melhor evitar comentários sobre este assunto.

Fico feliz quando vejo pessoas de idade já avançada querendo, e podendo, aprender, apreender. A dificuldade, nem sempre superada pelo tempo perdido, passa a estar em segundo plano - a vontade é maior que os obstáculos, logo, a vitória é maior, é mais saborosa.

Esta semana - melhor, ontem, encerrou-se o Concurso Municipal de Publicação de Livro, e fiquei feliz ao saber que nele há inscritos trabalhos/projetos de pessoas de idade já bem avançada - que nunca tiveram tal oportunidade; é a realização de mais uma etapa: com eficácia devem ser os seus textos, além de serem - possivelmente - mais reflexivos; com toda certeza devem ser mais maduros, cheios de experiências a transmitir aos seus futuros leitores.

Etapas vividas, etapas vencidas. A vida, mesmo que cruel para o ponto de vista de alguns, nos proporciona adaptações para que, ao passo que prosseguimos, possamos sofrer menos. Eis a razão primordial de viver: aproveitar as oportunidades.

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 25/05/2013 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.     

FLUTUANDO ENTRE ELES (18/05/2013)

Quem trabalha com produção textual enfrenta certas letras intragáveis, se é assim que se pode dizer - e, por consequência, tornam-se incertas as ideias, que por vezes torna-se difícil chegar a um denominador comum dentro de um texto - são os ossos da profissão. Mas, ao profissional que vive cercado destes textos, o que mais agrada é pegar uma produção textual e conseguir chegar até ao fim e compreendê-la perfeitamente.

Chegar ao fim, e por consequência, compreendendo, é um desafio agradável. E esta é a pior parte para o aluno, como também para o professor - por um lado, o aluno escrever com clareza, por outro lado, o professor entender determinadas ideias. Deixando todos os entraves do lado, que tal pensar em biblioteca flutuante?

Biblioteca - para quem não gosta de ler - não é nada atrativa, mas se a tal biblioteca for flutuante? Livre de certas poeiras que teimam em aparecer. Aluno tem cada ideia! E eu concordo com a ideia - gostaria de ter este poder.

Imagine você chegar à biblioteca e passar por uma pequena porta e começar a flutuar! Os livros, todos leves, atrativos - sem enormes tratados - apenas interessantes. Sinto dó, às vezes, dos escritores que gostam de filosofar! Desculpem-me os filósofos neste momento - e olha que eu gosto de ler livros que abrangem a Filosofia, mas o retrato aqui é de bibliotecas para crianças, adolescentes e até mesmo para os adultos que não estão tão envolvidos no ato da leitura.

Ou ainda, dentro desta sonhada biblioteca flutuante, ao abrir os livros, os personagens também flutuarem, por exemplo: a criação de Monteiro Lobato - o Sítio do Pica-Pau Amarelo, flutuando! Que delícia! Uma interação com eles. Ou, ainda, conversar com Bentinho, da obra Dom Casmurro, de Machado de Assis, e descobrir se houve, ou não, traição naquele relacionamento que Bentinho conta insinuando tudo, mas ao mesmo tempo não deixa nada claro. (Machado de Assis até hoje deve virar muitas vezes no túmulo!) E até mesmo de outros personagens que são marcantes na literatura - que seus idealizadores nos presentearam com suas ideias magníficas.

Já que não é possível tal façanha, soltar a mente é a melhor maneira de atingir o que imaginamos - as leituras fantásticas. Ao ler um texto é necessário compreendê-lo e compreendê-lo é viajar no tempo, no espaço, conhecer personagens: flutuar! É uma brincadeira sem-fim! É a maravilha do mundo encantado das letrinhas! É descobrir a vida por outro prisma! É ver quão glorioso é o astro sol, a lua, as estrelas, cometas, galáxias... É estar apaixonado (ou intrigado) pelos personagens que nos são apresentados. É viver poesias! É sentir "Isto ou Aquilo", é querer estar perto do céu - "No último andar..." - como cita Cecília Meireles. É amar a natureza, sentir o cheiro da terra molhada pela chuva...

Um pouquinho mais adiante, na pré-adolescência, conhecer grandes heróis como em "O gênio do crime", ou "O rapto do garoto de ouro"; já na adolescência curtir "A moreninha", "A viuvinha", ou estar intrigados com personagens de obras de peso bem maior; por seres sobrenaturais - a espetacular literatura fantástica! Ou ler crônicas - que é um bom passatempo. Ler: é o melhor caminho! Não custa tão caro (ou ainda, até nada quando se dirige a uma biblioteca pública, ou nos dias atuais baixá-los da internet) e não traz consequências maléficas, apenas um vício: o de sempre querer ler mais, sempre mais.

Finalmente, gostaria de entrar num lugar de gravidade zero (creio eu que é assim que se fala) e ao meu redor livros flutuarem, seus personagens se interagindo conosco; mas enquanto não se pode ter, vou flutuando com os meus pensamentos...

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 18/05/2013 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.      

HISTÓRIAS NO TEMPO (11/05/2013)

Não são apenas elas que são lembradas por eles neste próximo domingo, mas elas também deles se lembram - dos filhos. Todo dia é o seu dia. Todo dia é lembrada, todo dia se lembra deles.

A data do Dia das Mães para alguns é meramente comercial. Para outros, exatamente o contrário - sentimentalismo mais afinado neste período. Esta mulher que cria os filhos com muito amor - que amam e são amadas - é a mulher dos sonhos, e em todos os sentidos; que tem o maior coração do mundo. É uma flor no jardim - que tanto enfeita, embeleza, mas também pode espinhar - defesa de prole. E elas também têm muitas histórias no tempo para contar. E sempre dizem que criança tem cada ideia!

Certa vez, entre as histórias que sempre me contava, contou-me ela que o seu pequeno resolveu fazer a sua máquina do tempo, apesar da pouca idade, tinha na mente ideias muito boas. Logo vendo que as suas ideias eram geniais, resolveu comprar um pequeno laboratório e colocar nas dependências do fundo da casa. Este não perdeu tempo e sempre vivia lendo livros e manuais sobre experiências e, após várias leituras, disse a ela que tinha descoberto uma maneira genial de construir a máquina do tempo.

Não deu crédito aos seus falares, pois criança sempre gosta de inventar (assim como os adultos que gostam de inventar histórias) e pediu que fosse dormir, pois no outro dia tinha muito a fazer: escola requer tempo de estudo.

A noite maravilhosa passou e acordou com certo barulho. Era estranho. Vinha das dependências do fundo da casa. Caminhou para lá. Lá estava o pequeno tirando o seu pequeno capacete e olhando-a assustado.

Olhou para o computador que estava ligado e depois novamente para ele. Não entendeu nada. Questionou-o sobre o que estava acontecendo e ele simplesmente disse que não era nada. Sabia, contou-me ela, que ele não falaria. Pediu que voltasse a dormir, pois no outro dia teria escola.

Amanheceu o dia e levou-o à escola. Quando retornou foi olhar atentamente o laboratório. Havia algumas alterações: determinados fios da mesa do laboratório estavam ligados ao computador. Estranhou, não havia deixado assim. Mas esperou pacientemente por sua volta - que era trazido pelo pai. Almoçou e logo depois já estava em seu pequeno laboratório. Entrou e fechou a porta. Nas pontas dos pés, ela disse que foi espiar pela vidraça. O pequeno ligou as tomadas do laboratório, depois ligou o computador. Colocou um capacete com visor-protetor e deu um click num programa. Rapidamente uma tela se abriu e um pequeno homenzinho começou a caminhar. Seu filho usava apenas a mão direita no teclado - as tais setas.

O tempo passou e duas horas depois a porta das dependências do fundo da casa foi aberta. Questionou se ele havia viajado naquela tarde. E ele simplesmente disse que sim, que tinha encontrado com vários tipos de dinossauros. E justificou que tinha construído a máquina do tempo.

Comentou-me ela, pensativa - o que falar? Discutir pra quê? Afinal, criança é criança! E criança faz a gente sentir-se feliz.

O tempo passa, as mães - talvez - diminuem; os filhos crescem, talvez - mas o amor entre eles permanece - com raras exceções do contrário. Talvez, quando isso acontece, é que alguém, de corpo e alma fechada, não abre mão.

O tempo passa lentamente, as mães nunca - nunca mesmo - diminuem, pelo contrário, sempre aumentam e os filhos, com certeza, nunca crescem: são sempre os pequenos e as pequenas da mamãe. As mães deixam os filhos alçarem vôos - mas nunca tiram o olhar de sobre suas proles que estimam tanto.

Então, neste texto a intertextualidade com outro que escrevi há alguns anos se faz presente, pois a necessidade de falar da mãe não me vem apenas de falar dela, mas deixar que ela fale também, pois - em primeiríssimo lugar - devem estar presente as palavras delas.

E deste que vos escreve seguem palavras em flores que, regadas com lágrimas de lembranças, efetuam enunciados que podem gerar um único enunciado: mãe! Quer palavra mais doce e mais falada que esta? Mamãe. Simplesmente mãe!

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 11/05/2013 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.       

O QUE SERIA AS PALAVRAS SEM VIDA? (04/05/2013)

Por este paradigma colocaria muitas coisas no papel, mas pensando bem, seria justificável trabalhar: as palavras sem a vida ou a vida das palavras? Fico aqui pensando: as palavras sem vida ou a vida sem palavras?

Poderia ficar num eterno brincar de jogo de palavras a completar os espaços em branco que me restam nesta folha, como aquele aluno que pergunta: Quantas linhas, professor? Trinta, quarenta, cinquenta, sessenta - e lá vai o aluno procurando dar vida às palavras - eterna luta.. Um eterno teimar entre a vida e a morte, mas a morte e a vida das palavras, pois estas têm poder de criar, de recriar, de imortalizar, de satirizar, de construir, de destruir, de matar! De matar um coração humano, não é mesmo?

O eterno jogo de poder que elas exercem sobre os cidadãos é tão forte quanto maior for a cultura destes cidadãos que as tomam emprestadas. Emprestadas? Do bisavô, que passou para o avô, que passou para o pai, que passou para o filho e que este passará para as próximas gerações num constante fugidio. Jamais param no tempo. É como o vento que nunca se sabe de onde vem e para onde vai: assim as palavras também.

Correndo daqui para ali, e de lá para cá, as palavras escorregam nos lábios do prosador, do contador de história, da poetisa debruçada na janela ao clarão da lua; escorrega das mãos do poeta-escritor, do contista, do autor de romances e de novelas, do jornalista; escorrega nos palcos da vida: teatro, cinema, filmes... Escorregam e vão criando imagens, criando vida, criando asas em cada mente humana. Asas da imaginação que só o homem pode ter. Só o homem! Homem, animal racional - inteligência; reino animal, animal irracional - instinto.

Imaginação que cada mente humana cria a partir da palavra. Da palavra escrita, da palavra encenada, da palavra cantada, da palavra murmurada, da palavra sussurrada ao ouvido de corações apaixonados; ou, de palavras a plenos pulmões - como dos políticos em época de campanha! A imaginação só se dá ao passo de termos consciência do poder que as palavras possuem. Cada palavra adquirida, uma nova imaginação se pode ter - criação. Aos homens que a sabem usar é uma ferramenta de grande valia - é uma ferramenta de exercício pleno do poder - e, sabendo usá-la, tanto edifica, como abate (por isso a recomendação: se a tua língua fere, retire-a e a atire para longe de ti - e serás alvo).

A cada nova imaginação adquirida, incorpora-se junto uma nova fragrância: a magia. Esta, por sua vez, faz de cada momento um encanto. De cada encanto uma viagem. Uma troca constante do amor e do ódio; da alegria e da tristeza; da paz e da guerra; do melhor de cada um e do pior de cada um. Uma constante que só as palavras podem trazer - somente as palavras, e é bom deixar bem claro: pensamos a partir das palavras.. Um subir e descer que faz o homem se expressar. Elas exercem um grande poder sobre o homem: o poder da expressão.

O poder da expressão: expressar bem ou mal. Expressar-se bem por satisfação pessoal; pelo bem de um bairro, pelo bem de uma cidade, pelo bem de um estado ou país - pelo bem de um povo. E por que não para salvar o planeta Terra? Tal poder de expressão pode modificar muitas coisas, inclusive as mais árduas insinuações. Pelo mal, desde a insatisfação pessoal até o mais alto escândalo possível - ou, imaginário, se assim posso dizer.

Assim, as palavras criam um imaginário tão poderoso que aos menos avisados lhe faltam dar vida; aos mais sábios são conselhos vivos e os mais astutos são primícias de convencimento, de argumentação. Isso é a vida das palavras!

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 04/05/2013 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.        

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