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MÊS JUN 2017 - DIAS 03 - 10 - 17 - 24 (Textos publicados na minha Coluna 'ESCREVER... É ARTE'.)

PELO BURACO DA FECHADURA (24/06/2017)

Quem que nunca olhou pelo buraco da fechadura? Quem? Que atire a primeira pedra - é assim que se diz, não é mesmo? Há certas coisas que não contamos, outras contamos depois de certo tempo - ainda mais quando se tem uma coceirinha na língua, e outras nunca contamos.

Quando resolvi escrever sobre este assunto pensei em algumas coisas, entre elas uma martelou-me um pouco mais: o que irão pensar de mim? Pensei mais alguns minutos e concluí que, na idade que estou - que não devo mais satisfação para ninguém, que pensem o que quiserem de mim - e o importante é ser quem eu sou.

Os fatos já estão distante no tempo e no espaço - era eu um adolescente (mas como o tempo passa!). Sempre penso em ser um eterno adolescente (pelo menos no espírito), mas a idade chega - e com ela as dores. E estas, tanto carnais, como espirituais - estas últimas (principalmente) de não ter realizado tudo que imaginava.

E muitas coisas ficaram apenas pelo olhar através do buraco da fechadura. Pior que nem todas as fechaduras são possíveis de olhar - alguns assuntos, também, ficaram perdidos para sempre no tempo. Outras fechaduras, as que são mais abertas, são possíveis de ver muitas coisas que ficaram por serem realizadas - e, às vezes, dolorosas.

No plano material há muitos olhares pelo buraco da fechadura, ou seja, quem nunca tentou olhar o que o outro estava fazendo do outro lado da porta? Eu, por exemplo, tive uma criação muito fechada - de pouca conversa, de muita educação (hoje que sou este cachorrão!) - e por ter este tipo de criação, poucas vezes cometi este delito (creio que deveria ter cometido mais vezes!).

Lembro-me que certa vez, lá atrás no tempo, estava na casa de minha namorada e ela pediu-me para aguardar que ia tomar um rápido banho. Estava sentado numa cadeira de fios de nylon, na área do fundo da casa, e lá permaneci - mas não por muito tempo. A água do chuveiro não parava de cair - e eu de frente para a porta (fechada). Olhei para os lados: ninguém por perto. Levantei-me calmamente e espiei pelo buraco da fechadura. My God! Aquela pequena me levou à loucura! Silenciosamente voltei para a cadeira e, ao sentar, esta escorregou um pouco fazendo barulho. Ela, ao sair, olhou-me firmemente nos meus olhos e simplesmente disse: Eu vi! - não disse nada, e mentalmente disse: Eu também vi! - o tempo passou, tomamos liberdade um com o outro e certa vez o assunto entrou em pauta, mas sem muitas delongas. E creio que muitos já fizeram assim também.

No plano espiritual o olhar pela fechadura pode levar a muitos caminhos - ou, também, pode levá-lo a rever os vários caminhos tomados. Outro dia li - não me lembro em qual lugar, os seguintes dizeres: o vidro do carro frontal é enorme (para se ver melhor o caminho), mas o vidro que dá acesso à parte de trás do carro (retrovisor) é pequeno - pois devemos estar atento ao que se passou, mas bem aberto ao que virá.

Pensando em tudo isso, não se pode deixar a vida passar pelo buraco da fechadura - ou ainda melhor, muito menos ficar olhando a vida passar pelo buraco da fechadura, pois ela nos cobrará - e, possivelmente, com juros exorbitantes que não conseguiremos saldar o nosso compromisso perante a sociedade - que, por sinal, nos aflige, e muito! Logo, vamos fazer a nossa parte, sem deixar a vida passar pelo buraco da fechadura - principalmente.

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 24/06/2017 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.  

O PEQUENO PRÍNCIPE (17/06/2017)

Quando era estudante, e até mesmo estudante do Curso de Letras, indicaram-me o livro 'O Pequeno Príncipe', escrito por Antoine de Sanint-Exupéry, e eu o li. Já se vão mais de vinte e cinco anos que diplomei e, durante este tempo, li-o várias vezes - claro que não me lembro de muitas coisas, e sempre que posso, faço a leitura novamente.

As várias interpretações que o livro nos dá, torna-o maravilhoso! Uma criança ao lê-lo com toda certeza se identificará, mas dentro do mundo dela. Um adolescente também se identificará, mas dentro do mundinho dele. Os adultos também, mas com parênteses: deveríamos lê-lo, sem exagerar, a cada dois anos. E creio que não estou falando nenhuma bobeira.

Cada nova leitura (releitura), novas descobertas. Com o senso um pouco mais aguçado, os leitores adultos encontrarão novas perspectivas de mundo. Nova visão. Eu, por exemplo, descobri nesta última leitura que posso fazer o outro mais feliz - depende único e exclusivamente de mim. Aliás, quanto mais felizes fizermos o outro, melhor pra nós mesmos - segundo alguns ditos que ando a receber via whats.

Será? Fazendo parênteses aqui, lembrei-me da canção 'Será' interpretada por Legião Urbana: "Será só imaginação? / Será que nada vai acontecer? / Será que é tudo isso em vão? / Será que vamos conseguir vencer?" - E, com fé, vamos vencer! Apesar de tudo acontecer - fruto de nossa imaginação (muitas cosias!).

Interessante, não?

Ao mesmo passo que é interessante esta colocação, também é contraditória. Como posso fazer o outro feliz se o outro não quer? Como posso fazer isso acontecer se o outro não quer participar? Pensei, então, que depende de ambos - de ambos os lados. Ou será que estou, de certa forma, exagerando em meus pensamentos? Respondo: claro que não!

Andei pensando muito sobre isso. Se eu quero ter uma vida feliz, alegre, divertida, não depende exclusivamente da minha pessoa - parece-me um tanto estranho pensar assim; depende, também, de quem está ao meu lado (esquisito, não?). Pois posso querer muito estar de bem com a vida, mas - e se quem está ao meu lado se fechar dentro do mundinho dele? Como vou conseguir ser feliz? Como vou ultrapassar as barreiras erguidas? (Ou vou largar tudo, e todos, e me fechar também? Ou, vou procurar em algum lugar a chave para abrir esse mundinho que a pessoa está e tirá-la de lá.)

Descobri, também, que um ser completa o outro. Mas nem sempre isso é possível (ou estou eu vivendo um momento de crise? - parece-me situação de risco, de riso, às vezes), pois não acredito que possa existir a outra metade que complete o ser humano (penso que cada um tenta se adequar o melhor possível para se viver bem ao lado do outro). Viver é o que sempre quero - e, como digo sempre: intensamente! Mas para que isso aconteça não depende exclusivamente da minha pessoa, depende de outros fatores que não estão, às vezes, ao meu alcance.

Por isso faço a recomendação desta leitura, no mínimo, a cada dois anos - pois daqui a dois anos farei nova leitura (ou até antes) e, quem sabe, já terá mudado a minha vida (pelo menos um pouquinho, como a de outros que irão ler, ou que já leram) - e lerei o texto com outro olhar, inclusive o comentário que farei será diferente.

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 17/06/2017 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02. 

DIA DOS NAMORADOS (10/06/2017)

Na próxima segunda-feira, dia doze de junho, Dia dos Namorados, véspera do dia do santo casamenteiro - Santo Antônio, a cidadã ou o cidadão apaixonado tem muito a comemorar. Aliás, creio que todos devem ter muito a comemorar - mesmo não estando apaixonado, mas que esteja apaixonado pela vida. E a vida que nos é dada é uma grande paixão.

Alguns dirão que, por um motivo ou outro - como ter há pouco tempo saído de algum relacionamento amoroso, não está apaixonado - pelo contrário: está desiludido! Se pensarmos assim, nunca vamos caminhar de cabeça erguida, pois os problemas surgem, as razões cada um tem a sua - pois somos todos teimosos, mas a paixão pelo estar vivo tem que estar acima de tudo, pois a tendo, tudo é possível de recomeçar.

Fico a imaginar que nesta data a maioria dos casais está saindo pelas ruas de mãos dadas a tomarem um sorvete, ou um lanche, ou ainda indo a um restaurante, ou ainda mais tarde indo a um lugar reservado - ou mesmo em casa - a fazer 'amor'. Outros, os menos apaixonados - aqueles que se acham desiludidos da vida, de certa forma estão paralisados no tempo/espaço - o que deixa muito a desejar a si e a própria sociedade.

Neste momento que escrevo, estou tentando pôr ordens nestas ideias malucas que tenho - digo malucas porque somente um cidadão como eu pensa assim (ou será que há outros que pensam assim também, ou de forma semelhante?). Fico imaginando que muitos gostariam de nesse dia estar jantando fora, ou tomando sorvete, de fazer amor (isso merece um parágrafo à parte). Imaginam tudo romântico, que por sinal é maravilhoso! Mas...

E nós, pobres mortais, a sonharmos. Eu a sonhar. Você a sonhar - os ETs a sonharem! Como me considero um - logo digo que ET sonha. Como sempre estou recolhido ao meu pequeno mundo - nada sei, nada sou - gostaria agora, nesse instante, também de não saber nada sobre esse dia que em breve acontecerá mais uma vez na vida de cada cidadão. A imaginação vai longe, mas nem sempre se pode realizar o sonho sonhado acordado, não é mesmo? Faltam as 'posses' para realizá-los, e - em tempos de crise, nem se fala!

Viver bem com o amor, ou viver razoavelmente com o amor - todo mundo deseja nesse dia viver um grande dia (e espero que nos outros também). Um dia de paixões intensas, de sonhos intensos, de momentos 'calientes' - como tento me expressar e me fogem palavras! A bem da verdade, o que importa é viver esse dia como se fosse o primeiro de muitos outros de amores bem vividos, não é mesmo? (E quem dera os outros dias também!)

E, antes de encerrar estas linhas, vale dizer que o Dia dos Namorados - Dia de São Valentim, é comemorado no dia 14 de fevereiro em vários países. No Brasil, a data está relacionada ao frei português Fernando de Bilhões (Santo Antônio), que sempre em seus sermões destacava a importância do amor e do casamento.

Então, a você enamorado/a da vida, da vida como 'vida', os parabéns! Viva plenamente não apenas esse dia, mas todos. Todos! Todos! Digo todos para num futuro tão breve não se arrepender e dizer: tive saúde e não os vivi plenamente! E, aos enamorados da vida: MUITO AMOR!

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 10/06/2017 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.

O SILÊNCIO (03/06/2017)

Sempre, mas sempre mesmo, adoro o silêncio - apesar de eu ser um cidadão muito falante - que, às vezes, peço ao meu próprio ser um pouco mais de calma, de silêncio. O sentido dessa palavra, nos mais diversos tipos de significados, traz-me lembranças memoráveis. Tempos que já se foram. Momentos de reflexão. Busca do meu eu interior. Tentar descobrir-me no meu mais profundo ser - que nem sempre se consegue.

Já passei do tempo das agitações. Talvez pela idade que já vem chegando, melhor, os anos aumentando, a proximidade da morte (fim de quem vive). Talvez não seja por nada disso; ou seja, por tudo isso. A vida é uma incerteza. Sabemos que, segundo algumas religiões, estamos aqui de passagem, sem saber ao certo nosso Porto Destino. De passagem, ou não, o importante é deixar uma marca na História.

O burburinho constante em que vivo os cinco dias da semana, durante quase oito horas, me faz procurar o silêncio das madrugadas. A tela da máquina apenas é a luz que os meus olhos vê; em volta alguns chiados de animais noturnos, porém, agradáveis. E aqui vou, apenas com as mãos sobre o teclado, viajando na imaginação: quão doce é o silêncio!

Viver momentos assim causa-me alegria. Ou, ainda, falar teclando com outro - que também é fã de carteirinha do silêncio - ora um assunto, ora outro; e a vida passando rapidamente, pois à frente de uma máquina que comunica com o mundo externo, o tempo voa (embora num mundo cibernético, frio), quase tudo é possível. Quase tudo! Logo apagarão esse quase!

Talvez aqueles momentos assim de silêncio - apenas o barulho do teclado com o leve tocar dos dedos - acalma-me os ânimos. É difícil de entender: vivo cada momento do dia, do trabalho, num mundo que considero não meu, mas do outro. Tanto do outro que me sinto, às vezes, perdido. Vivo, muitas vezes, a favor do outro. Educar é viver a fim do outro - entenda-se: fazer alguém saber algo é excelente, mais excelente ainda é quando se colhe resultados, portanto, educar é, em parte, doar-se.

Quando nos dispomos a educar (não apenas fazer da educação um meio para sobreviver) - sabemos que doamo-nos, mas também recebemos; mas fazer da educação uma bandeira não é nada fácil. Nada fácil porque para ser um bom educador necessita-se de 'querer' - de 'querer ser educador'. Faça sol, faça chuva, caia o que cair: educação em primeiro lugar.

Não devemos deixar de lutar pelos nossos direitos, por salários mais dignos, por melhores condições no trabalho: tudo isso faz parte da educação - que sempre é renegada pelos nossos governantes. Às vezes penso: será que eles passaram pela escola? Ou, simplesmente compraram (ou como dizem, apenas frequentavam)?

Não fugindo do assunto - que já fugiu, mas voltando a ele - o silêncio evidencia muitas coisas. Tanto que aprendi a escrever com mais agilidade no silêncio da madrugada (raramente escrevo em outros períodos, e, quando escrevo, o raciocínio torna mais lento...). Dificilmente escrevo algumas linhas com o sol a brilhar - costume da solidão noturna. Tento. Parece que não são os mesmos neurônios a pensar. Afinal, a noite é para tudo, inclusive não só para os românticos, mas também para os que adoram o estar sozinho.

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 03/06/2017 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.

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