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MÊS ABR 2017 - DIAS 01 - 08 - 29 (Textos publicados na minha Coluna 'ESCREVER... É ARTE'.)

PENSAMENTOS DE UM TAL GAROTO (29/04/2017)

Nos anos oitenta o tal garoto quase louco sempre aparecia na escola com roupas esquisitas para o seu tempo - mas não retrucava o que os outros comentavam. Fazia-se de desentendido e levava a vida sem muita agitação.

Imaginavam-no um louco, quase ninguém falava e nem tocava nele - apenas comentavam fora de sua presença, exceto o pequeno garoto de óculos de aro de metal. Para muitos, o tal garoto quase louco parecia um bobo, mas não, e era muito legal - afirmava sempre o pequeno garoto de óculos de aro de metal; mas mesmo assim era tido por muitos como um louco.

Este tal garoto quase louco acreditava em seres estranhos, esquisitos. Afirmava, convicto, que via seres de outros mundos, como os extraterrestres. Às vezes, até trocavam sinais e palavras entre si. Mas poucos davam crédito para o que falava (eu, de longe, tentava acreditar no que ele dizia, pois também acreditava em ETs).

Mas tudo tem o seu tempo determinado, e sem muitas explicações. No decorrer do ano entrou uma nova aluna na sala. A professora designou que a tal aluna devia se sentar atrás deste tal garoto quase louco (naquele tempo, que não faz muito tempo, os professores escolhiam os lugares que os alunos deviam sentar).

A conversa logo pegou ritmo e os dois passaram a papear. Todos estranharam o fato, mas a verdade é que o tal garoto quase louco se deu bem com a nova aluna. No intervalo passavam juntos os momentos - que foram poucos.

No final de algumas aulas, o tal garoto quase louco convidou a nova aluna para assistir filmes de monstros e de seres extraterrestres - tinha uma bela coleção, dizia ele a todos nós. A aluna nova não titubeou e aceitou o convite. Marcam para a tarde daquele dia em questão.

O tal garoto quase louco balbuciou algumas palavras com o pequeno garoto de óculos de aro de metal - que, por sinal, não estranhou o fato - e também não fiquei sabendo do que se tratou a conversa balbuciada entre eles. O sinal bateu e o garoto quase louco saiu rapidamente da sala em direção à sua casa.

A tarde logo chegou e a nova aluna se apresentou no portão da casa do garoto quase louco - e este se mostrou muito entusiasmado. Começaram a assistir o filme predileto: "The monstroids". Repentinamente a nova aluna pediu para ir ao banheiro - e o garoto quase louco indicou que seria a última porta ao no final do corredor.

Minutos depois um som estridente pousou sobre a casa do garoto quase louco. O garoto quase louco abriu a janela da sala e vê a tão sonhada nave - do banheiro sai a nova aluna, já transformada na pequena extraterrestre:

- Eu estou aqui pra te levar pra conhecer outros lugares, outras galáxias...

E o garoto quase louco não titubeou e subiu na nave, parou na porta e acenou para o mundo, para nunca mais ser visto.

A busca foi enorme, mas horas depois acharam um bilhete no banheiro: "Fui visitar os extraterrestres - demoro voltar." - e nunca mais se ouviu notícias dele.

Na escola o reboliço foi enorme quando o pequeno garoto de óculos de aro de metal disse que chegara a conclusão que a nova aluna era uma extraterrestre e, de forma meio duvidosa, o tal garoto quase louco também.

E essa é uma das muitas histórias que o povo conta sobre do tal garoto quase louco que morou lá pelos lados de onde moro - e, que por sinal, virou lenda.

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 29/04/2017 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.

A FALTA QUE FAZ (08/04/2017)

Quando sentei para escrever este texto não sabia por onde começar. E, como sempre digo aos meus alunos: escolha uma letra do alfabeto e pode até dar certo de surgir uma ideia - quando esta não é direcionada (quando é direcionado é deferente, pois há um propósito). E fiz assim, mas de repente veio-me o assunto para discursar.

É um assunto que muitos gostam de comentar, de rever, de abrir a boca e cantar - das boas músicas dos velhos tempos que os mais jovens têm pouco conhecimento, com exceção daqueles que possuem em casa pais que realmente viveram este tempo. Que belos tempos, por assim dizer, ouvir Tim Maia, Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil, Ivete Sangalo, Maria Bethânia, Milton Nascimento, Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Almir Sater, Peninha, Cássia Eller, Adriana Calcanhoto, Ana Carolina - e, com certeza esqueci muitos que entoaram e entoam excelentes canções. E, para relembrar algumas, fiz uma seleção que disponho a seguir - e que jamais hei de esquecer.

Começando por Tim Maia: Gostava tanto de você ("Não sei porque você se foi / Quantas saudades eu senti / E de tristezas vou viver / E aquele adeus não pude dar..." - me faz lembrar como gostava de você!), Me dê motivo ("É engraçado, às vezes a gente sente fica pensando / Que está sendo amado, que está amando e que / Encontrou tudo o que a vida poderia oferecer / E em cima disso a gente constrói os nossos sonhos / Os nossos castelos e cria um mundo de encanto onde tudo é belo..." - como seria bom ter todos os sonhos realizados, e não - às vezes - castelos desfeitos), Descobridor dos Sete Mares, Paixão Antiga, Do Leme ao Pontal, A Festa de Santo Reis, Não quero dinheiro, só quero amar - entre outras tantas.

Falando de Peninha veio-me à mente um dos amores que tive na vida com a canção Matemática. Só pra relembrar: "(...) Você gosta de sonhar olhando as estrelas / O meu sonho é mais real depois do amor // Eu igual você não tenho pressa / Também acho bom à beça / Fazer carinho debaixo do cobertor // Você ama Matemática, eu adoro Português / Me arrependo do que fiz e você do que não fez / eu preciso de silêncio e você de multidão / dois jeitos de ser, num só coração..." - e, para pensar: será que ela era da Área de Exatas?

Cássia Eller foi uma das que mais ouvi na vida. E que tal começar por Palavras ao Vento? "Ando por aí querendo te encontrar / Em cada esquina, paro em cada olhar / Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar / Que o nosso amor pra sempre viva, minha dádiva / Quero poder jurar que essa paixão jamais será / Palavras, apenas / Palavras pequenas / Palavras..." - Magnífico deixar a tristeza e trazer a esperança! E o que falar de Todo amor que houver nessa Vida? "Eu quero a sorte de um amor tranquilo / Com sabor de fruta mordida / Nós na batida, no embalo da rede / Matando a sede na saliva / Ser teu pão, ser tua comida / Todo amor que houver nessa vida / E algum trocado pra dar garantia!" - nem sei o que dizer.

E, fechando - pois é impossível de falar de todos, nesta última semana ouvi três juntos que valem muito: Caetano Veloso, Gilberto Gil e Ivete Sangalo. Entre as canções, cito: 'Se eu não te amasse tanto assim' (procurem no Youtube e vão se apaixonar!): "Meu coração, sem direção / Voando só por voar / Sem saber aonde chegar / Sonhando em te encontrar // E as estrelas / Que hoje eu descobri / No seu olhar / As estrelas vão me guiar // Se eu não te amasse tanto assim / Talvez perdesse os sonhos / Dentro de mim / E vivesse na escuridão..." - realmente de arrepiar! E assim seguimos com nossas canções em nossas mentes - e estas, tipo tambor, a martelar-nos continuamente.

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 08/04/2017 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.

CRIANÇA TEM CADA IDEIA (01/04/2017)

Criança tem cada ideia! Certa vez meu pequeno resolveu fazer a sua máquina do tempo, apesar da pouca idade, tinha na mente ideias geniais - e, aos pais que pensam que estou inventando, deem livros aos seus filhos e a criatividade será aguçada.

Logo vendo que as suas ideias eram geniais, resolvi comprar um pequeno laboratório e colocar nas dependências do fundo da casa. Este não perdeu tempo e sempre vivia lendo livros e manuais sobre experiências e, após várias leituras, disse-me que tinha feito a sua máquina do tempo. (Fiquei pensando e esperando os possíveis resultados - meio desacreditado.)

Não dei crédito aos seus falares, pois criança sempre gosta de inventar (assim como nós adultos que gostamos de inventar histórias) e pedi que fosse dormir, pois no outro dia tinha muito a fazer: escola requer tempo de estudo. E, vale dizer que a criança deve chegar à escola sempre leve - ou seja, após um bom sono: criança de escola deve dormir cedo.

A noite maravilhosa passou e acordei com determinado barulho. Era estranho. Vinha das dependências do fundo da casa - do tal laboratório que havia montado. Caminhei para lá. Lá estava o meu pequeno tirando o seu pequeno capacete e olhando-me assustado.

Olhei para o computador que estava ligado e depois novamente para ele. Não entendi nada. Questionei-o sobre o que estava acontecendo (mesmo sabendo que não falaria nada ou falaria pouco):

- Nada, papai.

E realmente nada falou. Pedi que se preparasse que o levaria para a escola. Deixei-o na escola. Quando retornei o que fiz primeiro foi olhar atentamente o laboratório. Havia algumas alterações: determinados fios da mesa do laboratório estavam ligados ao computador. Estranhei, pois não havia deixado assim.

Mas esperei pacientemente por sua volta. Almoçou e logo depois já estava em seu pequeno laboratório. Entrou e fechou a porta. Fui para lá nas pontas dos pés e comecei a espiar da vidraça. O pequeno ligou as tomadas do laboratório, depois ligou o computador. Colocou um capacete com visor de boa proteção e deu um click num programa. Rapidamente uma tela se abriu e um pequeno homenzinho começou a caminhar. Meu filho usava apenas a mão direita no teclado - as tais setas.

O tempo passou e duas horas depois a porta das dependências do fundo da casa foi aberta. Questionei se ele havia viajado naquela tarde.

- Claro, papai, e como foi interessante! Encontrei com vários tipos de dinossauros.

- Mas como acontece isso?

- Eu fiz a máquina do tempo.

Bem, quem sou eu para falar alguma coisa, não é mesmo? Discutir pra quê? Afinal, criança é criança - e tem cada ideia!

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 01/04/2017 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.

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