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MÊS JUL 2014 - DIAS 05 - 12 - 19 - 26 (Textos publicados na minha Coluna 'ESCREVER... É ARTE'.)

ESCRITORES MARCANTES (26/07/2014)

Hoje presto uma singela homenagem a três importantes nomes de nossa Literatura - nomes que, de um jeito ou de outro, marcaram muito aqueles que são amantes das letras. Eles - cada um em sua proporção - fizeram por merecer as honrarias que receberam. E, para nossa tristeza, apenas lembrá-los a partir de suas produções.

O primeiro nome que cito aqui é do escritor João Ubaldo Ribeiro falecido em 18 de julho. Ocupava a cadeira de nº 34, da Academia Brasileira de Letras - desde o ano de 1993. Ganhou o Prêmio Camões (o oitavo escritor brasileiro a ganhar), o mais importante em Língua Portuguesa, no ano de 2008, e ganhador por duas vezes do Prêmio Jabuti (o mais importante do Brasil) com as obras 'Sargento Getúlio' e 'Viva o Povo Brasileiro' (1972-1984). Teve algumas de suas obras adaptadas para as telas, como 'O Sorriso do Lagarto', 'O Santo que não acreditava em Deus'.

O segundo nome que cito é o do escritor, pedagogo, teólogo e psicanalista Rubem Alves falecido em 19 de julho. Com mais de 160 títulos publicados - muitos de sua área de atuação, além de infantis, contos e crônicas distribuídos em vários países. Lembro-me que ao ler os seus textos é sempre notável uma atenção ao ato de ensinar, que é um momento único, especial. É considerado uma das principais referências no pensamento sobre educação: ensinar é um ato de alegria, um ofício que deve ser exercido com paixão e arte.

O terceiro nome que cito é o do escritor e dramaturgo Ariano Vilar Suassuna falecido em 23 de julho. Ocupava a cadeira de nº 32, da Academia Brasileira de Letras - desde o ano de 1989. Entre as suas obras, cito 'Auto da Compadecida' (1955), 'A Pedra do Reino'. Há boas frases de Ariano Suassuna que vão ficar na memória: "A massificação procura baixar a qualidade artística para a altura do gosto médio. Em arte, o gosto médio é mais prejudicial do que o mau gosto... Nunca vi um gênio com gosto médio.", "Que eu não perca a vontade de ter grandes amigos, mesmo sabendo que, com as voltas do mundo, eles acabam indo embora de nossas vidas." e, para finalizar "A tarefa de viver é dura, mas fascinante." - e como é fascinante! Com todos os problemas que aparecem, sempre lutamos pela vida que temos, pois só há uma vida!

Agora que estes e outros se foram - estes citados a nível internacional, outros com menor expressão, e nós mortais a brigar com as letras, o que vale é correr atrás de produzir bons textos para no futuro - e não está tão longe, quando desta terra partirmos, sermos lembrados cada um em seu cantinho que deixou um legado cultural em sua terra. Que não passou pela terra simplesmente, mas que passou e deixou marcas que serão sempre lembradas.

E, falando em marcas, fico a imaginar quando retirarem o baú que foi enterrado em frente ao Espaço Ferroviário - falando de Araçatuba: quantas coisas serão lembradas! Lembranças: fiquei comovido ao mexer nas páginas da net e descobrir que existe no Museu 'Marechal Cândido Rondon' uma revista - A Cultural - datada de 1939. Relíquia que fui esta semana comprovar de perto.

Voltando ao assunto, quantas coisas daqui a alguns anos serão descobertas destes autores que se foram - obras inéditas (como aconteceu com vários autores que temos conhecimento). Possivelmente, se mexermos carinhosamente nos baús de nossas residências, principalmente de nossos avós, descobriremos coisas do passado que, na atualidade, revelam muitas histórias. Você, caro leitor, já olhou o baú de seus queridos que já se foram? Não é a busca apenas do financeiro, é a busca da história, da história de nosso povo que - nas gerações atuais - poucos se lembram.

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 26/07/2014 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.       

LABORATÓRIO DA ESCRITA (19/07/2014)

Há dois ou três anos ministrei um curso de produção textual, especificamente na área de crônicas, e constatei que muitos escreviam por gosto, outros por necessidade - mas os profissionais da área de Educação se queixavam por não escreverem tanto quanto desejavam. Explicando melhor: queriam fazer o que tinham em mente antes de serem os profissionais que são. E, nesse curso, encontrei uma das minhas primeiras professoras - lá do curso fundamental e ela, ali, ouvindo as minhas aulas!

Sempre tive em mente que o Magistério, carreira que faço nesta presente vida e com muito gosto - o que atrapalha são as grandes quantidades de papéis a serem preenchidos - me levaria a produzir e, com este item em mente, sigo firme os meus passos nesta terra - e a sala de aula é o meu verdadeiro laboratório para os meus desafios. E digo que escrever é um grande desafio - é um labutar constante com as palavras que são desafiadoras.

Muitos profissionais da Educação, em específico os da área de Língua Portuguesa, seguiram esta carreira porque gostavam de ler e de escrever. Notem que usei o verbo no passado: gostavam. Mas - e como o mas faz diferença na vida do ser humano - o mas apareceu e começaram a cuidar dos afazeres do ofício (ler e corrigir textos, ler e corrigir textos, os textos dos pupilos) e esqueceram de fazer o que gostavam de fazer: ler por puro prazer e escrever por puro gosto. E o esquecimento empobrece o ser humano - como empobrece!

Esquecem que a sala de aula pode sim ser um verdadeiro laboratório da escrita - e lá vai um pequeno exemplo. Outro dia (sempre faço assim) passei um pequeno texto que dizia que o personagem colecionava figurinhas, retratos de determinado ator na adolescência e, passado a fase, vendeu-o e ganhou lucros com ele - mas sem deixar de lado os suspiros da mocidade - enquanto os alunos liam, interpretavam e produziam a partir do que solicitei, comecei a escrever também. Na minha adolescência, sem muito dinheiro disponível, colecionei apenas um álbum que não lembro o nome, mas retratava a evolução da vida no planeta Terra. Era muito colorido e o tive por longos anos até que um dia uma telha do depósito dos fundos se quebrou, não vi, choveu vários dias e o perdi para sempre - junto a ele, muitas correspondências que recebia de vários países de língua inglesa, através do IPF - International Pen Friend. Fiquei triste, pois foi uma perda irreparável.

Aos meus alunos fiz a proposta: deveriam imaginar que um álbum, e que este era deles, e deveriam vender (e com uma certa margem de lucro), e com a possível verba arrecadada comprariam alguma coisa que necessitavam. Eu não tive a oportunidade de vendê-lo - pois o perdi - como citei acima, mas tenho a certeza que não teria coragem de vendê-lo - estava comigo há muitos anos. Ou teria coragem de vendê-lo? Muitos textos que li citavam vendas fabulosas, que supriram as necessidades familiares, outros pensaram apenas em seus próprios desejos... É a vida!

Como sempre se diz, a necessidade pode criar oportunidades - talvez venderia para suprir alguma necessidade que não pudesse ser adiada. Mas, às vezes fico pensando que o álbum constituía para a minha vida uma grande relíquia da adolescência, assim como as cartas trocadas em inglês, alguns brinquedos que ainda trago comigo - e ainda mais na memória.

Assim, a sala de aula é um verdadeiro laboratório - discute-se assuntos, opiniões diversificadas são formadas e textos são criados nas mais diversas formas de expressão: do verso à prosa, e seja esta de caráter narrativo, descritivo, argumentativa e até, quando possível, da prosa poética! E deve ficar claro a todos que o importante é escrever.

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 19/07/2014 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.        

SÃO JOÃO NÃO PASSOU! (12/07/2014)

Na coluna da semana passada falei sobre a soberana Praça Ruy Barbosa, seu esplendor atual e suas mudanças ao longo dos anos, suas reformas quase que intermináveis, digo assim para o bom entendedor - do saudosismo à modernidade que o tempo pede (se realmente pede eu não sei, mas gastam fazendo e o que é memória fica apenas nas fotografias).

Pelo esquecimento de muitos, e pelo que andei sabendo, há verbas que devem ser gastas com a restauração da Praça São João - por isso São João não passou. Se há ou não verbas, às autoridades compete dar esclarecimento e providências, a os cidadãos cabe a fiscalização por espaços públicos de melhor qualidade. E, diga bem dito que o lugar a que refiro neste texto pode ser considerado nobre, tanto pela excelência do lugar, como pelos seus ilustres moradores.

Eu, quando criança, lembro-me perfeitamente da Praça São João em seu esplendor. Linda, com fonte colorida e um belo lago cheio de peixinhos. Os postes, pequenos, iluminavam-na e os enamorados sentavam em seus bancos a contar um ao outro as estrelas celestes, ou os encantos dos enamorados em pleno luar. Lembro-me, ainda, que dos meus quinze aos dezenove anos, todos os dias eu sentava naqueles bancos - bancos de grandes recordações - trabalhei durante quase cinco anos numa de suas esquinas. Vi a transformação pelo qual ela passava. Vi a transformação do capital em seu amanhecer, entardecer e tardiamente em seu anoitecer.

Aliás, lembro-me que anos depois escrevi um conto que intitulei de 'Mendigo em lua de mel' (e certa época alguns mendigos por ali passavam suas noites deitados nos bancos da praça) - e o fato se passa exatamente na Praça São João, na igreja São João e São Judas: na mais pomposa igreja de nossa cidade, com suas torres de dar inveja a qualquer templo religioso da nossa região - e não é exagero, pois quem a conhece certamente confirmará o que digo. Aliás, quem por ali passa certamente jamais esquecerá os seus relógios que hoje não anunciam mais as horas - mais ainda me recordo de cada marcar de hora, de quinze em quinze minutos.

Passei por lá nestes dias, pois não vivo mais naquela região - são vinte e cinco anos de boas recordações naquele pedaço de chão - e senti-me amargurado de ver a falta de atenção com aquele pedaço de terra. Muitas coisas a seres feitas... É humilhação aos cidadãos araçatubense ter que reivindicar melhorias frente ao que se paga de impostos - e não vou me retalhar apenas à nível municipal, mas em todas as estâncias de governo. É direito do cidadão de cada município ter o seu espaço de lazer em boas condições e dever do município manter os espaços públicos de lazer em boas condições de uso.

E, antes de entrar diretamente no que acontecerá nos próximos dias, fico aqui a matutar sobre o entorno da praça que até teatro já teve (hoje, sinceramente, não sei mais o que é no local) - lembro a época em que este passou por um reforma e todos imaginavam que seria para sempre - mas o para sempre realmente não existe. Recordo-me ainda dos lanches lá servidos - e por incrível que pareça outra noite o encontrei no mesmo lugar vendendo o seu tradicional lanche. E ele - o vendedor - lembrou de minha pessoa com todo o passar dos anos.

Logo estaremos frente a mais um pleito eleitoral - e de tudo tentam tirar proveito - refiro-me àqueles que não possuem escrúpulos. Diretamente, ou indiretamente, muitas coisas são feitas nesta época, se com intuito eleitoreiro ou não, não sou eu que vou julgar, mas o povo consegue distinguir muito bem o que se faz em cada época - exceto os que não prezam pela qualidade de vida de sua cidade, mas sim apenas pelo seu bolso - e na hora do voto os conscientes fazem o correto.

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 12/07/2014 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.   

A PRAÇA É NOSSA! (05/07/2014)

Outro dia estava circulando pela internet e digitei Praça Rui Barbosa e obtive vários links, não me contentando, coloquei imagens. E, para minha grata surpresa, várias imagens surgiram - e de diversas épocas: algumas eu vivi, outras apenas em imagens mesmo. Algumas conhecidas de longa data e, somei a estas imagens, alguns nomes que a praça também foi conhecida.

Mas, antes de fazer qualquer comentário - a praça é nossa! Digo assim porque está novamente aberta ao público. E foi nesta mesma praça que certa manhã eu estava passando e vi um transeunte ser indagado por uma cidadã que ofereceu seus serviços para leitura de sua mão - e ele aceitou. Fiquei de longe olhando, poucas palavras entendi e ao término da leitura, soltou-lhe algumas moedas. E, para minha surpresa, foi um dos primeiros contos que escrevi a partir deste fato.

Tenho um arquivo de mais de setecentas fotos antigas de Araçatuba - doada a minha pessoa pela professora Mônica, da área de História, e as uso em minhas aulas. Para quem não conhece um pouco da história de nossa cidade, acesse a página do Museu 'Cândido Rondon' onde também há fotos antigas. Uma que cito agora é a que traz a Igreja Católica - que já foi demolida e fizeram, como uma amiga minha disse-me há poucos dias, um caixote no local que, se não reparar bem, não se sabe que é uma igreja - e a Igreja Metodista, que também não existe mais. E quem a tirou se posicionou quase do outro lado da praça e nota-se o antigo coreto.

Um pouquinho mais pra frente na historia, há outras reformas na praça, mas as deixamos do lado e vamos nos interar da praça no dia de hoje. Ao transeunte ficou mais ampla - mas também ouvi de dois antigos cidadãos que a observava, assim como eu, a seguinte declaração: "Perdemos muito do que essa praça já foi." - verdade ou não, está para os moradores mais antigos bem mais que modificada, por exemplo, as cores deferentes no piso.

Eu talvez seja meio suspeito em falar, mas gostei da praça - ufa! A praça é nossa! Senti-me um pouco com ciúmes, pois a minha praça, a praça em que fui criado está abandonada - de certa forma! Refiro-me à Praça São João. Quando caminhei pela Praça Rui Barbosa e vi a fonte - lembrei-me imediatamente da fonte luminosa que a Praça São João tinha e funcionava todos os dias - e espero um dia vê-la funcionando novamente.

Mas a Praça Rui Barbosa, a Praça do Boi Gordo - de onde muitas vezes se cotou o preço nacional da arroba do boi, ficou elegante, com um visual modernista e que merece todo respeito histórico de nosso povo araçatubense. E, para os mais novos - como diz as crianças em certa propaganda que refere-se à Copa, coloco aqui: a praça é pra mim, pra você, pra nós - a praça é nossa!

Retomando a política araçatubense, creio que o que foi feito na praça central da cidade, deveria ser feita em todas - e não apenas na São João que citei acima. Andando pela cidade nota-se muitas coisas a serem feitas nas praças - temos que, politicamente falando, torná-las um espaço de uso público, pois assim sendo evitaria grandes tragédias, como o uso indevido de drogas.

Deveríamos olhar a história da humanidade e lembrar que a praça é um espaço público - e neste espaço público que muitas coisas são geradas, são discutidas para, posteriormente, serem levadas à prática. É assim que politicamente devemos pensar - e não devemos, como cidadão comum, esperar apenas de quem está hoje no poder, mas devemos pelos meios legais procurar o que de fato é necessário para o bem de todos - e sempre lembrar que a praça é nossa!

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 05/07/2014 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.    

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