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MÊS JUL 2013 - DIAS 13 - 20 - 27 (Textos publicados na minha Coluna 'ESCREVER... É ARTE'.)

VINÍCIUS E OS SEUS AMORES (27/07/2013)

Há muito pesquisamos, estudamos e vivenciamos as obras de Vinícius de Moraes, conhecido como Poetinha, apelido carinhosamente atribuído a ele. Neste ano o trabalho sobre sua vida está intensificado devido completar 100 anos de seu nascimento: 19 de outubro de 1913.

Antes de entrar diretamente em sua vida amorosa, Marcus Vinícius da Cruz de Melo Moraes foi compositor, intérprete, escritor, jornalista, advogado, diplomata. Viveu a vida com toda a força possível e, como dizem, passou metade dela viajando e a outra metade amando. E vale, ainda, acrescentar que era admirado e amado por todos os companheiros e parceiros com quem conviveu.

Sobre os seus amores que discursarei neste texto - os seus nove casamentos, que civilmente aconteceu apenas uma vez e foi com Beatriz Azevedo de Mello - por procuração, pois estava estudando na Inglaterra. Ela, uma paulistana de família de posses, que estava noiva e largou tudo para viver um grande amor, do qual tiveram dois filhos: Susana e Pedro.

Antes de conhecer Beatriz, o Poetinha declara aos seus entrevistadores que desde os sete anos já era um conquistador implacável. Aos sete anos começou a amar Branca e depois namorou quase todas as amigas de sua irmã.

Vinicius se envolveu com Regina Pederneiras, uma arquivista do Itamaraty, entre os anos de 1945 a 1947: foi uma relação conturbada, mas este relacionamento extraconjugal foi perdoado por Beatriz, mas que legalmente decretou o fim de seu casamento em 1950. Vale lembrar que várias vezes Vinicius a procurou para aproximação e na morte do poeta Beatriz afirma que não queria ser apenas amiga - considerou tola sua atitude, pois o amava e poderia até ter sido sua amante.

Entre os anos de 1950 a 1957 esteve casado com Lila Bôscoli, bisneta de Chiquinha Gonzaga. Deste relacionamento nasceram Georgiana e Luciana. E aqui vale relatar o comentário onde Lila afirma que o namorava o tempo todo, mas sabia também que o poeta dava lá as suas 'escapadinhas'; - era, sem sombra de dúvida, um amante incondicional das mulheres.

Seu quarto casamento foi com Lucinha - Maria Lúcia Proença. Nessa época era diplomata em Montevidéu, mas fez um pedido para retornar ao Rio de Janeiro e nele alegou problemas de amores: o tempo do amor é irrecuperável. Viveram cinco anos apaixonadamente até, como se diz, o fantasma do tédio tomar Vinícius. Lucinha afirma que por ela jamais se separariam.

Em 1963 Vinicius se casou pela quinta vez e foi com Nelita Abreu Rocha - que se encontravam as escondidas. Nessa ocasião o pintor Di Cavalcanti questionou Vinicius se seria a última mulher - ou seja, se seria definitiva e não obteve resposta, pois Di Cavalcanti pintava até então as mulheres do poeta e prometeu ser a última que pintava. E este casamento durou até 1969.

Durou até 1969, pois neste ano surgiu Christina Gurjão, com quem teve uma relação tumultuada - quase foi assassinado, pois Christina descobriu que fora traída e estava grávida de cinco meses. Dessa relação teve a filha Maria. A sétima mulher foi Gesse Gessy, baiana, apresentada por Maria Bethânia numa pizzaria em Salvador. Mudou-se para Itapuã. Depois dela casou-se com a argentina Marta Ibañez, quarenta anos mais nova e foi um relacionamento rápido.

O último casamento de Vinícius de Moraes foi em 1976, com Gilda de Queirós Mattoso, estudante do Curso de Letras - que é considerada a viúva do poeta. Viver intensamente o amor, como viveu o Poetinha, foi considerado por ele mesmo como que perigoso e afirmou: "São demais os perigos desta vida / Pra quem tem paixão principalmente / Quando uma lua chega de repente / E se deixa no céu, como esquecida / E se ao luar que atua desvairado / Vem se unir uma música qualquer / Aí então é preciso ter cuidado / Porque deve andar perto uma mulher...".

E dos seus casamentos, quando desfeitos, quase nada levava - ou, por assim dizer: a roupa do corpo e a certeza de que amaria novamente. A paixão ardente pelas mulheres, encontros e desencontros, estava sempre presente em sua vida e elas se faziam musas inspiradoras de sua obra que, por sinal, foi extensa.

Certa vez, quando questionado por Clarice Lispector sobre as mudanças de mulheres, afirmou que em sua vida acontecia como se uma mulher o depositasse nos braços de outra e completou com o último dístico do seu soneto 'Felicidade': "Que não seja imortal posto que é chama / Mas que seja infinito enquanto dure". E no dia 09 de julho de 1980 parte desta terra deixando saudades sem fim. 

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 27/07/2013 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.     

AS ESCOLHAS PESSOAIS (20/07/2013)

Fico imaginando qual será a razão que algumas pessoas preferem o lado negativo da vida ao positivo - e, por consequência, acabam transmitindo isso às pessoas, mesmo não querendo.

As pessoas que são mais alegres transmitem alegria, falam de alegria. As pessoas que são mais tristes transmitem tristezas - e queira o leitor discordar de mim, ou não. Tal fato é possível de constatação.

Na vida profissional também pode ser observado. Há pessoas que por mais que queiram transmitir alegria, contentamento, não conseguem - apenas projetam um pequeno esboço que não convence nem a si mesmo.

Outro dia passei a falar com uma cidadã que, em todos os trabalhos que realiza, nota-se a presença negativista. Lembrei-me, possivelmente o leitor também vai se lembrar, dos escritores pertencentes à fase do romantismo excessivo. Nele tudo ia ao exagero, tudo beirava a morte. Vivia-se pouco.

Conversa vai, conversa vem, e ela disse-me que era simplesmente uma escolha, um gosto pelo lado mais obscuro da vida. Posso até concordar com um trabalho ou outro, mas mais de noventa por cento dos trabalhos - creio que já é mais que de mais; é pessimismo ao extremo.

Subir a um palco não é nada fácil. Agora, subir a um palco e expressar puro negativismo: é muito extremo! Fico a pensar como se sente o público neste instante - eu penso que sair de casa é para alegria, é para buscar mais sorrisos; não é para buscar pessimismo.

Às vezes isso fica tão impregnado na pessoa que passa a achar normal, mesmo que alertada de alguma maneira. Muitos dizem por ai e eu também: prefiro o lado alegre da vida, principalmente quando vou a um espetáculo - quero mais é sorrir na vida, sorrir pra vida e, preferencialmente, sorrir da vida.

Viver o lado alegre da vida já é complicado, imagina viver o lado negro da vida - creio que ainda é pior. Pelo lado alegre da vida se contagia. Vive-se mais feliz quando se consegue transmitir a outrem o legado positivo da vida - é como se estivesse ensinando a alguém algo que a fará mais feliz, que a fará ter momentos mais alegres nesta tão conturbada vida moderna.

Eu imagino que o lado bom da vida seja simples o bastante para fazer das minhas atitudes fatos significantes para o outro - que seja assim, caso contrário não haveria sentido em passar por este chão cheio de iniquidades.

Voltando à questão: o mais interessante é que as pessoas que assim vivem não percebem tais atitudes - apenas acham que são escolhas. Nada contra, nem a favor, pois nesta área negativista há trabalhos interessantíssimos, sou apenas contra a constância deste tipo de trabalho.

Acrescento, ainda, que para determinados tipos de trabalho, como o teatro, há a necessidade de 'incorporar personagens': imagine depois o retirar de sobre os ombros tal personagem? É um fardo que fica preso à pessoa por muito tempo - nota-se que muitos atores/atrizes são marcadas por determinados papeis que exercem em curso de sua profissão. Logo, é de se pensar.

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 20/07/2013 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.      

O CANTO DOS PÁSSAROS (13/07/2013)

Pensando no que escrever, caminhando lentamente pela casa, da cozinha para sala, da sala para a cozinha e depois para o quintal, veio-me à mente o canto dos pássaros que naquele momento se fazia ouvir. E aqui em casa tenho alguns. Há muito tempo queria eu ter alguns pássaros para ouvi-los cantar - e agora os tenho.

Por outro lado fico a pensar como deve ser triste ver a vida a partir dos ferrinhos das grades de uma gaiola. Por um lado me alegra em vê-los cantar e, seguramente, quando me aproximo deles, cantam ainda mais - e como cantam! Já me conhecem - já conhecem a minha voz quando converso com eles - podem até achar que estou louco, mas converso com eles. Mas pelo lado de vê-los presos - seguramente não sou feliz: por que, então, não soltá-los? Bom questionamento...

Os bichinhos que tenho aqui em casa, dois casais e em gaiolas separadas, como disse, cantam muito. Muitas coisas nestes casais me chamam a atenção - e, entre elas, a parceria que desenvolvem: nos dias atuais, uma fêmea está chocando e, quando coloco alimentação e troco a água (isso faço diariamente), o macho se dirige ao ninho e a chama carinhosamente. Fico a imaginar que, se o animal faz isso, deveríamos - como seres humanos pensantes que somos - fazer também. E sabemos que nem sempre acontece assim entre os pensantes - o que é uma pena.

Os bichinhos que tenho aqui são de uma plumagem maravilhosa! Somente a mãe natureza para fazê-los tão perfeitos. O homem, em toda a sua ciência e tecnologia, tenta produzir cores idênticas, mas não consegue; semelhante, talvez. Outra vez enalteço o poder de criação do Ser Maior - e como é perfeita!

Às vezes me pego em pensar sozinho - talvez a tristeza que de vez em quando invade a alma humana - lembro-me deles e para lá me dirijo. Sento-me preguiçosamente do outro lado da área e passo a contemplá-los. E gostaria muito de entender o linguajar destes pequenos animais - cantam, cantam, e cantam. E, às vezes, trocam beijinhos sem parar: que felicidade! - mesmo fechados.

Ainda, do outro lado da área observo um lindo pé de roseira que ofereci à minha esposa em data oportuna de seu aniversário: e com flor! Uma cor maravilhosa - nem vermelha nem amarela, talvez entre as duas. Ontem ainda era botão, hoje já se abre em flor. Ao lado desta: dois vasos de renda portuguesa - dois vasos recheados; no alto, vasos de samambaias. Sem falar nas várias orquídeas esparramadas que temos pelo corredor em volta da nossa casa - como é bom estar rodeado de plantas; de plantas, de plantinhas verdinhas.

Fazendo mais um parênteses às plantas, estamos recheados de plantas e das mais diversas, inclusive hortaliças: alface, almeirão, hortelã; como é bom levantar pela manhã, ou no final da tarde e aguá-las e, depois de certo tempo, colhê-las e saboreá-las: fruto das próprias mãos. E aqui em casa não existe 'terra' - todo o quintal é de piso cimentado, mas os vasinhos, em seus estaleiros, estão por toda parte e, o melhor de tudo: produzem!

Agora que estou a escrever este texto, ouço claramente o cantar dos meus pássaros e, longe daqui, ouço também o latir de cães - que diferença! Destes tenho medo, pois não sei a reação, mas dos meus pássaros sinto-me mais vontade de estar perto deles. De chamá-los de fonte de inspiração para este texto que acabo de escrever.

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 130/07/2013 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.       

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