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MÊS SET 2014 - DIAS 06 - 13 - 20 - 27 (Textos publicados na minha Coluna 'ESCREVER... É ARTE'.)

RUMO AO DESCONHECIDO (27/09/2014)

Creio que todos, ou quase todos, já tiveram vontade de sair sem rumo, ou apenas rumo ao desconhecido. Eu também já tive essa vontade e realizei: em cima de uma moto saí sem destino e, quando dei conta, estava em Porto Alegre - claro que dias depois da partida.

Outros também gostam de escrever a desconhecidos - eu também. E é tão interessante que sempre descobrimos que há pessoas que sentem o mesmo - pois respondem. E é interessante escrever a um desconhecido porque, ao mesmo passo que pode se falar muitas coisas, também o contrário, somado à vontade de saber quem está do outro lado.

Sempre que posso peço aos alunos que escrevam a um desconhecido - de modo ficcional (e deve ficar claro que não se deve citar endereços, dados pessoais - invente e-mails... ) - mesmo que for para treino e assim retomam o exercício epistolar. Há alguns anos recebia cartas de várias partes do mundo, e em Inglês. Participava, na época, do IPF (International Pen Friend) e aprendi muitas expressões idiomáticas - que não aparecem nos dicionários.

Como trabalhador, labutador das palavras, gostaria de encontrar alguém, ou uma meia dúzia de pessoas, com o mesmo interesse em produzir cartas literárias, ou até mesmo trocar correspondências via e-mail. Vários escritores fizeram isso ao longo de suas existências. Algumas destas cartas tornaram-se famosas, bem estudadas, analisadas e até hoje são discutidas.

Creio eu que essa ideia não pertence apenas a minha pessoa - outras também pensam assim, mas nem sempre conseguem um espaço para expô-las. E alguns se reúnem em pequenos grupos/clubes de correspondências e praticam essa ação que a modernidade tecnológica tenta apagar - mas não para fins literários, mas para diversão mesmo.

Fico imaginando o gostinho de receber uma carta de um escritor, pode até ser um autor de pouca expressividade, mas só de ler ao final da carta a expressão "um abraço literário do seu amigo escritor Fulano de Tal", subiria às nuvens.

Falando em escritor, lembro-me neste momento do dia em que recebi um cartão do escritor Pedro Bandeira - meu xará. Naquela época - muitos anos atrás, quando ainda era jovem, fiquei muito feliz e não sabia o peso do que é ser escritor, imagino nos dias de hoje! Fiquei feliz, também, no dia em que - no palco do Teatro da Biblioteca Pública Municipal 'Rubens do Amaral', sentei ao lado do escritor Ignácio de Loyola Brandão, após uma de suas belíssimas palestras (pois já ouvi duas), e tiramos uma foto que está até hoje postada no meu site - são momentos raros. Também já tirei fotos ao lado de outros escritores - que me perdoem por aqui não citar os nomes.

Então, retomando o assunto, você que está lendo estas linhas, faça assim: pegue uma folha, caneta (e com letra legível) e escreva uma carta a um desconhecido - deixe-a num banco de praça. Deixando num banco de praça propiciará que alguém escreva para você (vale lembrar que nos dias atuais evita-se colocar endereço - assim, no primeiro momento, deixe caixa postal, ou e-mail - ou, ainda, determine um lugar para que a deixem, como a Biblioteca Municipal - mas não se esqueça de avisar a senhora bibliotecária.

Esta semana vou conversar com a bibliotecária responsável e propor esse trabalho - apenas para recepção, assim estaremos efetivamente incentivando a escrita e, por consequência, retomando a velha mania de enviar cartas. 

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 27/09/2014 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.             

O PODER DOMINA (20/09/2014)

Outro dia a conversar em casa sobre o que o poder traz, ou faz às pessoas, foi tão interessante que rodou a conversa por alguns dias - e foi longe nas ideias. E sempre trocamos ideias sobre como sermos menos chatos perante certas coisas que a vida proporciona para não parecer abuso de poder. Aliás, a vida proporciona muita coisa boa. O ser humano não a aproveita na maioria das vezes - além de não aproveitar, e é através do poder que deixa tudo mais complicado.

Alguns, por qualquer motivo, se acham o tal; na expressão popular é mais ou menos assim: acabaram de subir numa folha de papel e se acham poderosos. Mas não é assim, sabemos que não é um cargo que pode significar mudança de comportamento. Sabemos, também, que muitos cargos exigem mudança de postura, mas não em relação ao ser. Temos que aprender a ser - e depois ter.

O novo cargo adquirido, ou a nova função a ser desenvolvida, deve ser vista como uma conquista pessoal (e sabemos que nem sempre é - às vezes houve muitos mimos para conseguir tal função). Mas vale lembrar que, na maioria das vezes, quando a conquista é pessoal, o indivíduo valoriza mais, aprecia mais e, de certo modo, respeita os que estão em volta, os que são chamados de subordinados - pois conhece o duro caminho para até chegar ali.

Por outro lado, os que são indicados (e, na maioria das vezes, não possuem competência) precisam se firmar no lugar alcançado, por isso a tendência é dominar de forma desrespeitosa, esmagar o próximo. Às vezes, distribuem olhares diferentes com desdém. Esquecem as origens. Esquecem os patamares que tiveram que galgar para ali chegar. O ser humano é complicado. E coloque complicado!

Por isso o velho ditado se faz necessário aqui repetir: 'Se queres conhecer um homem, dê-lhe poder'. Poucos serão aqueles que se manterão limpos - basta olhar para o poder político. Quantos que conhecemos, que ajudamos a fazer suas campanhas e subiram, mas muitas vezes não lembram mais dos que aqui ficaram. Por quê? Será tão difícil assim olhar para baixo?

Ou, será que esquecem que todo o poder só é dado mediante a aprovação do Ser Maior - a voz do povo é a voz de Deus. Daqui a alguns dias o povo deverá comparecer às urnas e exercer o seu papel de cidadão consciente - mas será que todos têm consciência do que farão diante daqueles botões? Será que daqui a dois anos saberão em que elegeram para o Legislativo? Aliás, creio que não, pois não cobram dos que lá estão, não cobrarão dos que estarão lá no futuro. Uma coisa é clara - cada vez se cobrará menos, tendo em vista as gerações que estão em formação: estas não possuem nenhum tipo de conhecimento político, muito menos uma política de engajamento social.

Faz-se necessário mudar. Mudança dos que aqui estão - penso eu que as mudanças começam a ser construídas na base, ou seja: na formação do pensamento, por isso a necessidade de termos educadores engajados politicamente no sentido de alertar as próximas gerações. É preciso alertar que quanto menos um povo é sabido, mas fácil este é de ser governado. Logo: para que o instruir bem? Deixe-o que saiba pelo menos - e tão somente - escrever o nome, assim, estará apto para votar. Não lhe dê mais que isso, pois tendo mais se revoltará contra o 'opressor'; se libertará.

Belos discursos são proferidos em épocas eleitorais - mas tão vazios quanto os que lá estão ou pretendem estar (pelo menos uma boa parte). Digo que há a necessidade de estarmos atentos a este fator e alertar os menos ligados a estes assuntos. Se você é conhecedor da causa e sabe muito bem o efeito que se produz, alerte a todos do 'fanfarrão do poder'. Sempre alerta, caro leitor! 

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 20/09/2014 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.           

LOGOSOFIA - O QUE É? (13/09/2014)

Outro dia acessando o meu site vi uma propaganda que me chamou a atenção - falava sobre um assunto que nunca tinha lido ou ouvido falar: logosofia. Sou um pouco curioso, deixei tudo o que estava fazendo e fui à procura desta nova palavra para o meu vocabulário.

Descobri que é uma palavra de origem grega e que foi concebida pelo pensador e humanista Carlos Bernardo González Pecotche, em 1930, e significa 'ciência da razão'. Visa explorar os campos do autoconhecimento, a proposta logosófica é emancipar o indivíduo ao focar principalmente na identificação, classificação e seleção dos próprios pensamentos. Depois desta definição, fiquei pensando: realmente precisamos nos identificar, nos classificar e começarmos a aprender a selecionar os nossos pensamentos - primeiro o nosso, depois, se possível, o dos outros.

E completa: é uma ciência nova, que revela conhecimentos de natureza transcendente e concede ao espírito humano a prerrogativa de reinar na vida do ser a quem anima. Conduz o homem ao conhecimento de si mesmo, de Deus, do Universo e de suas leis eternas. Apresenta uma concepção original do homem, em sua organização psíquica e mental, e da vida humana em suas mais amplas possibilidades e proporções. Pensou seriamente nestes conceitos?

Se pegarmos um a um, se analisarmos uma a um, vamos muito longe. Abordarei apenas alguns: 'conduz o homem ao conhecimento de si mesmo' - será que estamos preparados para nos conhecer? Para sabermos de nossos valores, dos nossos direitos e obrigações para nós mesmos, para com o próximo? E, mais um: 'estamos preparados para encontrar com Deus'? Este também é de se pensar muito, pois segundo as religiões, e segundo os ensinamentos bíblicos, temos que ter fé - pois sem fé é impossível agradar a Deus, logo, sem fé é impossível vê-lo. E lendo mais, fiquei sabendo que o objetivo central desta ciência é levar o homem a ter conhecimento de si mesmo.

Outro sim, fiquei pensando: será uma religião? Percebi que não, mas uma forma de raciocínio diferente, ou seja - como os próprios dizeres da página que consultei: a crença sem reflexão foi e continua sendo uma das maiores responsáveis por entorpecer o desenvolvimento moral e espiritual do ser humano. Isso porque a fé, quando baseada pura e simplesmente na própria fé, produz uma certa inibição mental que dificulta o exercício da razão ao afirmar que a reflexão é o que expõe o homem ao engano, à heresia, ao paradoxo. A Logosofia institui, portanto, a necessidade da revisão de todo conceito - velho ou novo - admitido sem reflexão e análise, incluindo os formulados por esta própria doutrina filosófica. Através da experimentação e revisão contínua do compreendido, é possível assegurar-se um processo de aprendizagem em evolução, que irá preservar o homem dos mistérios de toda fórmula dogmática. Então: uma forma diferente de entender as coisas, o mundo, o próximo.

Ainda diz que qualquer um pode estudar a Logosofia, pois os estudos buscam satisfazer as inquietudes espirituais e melhorar seus relacionamentos inter e intrapessoais - é uma ciência eminentemente experimental: 'Aquele que estuda e pratica os ensinamentos logosóficos aprende a conhecer seu mundo interior. A Logosofia também orienta o ser humano a adestrar-se na utilização das faculdades de sua inteligência, de modo a ser capaz de criar pensamentos próprios de índole construtiva'.

E, para finalizar esta palavrinha de hoje, como colocá-la em prática? Diz: 'à medida que se volta para dentro de si mesmo, cada um vai descobrindo o valor dos ensinamentos diante das questões que o cercam. Cada um é, pois, herdeiro dos próprios esforços: o método propicia ao indivíduo estudar tudo o que experimenta e experimentar tudo o que estuda'. Exemplo: ao estudar um livro sobre os sentimentos humanos e os cuidados necessários para preservá-los, estuda-se um conceito. Porém, ao fechar o livro e olhar para a realidade que o cerca é que o indivíduo tem a oportunidade de praticar o que acabou de estudar, pois é ali onde se encontram os seres pelos quais ele possui os melhores sentimentos. Esta prática é que o leva à construção de uma nova individualidade, com consciência e controle de suas próprias ações. E, se tiver mais dúvida sobre o assunto, é só sair a campo e ir mais fundo no assunto. 

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 13/09/2014 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.

A SUAVIDADE AO ALCANCE DE TODOS (06/09/2014)

Você, caro leitor, já deve ter visto ou ouvido falar que algumas pessoas têm o hábito de cheirar tudo que lhes caem às mãos. Outro dia achei estranho que uma aluna - do Ensino Médio - cheirava todos os livros que eu levava para a sala de aula. Dirigia-se à minha mesa, olhava-os e os cheirava. Todos os presentes na sala riam da atitude dela, mas...

Em minha casa a minha amada Lorita sente o cheiro das coisas de longe - e eu não sei se isso é bom ou ruim, mas creio que deve ter algum ponto positivo nisso. Eu, particularmente, não consigo sentir o que ela sente de longe - será que é treino, como muitos dizem? Assim, como cheirar livros: bom ou ruim?

Questionei-a sobre cheirar livros, disse-me que era um velho hábito, que gostava, que - além das leituras constantes que fazia, precisa ter em suas narinas o cheiro do papel do livro, fosse ele novo ou velho. E tem mais: gostava de comprar livros, de tê-los para si - inclusive tinha um armário para guardá-los. Às vezes colocava-os para tomar sol (e fazia isso por recomendação de um certo professor de Literatura).

Há pessoas que gostam de cheirar muitas coisas - por exemplo: cheiram o copo antes de tomar qualquer coisa nele. Eu gosto de cheirar as flores. Assim que as vejo, toco-as levemente com as mãos e abaixo-me até elas para sentir, par sorver o seu perfume. Os cheiros são os mais diversos possíveis - alguns mais gostosos e outros menos, se assim posso dizer. Mas há de ser ter um enorme cuidado ao cheirá-las: em seu interior pode se ter pequenos insetos recolhendo o pólen e estes serem sugados para dentro de nosso organismo - ou pior, parar nas vias respiratórias. Então: cuidado extremo ao realizar tal ação.

Ainda falando em cheiro, aroma, há pessoas que balançam uma taça de vinho e reconhecem muitos elementos presente no vinho - até a procedência. Andei pesquisando e degustar o vinho é uma arte - parece coisa mágica. E esta arte se consegue com o tempo, de forma individual - aprendendo sozinho, ou de forma coletiva (observando, trocando ideias). Segundo a minha pesquisa, somente a análise química consegue determinar e quantificar as substâncias contidas num vinho; só a análise sensorial é capaz de responder se o vinho é bom ou ruim e por quê. O exame visual é importante: ele diz se o vinho é jovem (esverdeado ou amarelo-claro para o branco, vermelho-púrpura no tinto) ou mais envelhecido (amarelo-escuro no branco e vermelho-alaranjado no tinto) - entre outras características.

Fico aqui pensando: para tudo neste planeta há uma saída, exceto, como sabemos, para a Dama de Preto. E tudo o que há já houve um dia - talvez de forma diferente e apropriada para a sua época. Logo, creio que cheirar, degustar, de há muito já se tem também. Neste exato momento lembro-me da passagem bíblica que Jesus Cristo, nosso Senhor, transformou a água em vinho - e pediu que enviasse ao mestre de cerimônia que, ao provar, disse ao senhor da festa: "Como deixaste o melhor vinho para o final da festa, tendo em vista que este deve sempre ser apresentado no início da mesma!" - oras: naquele tempo já havia o cidadão que ficava 'testando' a qualidade do vinho.

E, para fechar, as narinas de muitas pessoas são tão 'calibradas' - se assim posso dizer, que sentem o cheiro de um determinado perfume de longe e conseguem nomeá-lo. Eu, nem de longe nem de perto - sou péssimo! Mas gosto de cheiros suaves.

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 06/09/2014 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02. 

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