LEIA E FAÇA O SEU COMENTÁRIO EM CONTATO  

MÊS MAI 2014 - DIAS 03 - 10 - 17 - 24 - 31 (Textos publicados na minha Coluna 'ESCREVER... É ARTE'.)

QUANDO CHEGAR AO CÉU (31/05/2014)

Outro dia escrevi aqui na coluna sobre a personagem Capitu, da obra Dom Casmurro, de Machado de Assis - inclusive citei que a pior coisa que se pode ter na vida chama-se dúvida. Também, por ofício, promovi um debate em sala de aula e, no finalmente, surgiu a frase - como sempre: 'Se Machado de Assis estivesse vivo...' - pois não está, então...

Então, a partir desta colocação, andei a questionar o que fariam em primeira mão quando chegassem aos céus e recebi várias respostas. Alguns disseram que, se a recepção estivesse a cargo de algum anjo, a primeira pergunta seria: 'Onde estão os nossos Senhores?' - outros queriam imediatamente falar com o Senhor Jesus Cristo, outros com o Pai Celestial, com o Espírito Santo, com os apóstolos, com os mártires da fé cristã. Outros, ainda, queriam - além de tudo que já foi citado - gostariam imediatamente conhecer as ruas da Cidade Santa, a Nova Jerusalém.

Outros que andei a questionar disseram outras respostas e algumas me chamaram a atenção como esta: 'Questionaria se não poderia nascer de novo' - interessante e ao mesmo tempo um pouco integrante (dependendo da fé que você comunga). Ou, creio que muitas mulheres perguntariam ao seu Senhor: 'Por que não tive filhos?' - outras: 'Por que o Senhor levou o meu filho tão cedo de mim? Onde ele está?' - e tantas outras perguntas que num piscar de olhos o Senhor dos senhores responderia.

Eu sou meio - vamos dizer - diferenciado. Pelo menos penso que posso ser. E gostaria de ter audiência a sós com o meu Senhor e perguntaria muitas coisas da minha vida que até hoje ainda não entendi e, provavelmente, passarei o restante dos meus dias sem entender. Perguntaria sobre muitas coisas que há na Terra e não há explicação plausível. Perguntaria ao meu Senhor como funciona o tal amor no coração dos seres vivos, em especial o dos Homens e, dependendo do que Ele me dissesse, gostaria de retornar e vivenciá-lo novamente - pois, dentro dos meus conceitos, vivencio o amor em sua plenitude.

Depois de conversar muito com o meu Senhor, pediria a Ele que me permitisse conversar com alguns homens que me deixaram com dúvidas no coração sobre vários aspectos. Com um pouco mais de ousadia - pois eu e o meu Senhor somos íntimos, pediria que Ele indicasse um dos seus anjos para me acompanhar pelas ruas douradas dos céus e apresentasse alguns homens e mulheres que me deixaram intrigados ao ler suas histórias de vida, ou e até mesmo suas histórias ficcionais - como o tal Machado de Assis.

Mas, antes, ousaria em pedir ao meu Senhor que me explicasse como funciona a mente humana, tendo em vista que o cérebro humano é insondável (muitos cérebros já foram abertos e conhece-se apenas fisicamente, mas o seu funcionamento e sua transferência de conhecimento, se é possível - impossível). Creio que Ele falaria algumas coisas, mas creio que não o todo.

A primeira criatura que gostaria de conhecer seria o tal Machado de Assis - levando em conta o ofício que desenvolvi na Terra - e tendo em vista a polêmica que o mesmo deixou em sua obra Dom Casmurro. Creio que não seria eu apenas, mas muitos - deveria ter uma enorme fila para tentar entender o motivo de nos deixar tão enigmática obra.

E para fechar a minha opinião - em via de regra - deveria ter uma apresentação da resposta em auditório, mas como o cara foi o cara, muitos querem falar pessoalmente com ele...

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 31/05/2014 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02. 

RETRATO DA VIDA (24/05/2014)

Creio que muitos já pararam na frente de um campo aberto com uma casinha lá no fundo, de um quadro, de uma folhinha (calendário), de uma fotografia, de um cartão-postal, de uma imagem na página de um livro ou até mesmo diante da tela de um computador após receber imagens virtuais e passam a imaginar como é a vida naquele lugar - eu faço isso.

E é sabido que de imaginação o ser humano vive - sou humano, logo vivo também de imaginação. De imaginação se faz histórias - e, diga-se de passagem, que muitas mentes férteis criaram belíssimas histórias que perpetuam no tempo. Outro dia, frente a uma belíssima imagem, comecei a sonhar - e não estava dormindo, apesar de dizerem que o sono faz bem.

Antes - depois retomo o retrato da vida - o sono faz muito bem mesmo - pelo menos é o que dizem muitos conhecedores da causa. E os jovens ainda questionam os pais, ou os mais velhos, os especialistas: por que não podem ficar vendo tevê até mais tarde, ou nos computadores acessando as redes sociais de relacionamento?

Possivelmente recomendações dos especialistas: dormir faz bem e, pelo menos, oito horas por dia - principalmente aos mais jovens. Há quem discorda (eu, por exemplo, não necessito de tantas horas assim de sono - conforme o dia, de cinco a seis horas, apenas - por isso há momentos que discordo). Mas, de tempos em tempos, hiberno - e faz um bem!

Conheço pessoas que dizem que quem dorme muito não tem tempo para viver, não aproveita a vida: será verdade? Outros dizem que não é necessário dormir muito, pois na outra vida terá muito tempo para dormir - até demais! Será verdade também? Afinal, como não sou especialista no assunto - nem material nem após a morte, apenas acho que cada um tem a sua medida para o sono: uns para mais, outros para menos, mas uma hora tudo desaba e é necessário tirar o dia para dormir.
Retomando o retrato da vida, em meu sonho de sonhador imaginei muitas coisas através da imaginação: famílias inteiras se confraternizando na hora do café, do almoço, do jantar. Inclusive lembrei-me da canção 'Tempestade', de Gabriel o Pensador: 'Não tenho tempo a perder / a vida é curta para fazer todas as coisas que eu quero fazer' - e como é curta quando se tem muitos projetos em mente! E segue um pouco mais à frente: '(...) estufa a rede, faz um golaço / o lance é ocupar os espaços'. Então, o lance é fazer tudo o que é possível e da melhor maneira possível, mas não se deve esquecer o respeito ao próximo - o amor ao próximo, como pregou o Grande Mestre.

Das coisas que percebi, das coisas que sonhei, descobri que viver é a melhor coisa que se pode ter - e não importa muito se bem ou mal (de preferência bem!) - o importante é viver! E viver com intensidade, com vontade, com amor, com fé que dias melhores virão - mesmo tendo consciência da crise pela qual passamos. E a canção termina: '(...) passei por toda tempestade e sei que toda tempestade passa'. Aliás, como dizem os realistas: tudo passa. Menos o poeta: 'eu passarinho'.

Mas o retrato da vida passa. Nossos olhares passam no tempo. O tempo passa em nossos olhares e, às vezes, dormimos acordados - e aplicação do vocábulo nos mais profundos e diversos sentidos. E não há mais o que fazer para recuperá-lo. Não há! Olhamos para trás e não temos mais o que fazer. A vida passou. Passamos.

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 24/05/2014 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.  

SER HUMANO EM PRODUÇÃO? (17/05/2014)

Muitas pessoas trabalham em determinadas empresas que a sua continuidade - ou segurança no trabalho - depende de sua produção. Neste ponto citamos o que estamos vivendo: o capitalismo. Aliás, dependemos do capital, mas temos que ter a noção do ponto de partida e de chegada de cada situação.

No serviço público é um pouco diferente, principalmente quando se trabalha com o material humano, com o ser humano, com a aprendizagem deste, com a educação deste - com a formação intelectual do homem. A primeira pergunta é: como medir o ser humano em execução de seu trabalho frente a outro ser humano?

Em primeiro lugar: é impossível medir o ser humano - principalmente no fator produção intelectual. Alguns produzem mais, ou produzem menos - tanto em qualidade, como em quantidade. Se pegarmos, por exemplo, a produção textual, alguns escritores escreveram poucos textos, mas de altíssima qualidade, outros produziram muitos textos, mas de qualidade mediana, ou baixa - vamos dizer (segundo alguns críticos). Pensando: quem estabeleceu estas medidas? Ou, ainda, estas medidas são justas? É unanimidade entre os apreciadores da arte da escrita?

Quando se adentra a uma unidade escolar o problema é mais grave do que se pode imaginar - e sabe por quê? Porque alguns gestores querem produção, como se todos desenvolvessem o cérebro, a aprendizagem da mesma maneira. Parece brincadeira o que estou a escrever, mas somente quem vive dentro dos muros escolares para saber o tamanho do resultado que isso está proporcionando, principalmente na rede estadual de ensino do estado mais rico da federação.

Se você, caro leitor, não entendeu o que citei acima, explico: na rede estadual do estado mais rico da federação existe um 'item' de bonificação que os professores recebem uma vez ao ano em sua folha de pagamento (o chamado bônus) e isso faz uma diferença enorme - alguns recebem boas quantias em dinheiro (porque a sua turma, a sua escola, conseguiu atingir determinada pontuação) e outros nada recebem (pois a sua turma, a sua escola, não conseguiu atingir determinada pontuação) - e isso, às vezes, na mesma escola, mas em níveis diferentes de ensino. Explicando melhor ainda: a produção intelectual do ser humano (material de trabalho do educador) está sendo medida de forma igualitária, sem respeito algum com o indivíduo - melhor ainda: os gestores do sistema pregam o direito de cada um aprender conforme o seu tempo, mas cobram de forma igualitária de todos - no mesmo momento, da mesma forma. Então, como entender esta situação?

Aliás, não vou explicar, deixo para o leitor pensar. Mas gostaria de clarear algumas ideias que, possivelmente, não ficaram claras. Quando refiro aos gestores do sistema e que estes pregam o direito de cada um aprender conforme o seu tempo e não cumprem na hora de avaliar, estão pondo em prática um velho dito popular: faça o que eu mando, não faça o que faço! Será que não está na hora da população pensar um pouco na ética? Será que não está na hora da população pensar que só se constrói uma sociedade mais justa a partir de uma educação de qualidade? Todos dirão que já passou da hora...

Logo, para não se estender muito sobre o assunto, fica a pergunta: quando a população moverá os seus membros - e em todos os sentidos da palavra - para buscar soluções para a questão? E a questão aqui que me refiro é a educação. Não se pode viver de promessas, ainda mais em ano eleitoral onde os futuros candidatos aproveitam da situação para tirar proveito dos menos esclarecidos - e, para finalizar e tirar a prova dos nove, como diz por ai, pergunte aos mais jovens se eles têm interesse em ser professor - a resposta é rápida: Deus me livre! Então, pense!

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 17/05/2014 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.   

O ASSUNTO DO MOMENTO (10/05/2014)

Falando em assunto do momento, o que lhe vem à cabeça, caro leitor? Com certeza apareceram vários e, por estarmos perto do dia das mães - que é amanhã, este deve ter pesado muito. Apesar de amanhã ser o dia das mães - que merecem todo o nosso respeito, o que quero realmente falar não é sobre esse dia comercial.

Apesar de não ser o assunto do momento - mas merece destaque especial pelo seu dia que, por sinal, mão é apenas amanhã, e sim todos os dias. A todas as mães, em nome de todos os filhos e filhas, beijos e abraços carinhosos. Aqueles que não a tem mais por perto não devem entristecer, mas manter-se alegre, pois sempre perto há almas bondosas que exercem o papel de mãe - não digo substitui, mas tais almas bondosas passam a exercer a função de mãe - até mesmo o pai.

Retomando o assunto que quero comentar aqui: refiro-me à banana - melhor, o que fizeram a partir dela, ou a partir do não saber como usá-la corretamente. Dizer que não sabem, não podemos manter tal afirmação, e sim que querem fazer atos desagradáveis. E já que a banana é o assunto do momento (que até mereceu grandes reportagens por parte da mídia), temos que levar em conta que ambos precisamos descascar, pelo menos do ponto de vista da lógica.

Em vários programas de tevê, rádio, jornais e revistas, sites e blogs, o assunto predominou por vários dias (é assim que funciona a mídia: vários dias um determinado assunto, até mesmo já esgotado, até outro surgir, passar a dominar e aquele desaparecer - pelo menos por momento): uma banana em campo. Um verdadeiro desaforo - ou não.

Na vida tudo tem um jeito de sair por cima - principalmente aos brasileiros, pois estes são criativos. Mesmo na pior das hipóteses, quando usa da inteligência, consegue saída. O jogador Daniel Alves mostrou com maestria e tirou de letra: descascou a banana que lhe jogaram em campo e a comeu. Penso (e ele também deve ter pensado): por que estragar?

Naquele momento a ignorância foi pisada, chutada para bem longe, talvez para fora dos muros do estádio. E, com certeza, surpreendeu a quem realizou tal ato - até, quando entrevistado, disse que perdoa quem fez tal ato de racismo. Mas, será que é isto que se precisa fazer? Tal atitude vai trazer o quê? - pergunto novamente.

Se o cidadão que a jogou tivesse pensado nas propriedades nutricionais que a fruta traz, não tinha feito o que fez - pense, reflita o que ele perdeu: magnésio, vitamina B6, aminoácido triptofano - no qual a banana é excelente fonte, que é fundamental para a produção de neurotransmissores, como a serotonina, que confere bom humor e tranquilidade. Perdeu ou não perdeu?

E ainda, a banana é considerada um dos alimentos mais completos; é conhecida nacionalmente como calmante intestinal; evita infarto e pressão alta; repõe as perdas de potássio (que é responsável pela capacidade mental); rica em fibras. E você sabe de onde ela veio? Do Sudeste do Continente Asiático e é uma fruta que não possui semente - é um fruto sem fecundação prévia (setenta por cento é composta de água). E, pra terminar, utilizada co muita frequência na culinária.

E, como disse lá no início, é muito assunto para ser 'descascado' a partir de uma banana jogada em campo, pois é daí que muitos comentaristas abordaram as questões do racismo. E, pensando na grande mídia, por que também não falar aqui? E você, caro leitor, o que pensa sobre o assunto? Que falaria do mesmo? Descascaria a banana, assim como os mais diversos assuntos? Então...

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 10/05/2014 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.    

ESCRITOR DE CARTEIRINHA (03/05/2014)

Antes de qualquer resposta, antes do sim ou do não, convido o leitor a pensar sobre a produção escrita - um assunto que tem vários pensamentos: só é escritor quem tem uma carteirinha? Ou, somente quem é reconhecido por uma instituição?
É até engraçado - mas a pergunta apareceu a partir de um dos presentes na última reunião que tivemos, causou risos e muitas reflexões: só é escritor aquele que possui carteirinha? Ou seja, reconhecido por alguma instituição? Ou, ainda, que participa de alguma instituição literária?

Na última reunião da UBE - União Brasileira de Escritores, Núcleo de Araçatuba, realizada no último dia vinte e seis de abril deste ano, na Biblioteca Pública Municipal 'Rubens do Amaral', no calor da exposição 'Literatura e Cultura', pelo professor Hélio Consolaro, a pergunta surgiu - rimos, comentamos, fizemos reflexões. Disse, no dia, que em casa escreveria sobre o assunto. Em casa surgiram mais outras reflexões em minha cabeça.

Pensando, pensando e pensando. Então, as pessoas que escrevem pelo simples prazer de escrever e não por ofício - no Brasil escrever por ofício não é fácil e são poucos que conseguem sobreviver deste ofício - não são escritores? Seria uma afirmativa absurda do ponto de vista da lógica - pois há pessoas que não consideram escritores de ofício e escrevem maravilhosamente bem. Outro fato a pensar: se olharmos do ponto de vista de ser alfabetizado, podemos dizer que todos que sabem escrever são escritores (e não estamos mentindo) - ou estamos?

Seguindo estas linhas acima, como se pode decidir quem realmente é um escritor? Então, pelo meu ponto de vista - digo pelo meu olhar, faço o seguinte comentário: todos que somos alfabetizados somos escritores, pois fazemos histórias. Creio que levantará polêmica, pois há pessoas que conhecem o alfabeto, vamos dizer, aos trancos e barrancos, e como considerar escritor tal pessoa? Pois bem, levemos, neste caso, a construção textual de forma pitoresca - por assim dizer.

Ter ou não ter carteirinha é questão de participação. É sabido que grandes nomes da literatura nacional e internacional não participaram de clubes de escritores, de instituições literárias, e fizeram grandes obras que perpetuam nas gerações. Mas, digo, a participação em instituições literárias ajuda - principalmente nos dias atuais - a fazer os textos correrem por vários olhares.

Então, como responder a esta questão? Creio que o melhor a fazer é deixar em aberto - sem resposta. Mas algo tem que ficar claro: ser escritor é trabalhar efetivamente a palavra - e não imaginar que escrever é simplesmente ter inspiração, mas sim transpiração - ou seja, trabalhar as ideias através das palavras - como disse o poeta Carlos Drummond de Andrade, em Procura da Poesia: 'Penetra surdamente no reino das palavras / Lá estão os poemas que esperam ser escritos'.

E é válido lembrar que todos os que procuram escrever devem começar a escrever a partir de onde vivem e depois partir para o regional, nacional, universal - os assuntos podem e devem ser de âmbito universal, mas partindo sempre do conhecimento vivenciado - ou de muita pesquisa sobre o assunto. E acrescento: ler muito favorece o ato de escrever

Outro sim e para fechar, valorizar o local faz parte de um aprendizado que marca a vida de qualquer ser - inclusive daquele que lê, pois lhe é familiar, logo, de fácil compreensão. Vale lembrar a palavra 'glocal': de global associado ao local em que se vive.

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 03/05/2014 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.     

© 2016-2025 Escritório: Avenida das Casas, nº Das Portas, Araçatuba - SP
Desenvolvido por Webnode
Crie seu site grátis! Este site foi criado com Webnode. Crie um grátis para você também! Comece agora