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MÊS OUT 2011 - DIAS 01 - 08 - 15 - 22 - 29 (Textos publicados na minha Coluna 'ESCREVER... É ARTE'.)

A CONSTANTE PROCURA DA ALMA GÊMEA (29/10/2011)

A situação nos dias de hoje - aliás, desde tempos atrás, é problemática. Cada vez mais o ser humano procura o outro - e, às vezes, depara-se com o que costuma chamar de alma gêmea. Mas nem sempre pode ser visto assim, pois o que pode parecer nem sempre o é.

E assim começa: no olhar o brilho - talvez a procura de alguma lembrança. Quem sabe um encontro que há muito tempo era desejado: possíveis almas gêmeas. No momento - o coração - cobrava decisão. Necessitava urgente de uma escolha - mesmo que mais tarde o arrependimento batesse.

Via-se um no outro. Via-se - mesmo sabendo que a separação poder-se-ia ser inevitável. O proteger-se (ou, a outro a proteção dar) levava ao ato de não enxergar, ou - ao que pode ser dito: faltava coragem para viver! E viver no mais amplo sentido da vida. Vivia apenas de lembranças - felicidade à distância, vigiada, fragilizada.

Dorme. Acrescenta-se, ainda, um vulto a seguir; tentava esconder; passos, desespero. Portas são fechadas. Espia - sombra! Põe se a gritar - ninguém ouve. Olha pela janela: desesperadamente tenta fugir nos pensamentos confusos. Desperta - o suor escorre-lhe pelas faces; volta a dormir. Volta a sonhar: quer ser amante - quer ter um coração farto de amor; brincar com fogo; sufoco - pouca saída à paixão que queima e une os amantes na arriscada caminhada entre os mais ocultos e obscuros segredos. Desespero novamente, loucura; medos e incertezas; pactos; magia, emoção; vontade de viver: felicidade intransferível - mesmo que momentânea.

O dia amanhece e com ele muitas incertezas continuarão a existir. As mudanças ocorrerão - talvez golpes inesperados, indesejados; provocados. Talvez seja a hora do 'recomeçar'. Do despertar para a vida, ressurgir das cinzas, do encarar-se de frente e de forma corajosa - tirando forças de onde, possivelmente, pareciam esgotadas, mas possível ao que crê. E, no palco da vida, embora o espetáculo já tenha começado, apesar do riso ou do pranto, mesmo que a dor se apresente - talvez até de certo modo passageira, há alegria em viver. Flores na janela - sorrir, cantar, escrever. Viver!

Homem. Mulher. Na indecisão: ama! Teme, treme! Teme pelo presente; treme pelo que pode vir a acontecer. Mas ergue-se sempre - e desde os tempos mais antigos que se pode imaginar. Muda, mas não perde a essência do ser humano. Por isso é humano.

Na ânsia de voar, de sentir-se livre, de possuir o vento - voa longe na contramão do tempo: aparelha-se ao outro, depois aos outros, e mais outros, pois só assim o vôo fica mais leve - cansa menos, assim como os pássaros em forma de 'v'. Deixa, momentaneamente, de ser livre - e encontra no outro uma parte de si, de felicidade - algo incomum, inexplicável! Duradouro, ou não, talvez seja a maior questão a se pensar.

As horas passam, e com elas os dias, os meses, os anos - a vida! E passa velozmente que poucos perceberam que ela passou - mas passou! Em alguns as marcas foram deixadas visivelmente - pois alguns legados aos homens das futuras gerações deixaram. Outros, porém, apenas passaram. Apenas passaram.

E a situação continua de forma problemática, pois o ser humano anda sempre a procura da sua alma gêmea - e que muitas vezes encontra-se tão perto, mas tão distante ao mesmo tempo, principalmente de se enxergar.

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 29/10/2011 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.    

SE FOSSEM DUAS... (22/10/2011)

Há muitas coisas na vida que, se fossem duas, muito se faria valer. Não que uma seja pouca - ou insuficiente, mas é de se pensar - e ainda mais quando se fala em pessoas com boas qualidades. Quando se trata do oposto, se diz que uma já é o suficiente - para não dizer outra coisa.

Estava eu sem fazer nada e, ao mesmo tempo, pensando no que escrever: mas nada de concreto me vinha à mente. O dia passou velozmente - os afazeres diários consomem rapidamente cada valioso segundo. A noite chegou e com ela o lado pessoal (não de trabalho): deleitar nos braços da vida.

Mas tardava-me a vir ideia de sobre o que escrever - e o cronista, quando não tem sobre o que escrever, o nada passa a ser tudo. Interessante, e ao mesmo tempo útil. O tempo passava velozmente, a hora da entrega se aproximava - e nada. Sabia que lá no fim do túnel, possivelmente, haveria uma salvação. Resolvi ligar para amigos próximos, pois quem sabe trocando palavras o assunto surgisse: fiz cerca de sete ligações.

Alguns me atenderam de forma desconfiada - pois a primeira pergunta que ouvi foi, após o boa noite: 'Aconteceu alguma coisa?' Por que as pessoas pensam em algo trágico quando alguém liga - e não se tem o costume de ligar? Outro ponto a se pensar (pois poderiam pensar em algo positivo, alegre). Dizia que não era nada, que apenas estava ligando para dar um salve - como diz a mocidade de hoje. Outros, apesar de poucos (dois), ficaram felizes - ou menos preocupados com o que tinha acontecido para que eu ligasse. O ser humano é complicado.

E destas ligações cheguei à conclusão que algumas coisas e alguns seres humanos deveriam ser - sem tirar nadinha de nada - duplicados. Esquisito - mas ao mesmo tempo interessante? Clonagem - possivelmente, e por que não?

Há coisas que muitas pessoas querem ao mesmo tempo - pode ser complicado, mas às vezes é possível - porque são coisas. Mas há pessoas que também desejam pessoas que, por sinal, são desejadas por muitas outras pessoas: o que fazer? Eis a incógnita que não sabemos, ainda, decifrar. É fácil querer outra pessoa, mas não é fácil, por exemplo, disputar as pessoas.

Quando se parte para a disputa de pessoas complica-se muito, geram conflitos - e, às vezes, até morte pode sair. Não se é possível saber o que existe dentro da mente humana, pois se soubéssemos seria fácil do homem ser pacificado. E as disputas pessoais implicam em consequências que levam o próprio homem ao precipício.

A clonagem, se bem digerida dentro da sociedade - e, é claro, de sucesso em suas realizações - seria uma excelente saída: terminaria os problemas entre casais somados a mais alguém - o famoso triângulo amoroso! Creio que alguns pactuariam comigo essa bandeira - estranha a ideia, mas não é de jogar fora. Exceção: alguns já pensariam que não deveria clonar os chefes - principalmente aqueles que não possuem competências! Ah! Não poderia esquecer: não deveriam clonar os maus administradores dos bens públicos.

E, retomando a ideia exposta no título - se fossem duas - ficaria feliz em ter amigas duplicadas, pois estariam estas com outras amigas e comigo ao mesmo tempo; algumas mulheres duplicadas - pois, com toda certeza, algumas eu deixaria aqui! E você, já pensou em se duplicar?

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 22/10/2011 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.     

AS FLORES NAS JANELAS ESTÃO EM EXTINÇÃO (15/10/2011)

Flores na janela. Sim, mas por que em extinção? Muitos já escreveram sobre este assunto, mas partindo também deste ponto de vista tentarei falar sobre perspectivas diferentes - tentarei. Ganhei flores e as coloquei na janela do meu apartamento: sinceramente, ficaram lindas!

Foi no decorrer desta semana que ganhei tais flores - dois pequenos vasos de calanchoe - nome científico - kalanchoe: flor da fortuna, como uma amiga me disse. Ganhei-os de onde trabalho: vermelho e amarelo-limão: até numa brincadeira meio que disputada. Em um café oferecido pela instituição sentei-me só numa mesa e quatro amigas vieram depois; conversamos, deliciamos com o café oferecido e depois elas discutiram sobre quem levaria a flor no final - mas decidiram que eu levaria para não dar conversa, mas no final do café foi oferecido a cada participante um vaso semelhante - saí no lucro! Dois vasos da fortuna. Possivelmente fortuna ao quadrado - ou material ou espiritual! Melhor assim.

Esta semana havia flores por todos os lados - inclusive a semana era propícia para que as mesmas aparecessem mais belas ainda do que o comum: dia da criança, festas religiosas, dia do professor. Precisa de mais? A criança, em sua essência, é uma flor que, não muito distante, se abrirá - e enquanto não acontece, é o que mais puro se tem nesta face de terra. Religiosidade: é preciso - ninguém há de negar, pois o homem sem um guia espiritual, praticamente, fica sem ponto de referência - apesar de muitos, sei bem, contradizerem o que acabo de escrever. Quanto ao professor: parágrafo à parte - creio que escrevo aqui não por ser professor, mas por ser um cidadão em primeiro lugar.

Ser professor não é privilégio de poucos, mas de todos - de todos os seres humanos, pois desde os primórdios da civilização os conhecimentos foram passados através dos chefes, que na verdade eram os mais velhos, mestres, professores - guardiões do saber. Os tempos foram passando, modernizando e - nos dias atuais - professor está extinção. Professor no sentido mais puro da palavra (e moderno): aquele que ensina ou transmite algo, que transmite conhecimento - e não é difícil saber: basta olhar as condições da humanidade nos dias atuais e perguntar, principalmente ao jovem, se ele quer ser professor. A resposta é rápida (pelo menos para os maiores, pois os menores ainda possuem a doce paixão pelo aprender): "Deus me livre!" - e alguns ainda acrescentam os porquês: desvalorização salarial, falta de apoio da própria sociedade, falta de educação dos próprios alunos.

E precisaria mais argumentos para dizer que os mestres estão em extinção? As flores nas janelas estão extinção! E, se não houver mudanças, em breve não existirão mais profissionais qualificados...

Possivelmente vai ficar pior (salvo se nossa sociedade fizer alguma coisa)! Há lugares/cidades que determinadas matérias não possuem mais profissionais capacitados. O que fazer? Seria já a hora, creio que até já passou da hora, da sociedade cobrar por melhorias na educação, pois cidadãos mais qualificados, melhores serviços poderão oferecer dentro da comunidade. Aliás, ganham todos - inclusive o próprio cidadão em exercício.

Mas o que fazer para que a sociedade acorde e cobre de seus governantes as melhorias necessárias para o bom desempenho de todos? Cobrar, cobrar, cobrar - será esta a questão? Será esta a saída? Ou, não, melhor: temos que lembrar que o próximo ano é eleição e está na hora de analisarmos friamente cada proposta. Ser, ou não ser, estar pronto para votar, ou não, eis a questão. É de se pensar.

Aos mestres desta imensa nação brasileira, amigos, desbravadores do cérebro humano, o mais digno e sincero voto de bravura por desempenhar função primordial em seus respectivos postos de trabalho. Salve os professores! Salve os professores.

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 15/10/2011 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.      

REFLEXÕES DE MUNDO (08/10/2011)

Tempos modernos - será? Ou podemos caracterizar de maneira diferente? Ou está na hora de parar, pensar, refletir - agir? E este último, agir, é um problema constante em nossos dias: muitas coisas pedem ações.

Muitos se importam apenas com o que os outros pensam - não pensam em si. Esquecem do seu eu interior que clama por socorro, um socorro rápido antes que desfaleça sufocado, tendo em vista a atual sociedade consumista; alienada.

Outros pensam que nasceram em mundo errado, ou melhor: em época errada. Errada do ponto de vista da vida cotidiana que é lamentável, alarmante, assustadora, preconceituosa, dominadora, estúpida. As pessoas estão preocupadas o tempo todo com o que o outro pensa, com o que a moda dita, com o que toca na mídia, com o palavreado - com as gírias do momento; talvez medo de ser discriminado, ridicularizado - mas esquecem de si. Pior: esquecendo de si, do seu lado positivo, também esquece o outro e do outro - tornando-se uma escala.

Não se preocupam em adquirir culturas e tradições - estas, por vez, acabam se perdendo (ou, poucos as cultivam). Não reivindicam seus direitos de saber; esquecem os ideais. Esquecem de denunciar, de ultrapassar os limites; esquecem de lutar, de protestar, de provocar. De valer de seus direitos. Nota-se muito conformismo.

Às vezes, como poucos, penso que estou vivendo em época errada - nasci em época errada, talvez. Gosto de ser, de estar, de ficar. Penso muito em mim; no respeito ao próximo, na troca mútua - no que os outros pensam sobre os outros. E pensar assim já é visto como um fato complicador. É visto como um ser fora do comum.

Já pensei diferente... Mas agora penso nas coisas simples da vida, como uma canção do Cartola, um clássico de Machado de Assis. Ou, mais profundo: um texto de Clarice Lispector. Pensar diferente sem deixar do lado o meu ser, pois o meu eu vale muito - e, na sociedade, na maneira do possível, deixar a minha marca. Defender os direitos à cultura. (Enxergam-me, talvez, como um ser que está totalmente fora de órbita, por assim dizer, mas tenho que ser, que estar...)

As pessoas, às vezes, nos tiram do chão - e por inúmeras razões: positivas ou negativas (o que depende muito do olhar). Quando negativas, perdemos tempo tentando analisar - mas jamais conseguiremos entender a alma humana, principalmente a alma feminina - que, a meu ver, é inexplicável. Quando positiva: é tudo de bom: é felicidade, é paz e amor - amar e ser amado; é a valorização do próprio sentimento, a valorização do próprio ser.

Logo, todos os itens acima são, de maneira geral, o ser humano - o ser humano em suas diversas versões - se é que assim se pode dizer. Tais versões levam tanto ao prazer, como ao desprazer. O prazer deixa qualquer um em alto astral, se opondo a falta deste. É uma reflexão sobre o hoje, que, possivelmente, vai ser diferente do amanhã.

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 08/10/2011 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.

A FORÇA DA IMAGEM (01/10/2011)

Outro dia estava a ver algumas imagens e dei-me conta que tudo depende do olhar; da posição do olhar frente ao que se olha. Melhor: da formação cultural de cada um.

As imagens citadas no parágrafo acima - que me deram essas poucas linhas, são de Araçatuba - uma quantidade enorme que oferece anos de trabalho a um pesquisador. Fotografias digitalizadas, sem data, sem identificação. Esse arquivo chegou às minhas mãos por meio de uma amiga de profissão, não da minha área de atuação, mas de História - lembranças da professora Mônica.

Tal material tento organizar - e, quando estiver pronto, ficarão expostas em um blog especial para este assunto. É extenso: quase seiscentas imagens que, historicamente, é a vida de minha cidade. É a minha vida - a nossa vida, araçatubense. Usei-as nestes últimos quinze dias, nos Cursos de Turismo e de Crônicas - Resgate da memória de um povo, do nosso povo. Em ambos os cursos há pessoas com boa idade de vivência: imagine você quantas boas histórias escreveram! Sem falar nas boas conversas trocadas a cada foto que passava. Um verdadeiro resgate da memória dos araçatubenses.

Algumas já foram possíveis de leitura e chamaram-me a atenção. A crônica escrita por Antônio Roberto Almeida, por exemplo: 'Araçatuba nos tempos - esporte'. Esta conta a história do time Canarinho - AEA - Associação Esportiva Araçatuba, que foi fundada no dia 15 de dezembro de 1972, que fez parte da elite do futebol paulista, tropeçou, caiu, despencou... Talvez, como cita o cronista, pela má administração.

Ainda, cito outra crônica - escrita por José Hamilton da Costa Brito: 'Olhe a rua e verás o mundo'. Esta pelo motivo simples: emoção! Que não é tão simples assim. Solicitei, após assistirem aos slides das fotografias citadas acima, que escrevessem uma crônica de memórias e, no final, que lessem - e, ao lê-la, a emoção do cronista foi enorme. Fico imaginando o que lhe ocorreu do momento da escrita. Esta narra parte de sua vida na rua Bandeirantes.

Também em tempo, duas crônicas sobre os trilhos que Araçatuba perdeu. A primeira, escrita por Marianice Paupitz Nucera: 'A estação ferroviária'. Esta é uma verdadeira viagem no cruzar dos trilhos, à beira da Avenida Mário Covas, a autora se depara com o passado: e, no lugar do asfalto e dos carros, vê os trilhos e as locomotivas e seus vagões - sem esquecer o almoço delicioso no restaurante da composição - um bom e inesquecível bife a cavalo. A segunda, escrita por Ana de Almeida dos Santos Zaher: 'Caminhando nos trilhos de Araçatuba' - a cidade que a cronista diz conhecer a partir da sua juventude, mas que sempre estará em seu coração: 'Hoje caminhando nos trilhos da imaginação vem a lembrança nítida de vários episódios reais nos trilhos de Araçatuba, até meus pés ficaram firmes e minhas mãos tocando a realidade tão bem vivida e que será mesmo inesquecível'. E acrescenta que o tempo faz a mudança, necessária, e que as imagens passarão a fazer parte do álbum de família.

E o poder da fotografia não para por aí. É um recorte da realidade - seja pelo fotografar de uma obra de arte, ou pelo click de uma máquina fotográfica - que me fascina! Fico imaginando coisas - quando é uma tela, o momento da criação; quando do click da máquina fotográfica, o ângulo - que poderão existir por trás de tudo que a luz, ou a falta da mesma, proporciona.

Será, a imagem, ilusão? Ou... Não sei realmente o que pensar, o que discorrer sobre. Mas que me fascina - não posso negar!

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 01/10/2011 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02. 

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