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MÊS JUN 2016 - DIAS 04 - 11 - 18 (Textos publicados na minha Coluna 'ESCREVER... É ARTE'.)

A VIDA QUE PEDIMOS (18/06/2016)

Nem sempre temos tudo o que queremos, nem sempre temos a vida que gostaríamos de ter, sempre estamos 'vivendo a procura de' - vivendo a procura desta vida - da vida que gostaríamos de ter. Poucos valorizam o que possuem - na maioria das vezes, como diz o velho ditado, o pasto do vizinho é melhor que o nosso, ou seja, as coisas do outro são melhores que as nossas (ou não sabemos valorizar o que temos?).

E nesta correria de procurar, se vamos encontrar ou não - é outra questão - vamos esquecendo de viver. E, quando menos esperamos, ela chega, não pede licença e leva-nos - e não há retorno, muito menos pedir para ela dar mais um tempinho e voltar depois. Não existe papo diante desta situação... E sabemos que é o fim de todo humano, mas o que nos aflige mais é não sabermos quando isso acontecerá... Será que conseguiremos colocar em prática todos os nossos planos? E a eterna dúvida rege-nos com tanto veemência que nos atordoa. Lembrei-me de Capitu e Bentinho - a eterna dúvida...

E no nosso esquecimento de viver (mesmo que sabemos que precisamos dar valor ao que temos) deixamos de fazer muitas coisas - a começar, quando se tem família, pelos filhos. O trabalho nos envolve de tão grande forma que esquecemos que eles estão a nos esperar. Crescem rapidamente e não curtimos os pequenos, mas estávamos envolvidos no trabalho para proporcionar a eles melhores coisas.

Outro dia recebi um vídeo e fiquei pensando na realidade ali expressa (e a partir deste vídeo fiz as citações acima). E precisamos pensar muito sobre porque não paramos para ler um livro para os pequenos, não paramos para brincar, para passear, para rir um pouco com eles - e, somente lá na frente que enxergaremos o mal que cometemos. E pior: cometemos o mal aos pequenos e a nós mesmo. Como evitar? Como corrigir?

Creio que não há como corrigir - o importante seria não fazer; evitar. E deveras vezes fomos avisados - a própria vida também nos encarregou de avisar. Amenizar, depois deles grandes, não é o remédio. Não adianta querermos ler a eles um livro - não nos escutarão mais; não adianta mais querer brincar - já passaram da díade; não adianta querermos passear com eles de mãos dadas - já somos velhos, caretas (poucos aceitam); se fazemos alguma graça que geraria riso quando pequenos, dizem: 'Esqueceu que já crescemos, papai?' (e, às vezes, até de forma irônica) - e a situação vai se complicando mias ao passo que queremos corrigir.

Deixou-nos escrito a poetisa que 'se a gente cresce com os duros golpes da vida, também podemos crescer com os toques suaves da alma' - logo, porque não fazer o caminho mais suave que o enfadonho? Por que não viver o mais pé no chão, como dizem por ai, que os sonhos quase que inatingíveis do mundo do trabalho? Por que não viver o agora? - O amanhã ainda não chegou (e, para alguns não chegará!).

Há situações e há situações. Algumas que se fazem necessárias um trabalho árduo, pesado, contínuo, mas vale muito separar tempo para os pequenos. Se estiveres duvidando, peça aos pequenos para dar uma nota avaliativa ao seu desempenho nos quesitos tempo, leitura, brincadeira, riso... E você, caro leitor, será surpreendido. Eles dão notas de medianas para baixo pelo desempenho. É ou não é de se pensar? 

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 18/06/2016 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02. 

HÁ ANOS ERA ASSIM (11/06/2016)

Há quase duas décadas a situação do lugar era calma. Calma por um lado - pouco movimento, gritante por outro - deixando sempre a desejar. O mato cobria tudo, e apenas um caminho sinuoso cortava o chão batido, ora levantando uma rica cortina de poeira, ora atolando os carros que por lá tentavam passar.

De repente placas foram colocadas no local e estas avisavam um loteamento. Máquinas e mais máquinas foram chegando, e homens e máquinas foram se misturando. Tudo num breve espaço de tempo foi limpo, ruas riscadas e plainadas, lotes demarcados. Visitantes e mais visitantes, somados aos curiosos, foram se achegando.

As obras continuavam a todo vapor. Postes foram sendo instalados de espaço em espaço e, de braços abertos, recebiam os quilômetros de fios; depois, nos braços enormes - como nariz de Pinóquio, as lâmpadas tomaram os seus respectivos lugares e, num de repente, tudo ficou iluminado - e, com isso, até a senhorita Lua perdeu um pouco do seu brilho e encantamento.

Não demorou muito e enormes tubos de cimento foram sendo colocados ao longo das ruas, depois um sendo ligado ao outro: água e esgoto. As galerias montadas, e lote a lote sendo ligado - e o progresso preto também não demorou: a massa asfáltica deixou tudo de fácil acesso: a poeira sumiu e o atoleiro também.

Os lotes, até então vazios, foram pouco a pouco sendo tomados/comprados. E os brutos, de todos os lados começaram a chegar carregados de materiais de construção: tijolos, blocos, areia fina/grossa, cal, cimento, ferragens; lajotas para o teto, madeira, telhas; revestimento interno e externo. E o loteamento foi tomando forma. E os anos foram se passando e os investimentos, tanto público como privado, também se apossaram do lugar - com um tanto de atraso, principalmente os investimentos públicos.

Agora digo: presenciei todo o relato acima. Vi tudo isso sair do papel, virar realidade. Vi tudo nascer, crescer e - num de repente, me ausentei do lugar por um espaço de aproximadamente - para mais ou para menos, de oito anos. Erradamente, por muitos caminhos, passei. Aprendi muito com a vida, mas esta também me deu o prazer de voltar há poucos dias ao mesmo lugar. E voltar de forma definitiva e notar que tudo muda constantemente.

E as mudanças constantes fazem com que os seres humanos evoluam, e na maioria das vezes de forma positiva (apesar de alguns não quererem crescer tão espontaneamente... - precisam de uma pressãozinha sempre!). Voltei, refiz o caminho, dei volta por cima de tudo - como se estivesse a começar do zero: da compra do pequeno pedaço de chão - ainda na poeira do estradão, como diz determinada canção.

Olhei em volta e tudo estava diferente do início do caminhar naquele pedaço de chão. Refiz a minha vida também. Sentei-me calmamente e fui olhando tudo como um filme em preto e branco e, de repente, este foi tomando cor - e hoje o filme de minha vida já tomou cor por completo: as mais belas cores que a vida pode oferecer. Pérolas pelo caminho: sei que ainda vou colher muitas. E, quem sabe no caminhar, talvez no limiar do Tempo, uma pérola se aparelha ao meu ser e, divinamente apaixonada, caminharemos juntos.

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 11/06/2016 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02. 

LIÇÕES DA VIDA (04/06/2016)

Esta semana a vida passou-me mais alguns ensinamentos. E a partir deles, depois de saboreá-los com gosto, de passar a praticar alguns com maior vigor ainda, passo a escrever sobre as lições aprendidas, apreendidas - e vale a pena saborear o que a vida nos ensina. Porque na maioria das vezes apanhamos e aprendemos a duras penas.

Mas, para entender o que passo a escrever, o melhor é contar histórias. E a história que imaginei é a de uma mãe que nunca deixou o filho (a) em casa e resolve, depois de uma boa conversa, tirar três horas da noite para si - isso depois de mais de ano sem sair. E lá foi ela curtir um espaço cultural. Ao andar pelo espaço cultural depara-se com atividades e brinquedos para o filho (a) - e os olhos enchem-se de lágrimas. Enxuga as lágrimas que teimam em descer - pura emoção! Ela totalmente emocionada. Eu, aqui em meus pensamentos, emocionei também. Sentimento de mãe não tem preço!

Passado alguns momentos, a minha imaginação foi um pouco mais longe - e ainda sobre o assunto do parágrafo anterior: gostaria de estar vivo daqui a alguns anos e relatar ao filho (a) que, conscientemente saberá valorizar o papel de mãe - que deixava tudo de lado para cuidar exclusivamente dele (a) e que, mesmo saindo depois de mais de ano, sentiu-se - talvez - com uma pontinha lá no fundo de remorso por deixá-lo (a) em casa.

Mas não é só isso que aprendi esta semana, melhor dizendo: a vida não marca hora conosco para pôr um ponto final nela mesma - aliás, já sabemos sobre. Mas quando temos pessoas de nosso convívio envolvido, fica meio complicado. E quando isso acontece com os que estamos envolvidos, ficamos mais 'espertos' em nos cuidar. E é com pesar que registro aqui a perda de nosso amigo Argemiro Luciano (o Argemiro da Lagoa das Flores), companheiro da militância política no PRTB, que nos deixou na última quarta-feira. Um cidadão respeitado, que lutava por uma Araçatuba melhor.

Citando mais outro aprendizado - e lendo tudo que escrevi, acrescento que estamos aprendendo, apreendendo, todos os dias, mesmo que sejam as mesmas coisas, mas de modo diferente - e, sendo assim, percebemos que as pessoas mudam (que bom!) e, na maioria das vezes, para melhor. Evoluem, tornam-se - às vezes, - verdadeiros camaleões. Nas décadas de 70, 80, 90 os jovens tinham suas tribos fixas: punk, metaleiro, dark, new wave, careca, rockabilly - entre outros, e os jovens de hoje vivem como camaleões - fazem adaptações rapidamente - mundo globalizado. Mas o aprendizado que cito a partir das explicações acima é que encontrei uma amiga há poucos dias, da época da Faculdade, e éramos bem 'caras fechadas', mas estranhei sua atitude quando a encontrei. Estranhei e, ao mesmo tempo, fiquei feliz porque tanto ela como eu, simplesmente mudamos. E para melhor... Resolvemos sair, conversar, e foi bem interessante... O tempo passa, a idade chega... E a companhia é o melhor remédio!

E com os ensinamentos aprendidos, apreendidos nesta última semana, sei que a vida pode ser mais leve, tanto pra mim, como para os leitores que tenho. Viver - como sabemos, é uma arte - e a arte só é boa quando praticada, quando bem feita, com sabedoria e técnica. Assim é a vida a nos pedir: sabedoria, técnica! Acrescido dos demais dons: paz, amor, longanimidade, entre outros dons que poderíamos acrescentar - mas, sobre tudo a fé, que devemos cultivá-la, pois esta é como o grão de mostarda - a menor semente entre as sementes, mas que cultivada pode germinar e tornar-se grande, talvez a maior entre as hortaliças.

Prof. Pedro César Alves - Publicado em 04/06/2016 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.  

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