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MÊS SET 2010 - DIA 25 (Textos publicados na minha Coluna 'ESCREVER... É ARTE'.)
A MORTE DA BORBOLETA (25/09/2010)
Muitas vezes pensamos na morte como um ato triste, fúnebre - mas na verdade, pelo menos para nossa cultura, é (para outras culturas nem tanto). Outro dia pensei na morte da borboleta - claro que a partir de um simples fato.
Caminhava eu pelas ruas da cidade quando, ao cruzar uma avenida, a pobre da borboleta não desviou - entrou na contramão e eu também não consegui desviar da mesma. Apesar dos pesares: borboleta laranja, com pintas pretas saltitantes, fatal!
Fato simples, mas que leva a pensar - não pelo simples fato de pensar, mas pelo simples fato da vida não passar de segundos - claro que ao pé dessa eternidade que se consta aos olhos dos estudiosos do planeta.
A mesma - mesmo eu tentando desviar - chocou-se contra o meu automóvel e caiu a poucos metros. Caiu já sem vida. Doeu-me o fato dela cair. Olhei pelo retrovisor: lá estava ela estendida ao chão: asas juntinhas e o corpo tombado, sem vida. Somos assim também - e em muitas situações.
Somos insolentes: nem voltei para dar assistência, não fui enterrá-la, ou pelo menos avisar os parentes - consolar os amigos... - como somos! E isso acontece com todos os humanos.
A dor alheia não pesa tanto - ou pesa? Ou escondemos os sentimentos para tentarmos sobreviver nesse mundo 'quase sem porteira'? A reflexão nem sempre evidencia a razão, mas por vezes a emoção também aflora. E quando uma ou outra aflora, sempre temos os problemas à tona. Esse vir à tona é o fator complicador.
A morte da borboleta
é apenas um fato gerador - simples, mas é. A vida em si deve ser repensada,
desfrutada com valor. Usar a razão, mas também dar evasão a emoção - afinal,
como diz o cantor: "somos humanos!".
Prof. Pedro César Alves - Publicado em 25/09/2010 - em O LIBERAL REGIONAL, Caderno ETC, p. 02.